Vivenciamos crise que assola o Poder Judiciário. Tornou-se corriqueiro o achincalhamento da Justiça. O descrédito será a última das desgraças vividas por este Poder. A crise não pode perdurar, porquanto, quando há medidas de ordem institucional a serem tomadas incontinente. Gravíssimo será o rumo tomado se restar em xeque mate a credibilidade da Justiça, esta que deveria ser o último refúgio do cidadão contra as iniqüidades. Sem hipocrisia, há muito o que consertar. Falo aqui para a sociedade, para todos que esperam da Justiça a ética.
Falo para todos que esperam dele decisões justas, decisões centradas nas Leis e na Constituição. Sonho ver encorajados os Magistrados a levantar a bandeira dos justos. Saibam todos os senhores que há expressivo número de Magistrados honrados, de caráter imaculado, que cumprem suas funções com zelo e dedicação exclusiva, atuando sempre com determinação de fazer Justiça, e não têm o devido reconhecimento. É bom que se diga que são seres humanos com falhas, mas procuram honrar o encargo conferido pela sociedade. O que não deve ser tolerada é a corrupção, pois a impunidade vem fazendo surgirem os "Lalaus" que aniquilam a credibilidade do Judiciário.
Não vejo vontade de se abrir um debate sério sobre os problemas do Poder, por parte dos dirigentes dos outros Poderes, inclusive. Aliás, lanço uma idéia para discussão: encaminhar propostas aos meios de comunicação para iniciarmos um grande debate.
Incomoda a todos o corporativismo quando usado para encobrir ações antiéticas. Como proposta inicial sugiro o aumento do número de desembargadores, criando-se uma câmara de quatro novos membros para julgar os processos guindados ao Tribunal de Justiça em que haja interesse da fazenda pública. Os entes dotados de personalidade de direito público são já assíduos clientes do Judiciário e isto já vem causando excessiva demora nos julgamentos. É este o ponto de vista da desembargadora Gizela Nunes, uma das mais centradas do nosso colegiado.
O Estado do Pará tem trinta membros no segundo grau, e sua população é bem menor que a nossa. A nova desembargadora Celeste Aragão, não menos proba que a outra citada, reconhece que assumiu tarefa de grande responsabilidade, mas de extrema dificuldade quando vê em seu gabinete mais de dois mil processos para julgar.
De igual forma, urge aumentar o número de Juízes, pois há comarcas e varas já com mais de dois mil e quinhentos processos. Cobrar do Judiciário é fácil, mas já é hora de esclarecer ao povo que o Poder Legislativo é quem faz as Leis e que o Poder Executivo é quem libera os recursos para que o Judiciário possa funcionar. Rogo aos homens de poder, imbuídos no propósito de ver a Justiça vencer, que abracem esta causa. A vontade de mudar é imensa, mas precisamos de meios para isto. Se é a Justiça o fim buscado do Judiciário pela sociedade, ajude-nos a mudá-lo.