Uma reportagem do Jornal O Globo, que me deixou perplexa:
Cinco pessoas morreram carbonizadas no dia 28 de novembro de 2005 à noite, na Penha Circular, depois que dez homens atearam fogo a um ônibus da Viação Rubanil, que fazia a linha 350 (Passeio-Irajá). Entre os mortos estão uma criança, identificada apenas como Vitória, de 2 anos, e sua mãe. Segundo moradores, o ônibus explodiu quando muitos passageiros ainda estavam dentro do veículo. Pelo menos 11 foram levados feridos para o Hospital Getúlio Vargas (HGV), após conseguirem sair com o corpo em chamas.
A polícia ainda investiga o motivo do atentado, que teria sido em represália à morte de um traficante da Favela Guaporé. O ataque ocorreu por volta das 22h, quando o ônibus passava pela Rua Irapuá e se aproximava de um ponto. De acordo com testemunhas, quatro pessoas teriam feito sinal para o coletivo parar. Em seguida, o grupo de dez homens mandou os passageiros descerem e jogou objetos que pareciam coquetéis molotov. O ônibus pegou fogo e, minutos depois, quando as pessoas tentavam sair, explodiu.
— Foi uma cena de terror. As pessoas pulavam pelas janelas, apavoradas — contou Áurea Rodrigues, de 50 anos, funcionária da Fiocruz que conseguiu descer pela porta traseira e teve as mãos e os braços queimados.
De acordo com o perito Marcelo Melo, do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, o fogo destruiu o ônibus rapidamente e os passageiros que não conseguiram sair tiveram morte quase instantânea.
Ele pensou que bando ia assaltar ônibus
O motorista do ônibus 350, que pediu para não ser identificado, disse ontem que não consegue esquecer as imagens do corpos incendiados e os gritos dos passageiros. Ele disse que, a princípio, pensou que o veículo fosse sofrer um assalto, quando bandidos entraram logo após quatro adolescentes terem feito sinal num ponto de ônibus.
O motorista em estado grave foi entrevistado pelo GLOBO e contou que atendeu sinal de jovens numa parada.
— Elas eram a isca — disse. — Os bandidos me pegaram pelo braço e me retiraram a força. Não tive tempo nem de pegar minha bolsa.
Logo depois que saiu, ele viu parte do bando jogando pedras nas janelas. Mas o que mais impressionou o motorista, de 50 anos, que será transferido de linha, foi ver os marginais jogando gasolina no piso do ônibus e nos passageiros:
— Eles começaram jogando gasolina em cima do banco onde eu estava sentado. Depois um deles pulou a roleta e continuou jogando no piso e em cima das pessoas.
Já do lado de fora, o motorista correu para a porta traseira na tentativa salvar os passageiros:
— Com as mãos tremendo, eu peguei uma pedra no chão e quebrei o vidro da porta. Em seguida, um rapaz conseguiu abri-la. Ouvia os gritos dos passageiros em pânico e via as pessoas queimadas. Foi terrível.
Assim publico mais uma cena de terror, que por sua crueldade, não merece comentários.