Acordei muito cedo, apesar de ser sábado, dia normalmente descompromissado...
Bia, feliz da vida por ver todos em casa, balança o rabo pra lá e pra cá numa felicidade que pulula em seu olhar matreiro.
João, nosso canário, canta com a força de um galo. Parece que a magia do sábado atinge a todos. Menos a mim.
Como de hábito, fui para a rede encher os olhos de energia e cores e o olfato de aromas... Veio-me à mente, não sei bem a razão, a palavra PROJETO... Em todos os matizes... Tanto a fazer...
Projétil, projetar, projeção... Sempre algo que vai – ou que se atira – adiante... No futuro. Enfim... para alguma distância além... Sempre.
Algo que criamos no agora, um simples esboço que se vai delineando aos caprichos do tempo, tomando aparência nova, aparando arestas, aqui e ali, quando se faz necessário...
E o esforço empreendido nessa tarefa acaba gerando uma energia tal, que o projeto por si só se faz alcançando metas, desbaratando o tempo numa velocidade intensa, desvastando tesouros insondáveis que podem estar escondidos numa singela conchinha do mar, dessas que a onda leva para a areia... Ali, o projeto se desfaz em brisas cujos segredos o oceano traz, intactos, na mola-mestra do tempo...
O grande projeto, então, mostra ao seu projetista que o impulso já estava em seu interior e tudo o que ele fez foi se deixar arremessar... Dono de seus próprios méritos... Numa escalada cuja prioridade é atingir a perfeição...