Ao depararmos com o fato de que vamos morrer e portanto desaparecer para sempre somos levados inevitavelmente a não aceitar tal coisa. E de uma forma irracional e instintiva até, procuramos afastar tal fato, transformando-o muitas vezes numa possibilidade quase remota. Como? Através da religião e na crença da imortalidade da alma. O corpo perecerá inegavelmente. Mas o que é o corpo diante da grandeza da alma? A alma é o que carrega o nosso eu e com ele estamos preservados para sempre. Assim pensa todo aquele que não tem coragem suficiente para admitir o seu ocaso e o fato de que não passa de um grão de areia. E a crença na “alma”, cuja origem remota ao mundo “sensível” e “inteligível” de Platão, penetrou de tal forna na cultura ocidental que mesmo aqueles que professam outras religiões, cujo conceito cristão de “alma” é incompatível, ainda são contaminados por essa “certeza absoluta”. Talvez pôr em xeque essa “certeza” seja um fardo pesado demais.