“Os militares realmente necessitam de uma previdência diferenciada porque vivem situações diferentes das vividas pelos civis” (José Viegas, ministro da Defesa, Veja, 23 de janeiro de 2003, pág. 32).
Os militares, na realidade, têm uma função de risco.
Não vamos nos opor ao governo quando concorda com a afirmação acima. Entretanto, como oficial de justiça, tenho que defender minha categoria também. Veja a comparação:
Os policiais atuam em grupo, com armas nas mãos, enfrentando a violência tão comum. E o oficial de justiça? Este trabalha sozinho e, quando requisita um reforço policial, leva um longo tempo até que o reforço pedido chegue. Se agredido pelo executado, o que nunca aconteceu comigo mas já ouvi muito ter ocorrido com outros, chamar a polícia não será solução imediata. Podemos até portar uma arma na pasta. Mas não de forma tão prática como um policial.
Um oficial de justiça, se atacado por alguém armado, ainda que tenha na pasta uma arma, para valer-se dela eficientemente, teria que ser um “trinity” ou um “bronco billy”. De outra forma, suas chances de defesa não se comparam à daqueles que, em grupo, fazem uso regular das armas. Está em desvantagem em relação aos militares.
Se o militar merece tratamento especial na hora de o governo pegar um bode expiatório, acho que a minha categoria o merece também por essas boas razões.
Para quem não conhece, “Trinity” e “Bronco Billy” são dois personagens de Clint East Wood e Terence Hill respectivamente. Ambos têm uma agilidade fora do comum. O Trinity brinca de bater na cara do inimigo: guarda a arma, dá uma meia dúzia de pancadas no adversário e saca novamente antes que a vítima consiga colocar a mão no próprio revolver. É um personagem bem divertido. Mas nós não trabalhamos fazendo filmes.
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