Dulcina de Holanda Palhano é desembargadora federal do Trabalho e assume hoje a Presidência do TRT.
Publicado no jornal O POVO, dia 23/06/2006
Toda ação humana reverbera ad infinitum, donde se conclui que somos responsáveis por nossas mais singelas palavras, por nossos mais simples atos. O que fazemos, o que falamos e até o que sonhamos tem repercussão em cadeia e somos responsáveis por tudo, desde que nos tornamos humanos pelo crescimento.
A Justiça não existe por ela mesma, dela, porém, depende o equilíbrio da sociedade e do universo em si. Mas deve ser uma construção humana, uma conquista passo a passo. A tendência do ser humano é o egoísmo, é tomar para si o que lhe apetece. O equilíbrio entre a vontade de ser e ter o melhor deve ser elaborado pela sociedade para que possa viver em paz.
A consciência do que nossos atos podem causar é que nos torna cidadãos partícipes da construção de uma sociedade justa, capaz de salvar o mundo da destruição pelas guerras e desequilíbrios ecológicos.
A ordem da natureza deve ser mantida e assumida pelos indivíduos que também respondem pela ordem social, que é um reflexo da justiça. Assumir a responsabilidade da Justiça implica conseqüentemente, a promoção do equilíbrio universal.
Equilíbrio significa Justiça, princípio contrário ao egoísmo, à vaidade, à prepotência, ao orgulho, ao preconceito, à falta de respeito às diferenças, ao domínio da própria vontade, à subjugação de outros seres.
A Justiça não é palpável e sequer descritível, mas todos sabem quando a estão violentando.
Devia ser um sentimento natural, latente em cada pessoa, mas não o é, e, por tal razão, consta do contrato social a sua construção e funcionamento, através de instituições criadas por leis e dirigidas conforme o ordenamento previamente constituído pelo Poder Legislativo, cuja obra maior é a Constituição Federal, que delineia o esboço do Poder Judiciário.