O grito na vidraça ecoou estilhaçado,
Quando a pedra do rancor lhe atingiu,
No coração o sentimento foi negado,
Acumulando a velha dor que lhe feriu.
Uma satisfação sorrindo chicoteia a alma,
Abrindo sulcos na carne crua do egresso,
Mesmo ferido, sua tristeza se acalma,
Perdoa o egocentrismo onde o feito é imerso.
O punhal da soberba provoca o prazer,
Ovacionado por mórbido sentimento,
Seu próprio ego se presta a oferecer,
Um festival ilusório, bebendo o momento.
A vitória revanchista esmaga os estilhaços,
Cantando seu legado, sorrindo de felicidade,
Nos despojos do sofrer partidos em pedaços,
Na sombra da altivez produz sua verdade.
Tanta beleza escondida na escuridão,
Acumula pra si o amor na fria avareza,
Rejeita o pagamento da vida com perdão,
Contaminando sua felicidade de tristeza.
Diante da vidraça estilhaçada ouvi o grito,
Ignora o eco aflito, um dia cultivado,
Na sua imperiosa religião segue o rito,
E mata o sentimento, presente no passado.