A homofobia é primeiramente fruto da intolerância religiosa. Não só o cristianismo como também o judaísmo e o islamismo são religiões homofóbicas. O fato de boa parte dos seguidores dessas religiões serem homofóbicos e muitas vezes extremamente violentos advém da crença de que são soldados de Deus, cuja missão é combater tudo aquilo que se contrapõe aos ensinamentos religiosos. E é sabido que os livros sagrados dessas religiões contém inúmeras passagens condenando o homossexualismo, como em Levíticos 18.22(1), Deuteronômio 23.17(2) e Romanos 1.26, 27(3); e no Alcorão 7ª Surata, versos 80-84(4). Por outro lado, a homofobia também é fruto da ignorância, ou seja: da incapacidade de aceitar o diferente e até mesmo da incompreensão de que o ser humano é dominado pela vontade e pelos instintos e não pela razão ou fé como se acredita. Claro que a homofobia também é fruto de outros fatores, isso no entanto não eximem aqueles que cometem atos homofóbicos. A humanidade atingiu um estágio de evolução onde qualquer ato de intolerância é visto como anti-humano e incompatível com os novos valores, os quais moldaram o comportamento humano a partir da Revolução Francesa e alcançaram o apogeu no século XX. De mais a mais, não devemos esquecer que o homossexualismo não só era tolerado na Grécia Antiga e no Império Romano como também, em muitos casos, era incentivado. De forma que, diferentemente do que muita gente pensa, o homossexualismo não é fruto dos tempos modernos, uma vez que é tão antigo quanto nossos ancestrais. E o aumento daqueles que se declaram homossexuais também não é fruto do fim dos tempos, mas consequência daquilo que Nietzsche chamou de “a morte de Deus”(5), ou seja: a perda dos valores cristãos, libertando o homem da crença na danação eterna e consequentemente permitindo que assumisse as suas inclinações sejam elas sexuais ou de qualquer outra natureza. Aliás, o fato de uma pessoa assumir seu homossexualismo e não escondê-lo da sociedade é o primeiro passo para que a sociedade aceite de fato de que a sexualidade diz respeito tão somente ao próprio individuo.
Notas 1) “Com varão te não deitarás, como se fosse mulher; abominação é” 2) “Não haverá rameira dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomia dentre os filhos de Israel” 3) “Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro” 4) "E (enviamos) Lot, que disse ao seu povo: Cometeis abominação como ninguém no mundo jamais cometeu antes de vós, acercando-vos licenciosamente dos homens, em vez das mulheres. Realmente, sóis um povo transgressor. E resposta do seu povo só constituiu em dizer (uns aos outros): Expulsai-os da vossa cidade porque são pessoas que desejam ser puras. Porém, salvamo-lo, juntamente com sua família, excepto a sua mulher, que se contou entre os que foram deixados para trás. E desencadeamos sobre eles uma tempestade. Repara, pois, qual foi o destino dos pecadores!” (5) “A morte de Deus” é anunciado pela primeira vez por Nietzsche no aforismo 108 (Novas lutas) de “A Gaia Ciência”, onde ele diz “Deus está morto; mas, tal como são os homens, durante séculos ainda haverá cavernas em que sua sombra será mostrada”, numa clara referência ao “Mito da Caverna” platônico. Nessa mesma obra “A morte de Deus” é anunciada mais duas vezes, uma no aforismo 125 (o louco) e finalmente no aforismo 343 (O sentido da nossa jovialidade).
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