-Você sabe o que existe aqui?
-Tudo lhe parece risível, visível e palpável.
- Estúpido! Bossal!
- Tudo é aparente. Perene e aparente.
- Ilusões flutuam em forma de nuvens , chuvas e
fumaças...
- Ei! você... É você mesmo, que ainda solerte
finge não me ver...
- Ei ! Não me ignore. Pois por debaixo de tantos
olhos são ainda mais palpável do que você vê.
Existe, coexiste, insiste.
Xiste.
Querubins.
Quimeras.
- Você sabe o que existiu aqui?
O que essas paredes presenciaram impassíveis.
Impávidas, pintadas tantas vezes.
Alguém ainda se lembra de sua cor original?
Paredes claras, com ligeiras marcas de mãos humanas, mãos infantis...
Vou me embora.
Estou indo embora junto com sua pouca percepção de tudo.
Com o resto de palpável que você crê.
anjos existem conspirando nos cantos de igrejass
e no silêncio sacro dos santos a tramar,
uma procissão
a saírem dos andores, e pularem no abismo do ex-paraíso...
você ainda está, aí?
sorrindo, chorando,
fingindo que o que você faz é viver...
passar o tempo não é viver.
envelhecer não é viver.
saber tanta coisa,
também não é viver.
Afinal , o que será mesmo viver?
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por bilhetes,
ou por mensagens insanas escritas
com batom no espelho da alma.