Oio pra seu retrato na parede a toda hora dessa vida,
Só me alembrando dessa dor tão doída,
Aqui dentro desse veio peito.
A viola recostada num canto emudeceu por causa do meu pranto,
Por não ver mais os oios seus.
Nossa casinha está vazia, sentino sua farta,
Os passarinhos em lugar de canto, agora chora,
Nosso jardim que era flor, agora é somente uma mata,
Desde que ocê, Ritinha, foi embora.
Tenho as mãos calejadas do trabalho na terra;
Pelo castigo do sol, tenho o rosto queimado,
Mas tudo isso seria felicidade se ocê, minha amada, tivesse ao meu lado.
Foi numa tardezinha, quando o sol já descia os artos do morro,
Que ocê, minha Rita, foi embora, levando junto o coração desse caboclo.
Ocê era a razão de meu viver; a coisa mais preciosa desse mundo.
Como o sol é pra terra, assim era ocê pra mim, que agora ando feito um vagabundo.
Me alembro, também, de seu riso branco como as nuvens do céu, da sua face trigueira,
Dos seus beijos doces como mel, quando me beijava com sua boca brejeira;
Que o só lembrar põe-me o coração em fel.
A tristeza que agora sinto não quero pra ninguém,
A falar com um retrato como se fosse alguém,
Chorar as mágoas de um coração partido, dentro um peito ferido,
Por ocê, minha Rita amada, que agora está no além.