Embora ainda presente no imaginário cultural do ocidente, há muito que foram descartadas noção de que o homem é bom, igualitário e dotado de um instinto de rebanho, onde procuramos o melhor para o outro ou o todo em detrimento do que é melhor para si. Essa visão, cristã de um lado e socialista do outro, mostrou-se nos dois últimos séculos o quanto enganado estávamos quanto a nós mesmos. A deterioração da moral cristã e o completo fracasso do socialismo, os quais só foram capazes de manter sua hegemonia sobre uma sociedade com a persuasão e o terror, ocorreu porque o homem é, até o mais profundo recanto de sua alma, um ser egoísta, opressor e apropriador. E por mais que se tente modificá-lo e obrigá-lo a domar essa força, os resultados serão sempre no sentido de enfraquecimento e empobrecimento da capacidade criadora, afetando inclusive a evolução cultural da sociedade, levando muitas vezes o indivíduo ao desespero, à desesperança e a uma reação agressiva, na tentativa de destruir esse mundo faz de conta. Não por acaso, vemos estupefatos e incrédulos as ações de indivíduos que sem uma razão aparente comete as mais terríveis atrocidades. Aliás, Nietzsche, usando a sua linguagem própria e a sua forma peculiar de expor suas ideias, critica no aforismo 259 de “Além do Bem e do Mal: Prelúdio a uma Filosofia do Futuro”, essa noção cristã, rousseauniana e socialista de ver o homem, a qual ele a considera equivocada. Eis o início do referido aforismo, cuja tradução foi feita por Paulo César de Souza para e editora Companhia das Letras:
“Abster-se de ofensa, violência, exploração mútua, equiparar sua vontade à do outro; num sentido tosco isso pode tornar-se um bom costume entre indivíduos, quando houver condições para isso (a saber, sua efetiva semelhança em quantidade de força e medidas de valor, e o fato de pertencer a um corpo). Mas tão logo se quisesse levar adiante esse princípio, tomando-o possivelmente como um princípio básico da sociedade, ele prontamente se revelaria como aquilo que é: vontade de negação da vida, princípio de dissolução e decadência. Aqui devemos pensar radicalmente até o fundo, e guardamo-nos de toda a franqueza sentimental: a vida mesma é essencialmente, apropriação, ofensa, sujeição do que é estranho e mais fraco, opressão, dureza, imposição de formas próprias, incorporação e, no mínimo e mais comedido, exploração...”
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