No próximo dia primeiro de Maio será comemorado o 118º aniversário do Dia Mundial do Trabalho.
Nesses anos que se passaram desde a primeira comemoração (de luta e luto) muitas coisas mudaram para melhor, muitas conquistas foram alcançadas pela classe trabalhadora, entretanto parece-nos que em alguns países nos últimos anos aconteceram novos retrocessos. Em alguns países orientais (exs: China, Coréia do Norte e do Sul entre outros), as condições sub-humanas fazem dos trabalhadores verdadeiros escravos, pois eles trabalham mais de doze horas ininterruptas por dia e infelizmente não têm o direito a reclamações, tal a necessidade e a competitividade nos setores produtivos. Alguns são proibidos até de usar os banheiros em horário de trabalho.
Na África e na América do Sul o trabalho também não é remunerado com honestidade pelos empregadores ambiciosos. Leis não são cumpridas. As condições de trabalho são hostis e perniciosas.
No Brasil, ainda não conseguimos atingir as condições ideais de trabalho. A falta de empregos principalmente para os jovens, cria uma competição desestimulante e árdua que motiva os empregadores desonestos a burlar leis, não pagar os salários devidos e principalmente, obrigar os trabalhadores a cumprir horários excessivos e desgastantes.
Não é raro vermos em noticiários de jornais e emissoras de televisão os crimes cometidos por tabalho-escravo. Os trabalhadores rurais são as maiores vítimas de tais barbáries. Sem moradia, sem a alimentação e indumentária apropriadas, eles são obrigados a cumprir as ordens patronais e pior; ficam impedidos de reinvidicar qualquer benefício.
O trabalho infantil também é extremamente preocupante. Principalmente nas regiões norte e nordeste, crianças com pouco mais de cinco anos de idade são obrigadas a realizar trabalhos pesados e perigosos para ajudar nas despesas das famílias que vivem na miséria absoluta.
Por outro lado, alguns Sindicatos e Associações Trabalhistas têm infiltrados nos seus quadros diretores, indivíduos aproveitadores e manipuladores de seus associados. Usam de uma “retórica socialista falsa e desonesta” para tirar proveitos financeiros e outros benefícios em causa própria. É necessário uma atenção especial para não nos submetermos a falsos líderes trabalhistas imbuídos de interesses políticos e comportamentos mentirosos.
As “greves” propagadas por alguns, não nos parece ser sempre a melhor solução, mas a mobilização pacífica e as reinvidicações junto ao poder público podem ser os caminhos apropriados. Precisamos cobrar e fiscalizar o governo e seus ministérios, exigindo o cumprimento da Constituição brasileira. Em uma democracia, o direito ao voto nos permite dizer de nossas insatisfações e desejos. Jamais devemos nos vender aos corruptos e inescrupulosos que fazem propostas indecorosas com promessas ou compra de votos.
Para que se possa comemorar o Dia do Trabalho é necessário que exista trabalho. E enquanto isso não acontece seria bom relembrar que na verdade o Dia 1º de Maio foi instituído não como comemorativo, mas como um dia de luto e de luta como disse Perceu Abramo – “A história do Primeiro de Maio, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução de jornada de trabalho, mas também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade”.
Concluindo: Pensamos que não é hora para comemorações, mas é hora de reflexão e luto. Não podemos aceitar a péssima educação de nossas crianças e a falta de preparo de nossos jovens. A juventude brasileira, respeitando as exceções privilegiadas não é habilitada para atender as necessidades tecnológicas exigidas pelo mercado e acabam sendo obrigados a enfrentar o trabalho informal (setor quaternário), quando não são aliciados e por falta de oportunidades ingressam no tráfico de drogas.
As festas comemorativas que porventura acontecerem serão mais uma cortina de fumaça para esconder os desmandes de nossos governantes.
Sr. Presidente e Senhores Ministros, o próximo primeiro de Maio não será alegre, pois estamos de luto!
27/04/2007
Paulo M.Bernardo
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O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época.
Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.
Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalho.
Fonte: IBGE / Ministério do Trabalho
Pesquisa em: www.culturabrasil.org.br