Prestai-me atenção!
Eu vim para o enterro do José, não para criticar o Governo.
O mal que os homens fazem esses são castigados.
Mas o mal que o Governo comete, quem castiga?
É assim com todos.
As autoridades vos disseram que as balas utilizadas eram de borracha;
Se isto é verdade, foi um erro grave.
E gravemente José o pagou.
Aqui – com permissão das autoridades e do resto –
Pois as autoridades aqui são honradas,
Como todos aqui são, todos homens honrados,
Eu venho vos falar no funeral do José.
Ele foi honesto, justo e pacato;
Mas os brutos dizem que não.
Eu não falo para desaprovar o que os brutos falaram;
Estou aqui para falar do que sei.
Todos o amavam e nada impede que choreis por ele.
Ó justiça! Fostes à rua para proteger os humanos
Ou matar animais selvagens!?
Os homens perderam o raciocínio!
Os atos de José podiam mudar o mundo:
Mas agora aí jaz
E nós agora humildemente o reverenciamos.
Se tendes lágrimas, chorai.
Não por José, mas por nós e nossos filhos no meio desses brutos.
Todos sabeis onde penetrou a bala.
Notai que o sangue de José o seguiu
Correndo à terra, a fim de convencer que eram os brutos mesmo
Quem atirara de modo tão cruel.
Julgai, ó céus, como José era pacífico.
Este foi mais cruel , pois quando o humilde José os viu atirando,
O derrotaram completamente; aí seu forte coração partiu-se.
E escondendo o rosto entre as mãos, perdôo-os antes de lhe sair o espírito.
Que vós fiqueis sabendo que este homem não foi o primeiro e, certamente,
Não será o último, mas a honra deste o segue, porém, a desonra dos que o tombaram fica.