Muitos são iludidos com os atos das instituições religiosas, as quais exercem as mais variadas obras sociais, ao achar que tais obras são um desígnio de Deus. No entanto, é sabido que ninguém, nem mesmo uma instituição -- seja ela religiosa, política, ou de qualquer outra finalidade – faz algo sem visar algo maior; portanto, há sempre um interesse por trás. A benevolência, a caridade ou qualquer ato em benefício do outro esconde um interesse que não é o fruto do ato, mesmo que não haja evidência disso. A experiência nos ensina que um ato só é praticado quando este beneficia de alguma forma aquele que o pratica. E isso vale tanto para os animais (e não só o homem) como para as instituições. E no caso das instituições religiosas tais interesses não são difíceis de identificar. Ao oferecer ajuda aos necessitados, elas estão na verdade, embora ao mesmo tempo iludido-os de que elas são portadores da verdade e do caminho mais fácil a Deus. Aliás, vão além, ao afirmar que Ele as escolheu como seus únicos e verdadeiros representantes na terra. Por isso, pregam ao mesmo tempo que Deus é bondoso e misericordioso com todos aqueles creem nEle e estão sobre a proteção dessas instituições e vingativo e implacável com queles que as difamam e zombam de Deus. Mas no fundo, o que estas instituições querem, como mostra os seus atos, é aumentar o seu rebanho e assim seu poder. E como as pessoas, principalmente os menos afortunados, são propensas a acreditar na boa fé de seu semelhante como não se iludir? Como não ser enganadas? Como imaginar que num ato de caridade possa haver interesses escusos por trás? Afinal, “nenhuma fraqueza da natureza humana é mais notável e mais universal do que a que denominamos credulidade” como afirmou David Hume no Tratado, I, iii.