Não cabe aqui julgar se o ex-presidente Lula é culpado ou não pelos crimes que levaram a sua condenação e finalmente a sua prisão, até porque o autor desse artigo não teve acesso aos autos e nem mesmo dispõe de informações e conhecimento para emitir um julgamento. No entanto, apesar das inúmeras falhas, as quais de quando em quando leva inocentes à cadeia, a justiça não condenou Lula sem que houvesse um mínimo de provas, mesmo que estas possam ser controversas. Por outro lado, há sim fatos estranhos nesse processo, os quais são explorados pelos defensores do ex-presidente para justificar sua inocência e o discurso de perseguido por Sérgio Moro (de fato parece haver uma espécie de perseguição, mas não há provas disso). Diferentemente dos demais denunciados na Lava a Jato, o processo contra Lula foi o mais rápido, como se houvesse uma necessidade de condená-lo o rapidamente; e, depois da condenação e da negativa do STF em lhe conceder um Habeas Corpus, o mandato de prisão foi expedido antes inclusive da análise de todos os recursos, embora aqueles que lhe restaram não são capazes de mudar o resultado do julgamento e portanto são meras formalidades. Ainda sim é de praxe a espera do fim de todos eles para expedir o mandado de prisão, o que não ocorreu com Lula. Dir-se-ia que poderia haver a fuga do condenado, o que não era o caso. É sabido que Lula jamais seria um fugitivo. Portanto, a pressa em condená-lo e pô-lo atrás das grades não se justificaria, a não ser que: 1) Sérgio Moro e a equipe que cuida dos processos da Lava a jato quisessem mostrar para a sociedade que esta não está parada ou sob ameaças. Se de fato é isso, há algo estranho. Por que fariam isso? Por que precisariam de prender o Lula para mostrar força e intimidar alguém? Será que há uma tentativa, que ainda não veio a público, de barrar os novos processos? 2) Havia o temor de que chegasse o momento em que a prisão de Lula seria inviável e causaria tumultos incontroláveis. De fato, quanto mais se postergasse a sua prisão, mais complicada seria. Poderia inclusive acontecer de ser legalmente impedida uma vez que ele viesse a obter o registro de sua candidatura no TSE. Embora faltem meses para as eleições, se Lula viesse de fato a disputá-las, as chances de vitória eram grandes; afinal ele é o líder disparado nas pesquisas de intenção de voto e não há outro candidato com carisma suficiente para derrotá-lo. Sejamos sinceros. A pressa em pô-lo atrás das grades teve como objetivo de impedi-lo de se tornar presidente, ainda mais com a crescente insatisfação das Forças Armadas com a interminável onda de escândalos de corrupção que assola o país. E mesmo que a razão não tenha sido isso, ela atingiu em parte seus objetivos; agora se tornou quase impossível e inviável a manutenção da candidatura. Por outro lado, a prisão, pode ter transformado Lula num herói nacional e o fortalecido ainda mais, dada a forma como a prisão ocorreu. Ele soube como ninguém transformá-la num grandioso espetáculo a seu favor. E aí ele conseguiu, se não de todo, anular em parte o lado negativo de sua prisão.
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