Hoje, li algo que me fez marejar os olhos de lágrimas purificadoras...
Lembrei-me do tempo de menina, tímida e indefesa, a ouvir um “senhor feudal” que me dizia:
“Calada! Ouve-me apenas”.
Essa sentença tinha o poder de sufocar em mim as coisas importantes que eu tanto queria dizer...
Cresci. E tratei de libertar a inocência reprimida.
Transformei a obscuridade da infância em clareza de idéias, às quais dei seqüência e que me legaram certa liderança... Pois a menininha resolveu que o “discurso sufocado” seria transformado em um manancial útil, onde as pessoas ouviriam e poderiam, de certa forma, aprender e rebater, quanto quisessem.
Assim desabrochou a minha vocação: ser professora.
E, como tal, tenho abrandado inseguranças, mostrado caminhos e incentivado os jovens a recolherem, no parco saber que lhes posso legar, dados valiosos que lhes têm servido de orientação.
Tenho feito amigos... Muitos amigos que, na senda da educação, comungam comigo a esperança de delinear um mundo melhor...
Corre um grande risco a nossa descendência. Querem destruir-lhes o ar, ceifar ideais, nublar horizontes que se afiguram aos olhos sequiosos de ver... Intentam tirar-lhes o brilho de um porvir tranqüilo, o sabor de uma vida justa e uma felicidade que merecem alcançar...
Benfazejas lágrimas!
Levaram-me à menina desorientada, mas também, à melhor lembrança que dela me ficou: a mão protetora daquela que representava doçura e o enlevo do amor maior e grandioso, e que a tudo compensava... Mãe! Tu, em tua soberania de “ser superior” sempre resgatavas, desta menina, qualquer dissabor e transformavas-lhe o mundo num doce Oceano de AMOR!
Sou o que queria ser.
E jamais desejei ser diferente... E muito agradeço, também, ao “senhor feudal”, pois as suas recusas em me ouvir despertaram em mim a indignação de “ousar falar...”
SOU O QUE SOU.