rebuscar entre o belo e o horrível,
desmontar a razão, destruir o receio,
eis o que almejo: desnudar o incrível,
enviando deus para o vão donde veio.
desalojar-te, ó bem-mal em meu seio,
deixar-te à deriva nas trevas do tempo,
sem nome, sem rasto, vazio sem cheio,
incapaz dalgures voltares pensamento.
o trono em que estás nunca teve assento,
sejas tu de pedra, de ferro ou de nada,
por que nada és sem princípio nem fim.
eu fui água, fui pó, fui seiva e alento,
sou carne, sou sangue em mágoa cansada
e em breve serei tão-só donde vim!...