O poema vérbi-voco-visual (Joyce)
Concreto está
Pro não isso,
Assim como
A pintura Não isso
Está pra aquela figurativa,
Numa perspectiva metaFÓRica.
Pois, a pintura figurativa
Tem como referente o rosto,
A paisagem,
A natureza morta,
E, como significado do signo
A concepção desse rosto,
E, como significante os traços da pintura,
E, analogicamente,
O poema não-concreto
Tem como significante dele, signo, primeiro,
Os fonemas e sílabas das palavras
Como unidades da falada língua,
E, como significantes segundos, derivados,
As letras dessa palavra escrita.
Já o poema visual
Está muito mais atento ao desenho
do conjunto das letras
Do poema recitado,
À sua configuração,
À sua formatação gráfica
Sobre o fundo do espaço em branco,
Como já também válidos significantes,
Em sua própria forma apresentadores
De algo em si mesmo,
-E não apenas como representações de outras coisas-,
Tal como se dá
Nos quadrados e retângulos
Coloridos pintados (pelo francês?) Mondrián
E nos quadros do russo Malévitch
(Suprematista e/ou cubo-futurista?).
---Gabriel da Fonseca.
---Às Amigas Amadas; À Adorada eSTrELA!; após a minha intuição desse aforisma encontrei em Verdades Tropicais de Caetano Veloso, p. 212, 1998, comentário sobre a poesia concreta segundo o poeta paulista Augusto de Campos, a relacionando com Mondrián e Malévitch.
Publicado no Recanto das Letras em 18/12/2008
Código do texto: T1341469.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (cite o nome do autor e o link para a obra original). Você não pode fazer uso comercial desta obra; e você não pode criar obras derivadas.