Olhei para todos os lados
procurando um Deus invisível
que ouvisse minha oração.
E que atendesse meus pedidos
Como dizem que ele é Rei
comecei a procurá-Lo em grandes templos
e em suntuosas igrejas
Mas não encontrei
Procurei sua presença nas palavras
dos grandes pregadores
que se dizem “homens de Deus”
e nelas também não estava.
Comecei a desistir quando alguém me lembrou:
Ele nasceu em uma manjedoura!
Um nome bonito que nada mais é
que um simples coxo para alimentar os animais.
Aí tudo se tornou claro como o dia!
Fui procurá-Lo no meio dos pobres
e lá estava.
comendo com os pecadores
dizendo sim à prostituta
conversando com os presos
morando nos asilos de caridade.
sendo crucificado com os ladrões
Sendo abandonado com sua cruz pesada demais
Nos barracos da periferia das grandes cidades
Nos casebres em locais escondidos de tudo e de todos.
nos carrinhos que carregam a indiferença
e o lixo das grandes cidades
Dormindo envolto em trapos imundos
Se misturando ao lixo em caixas de papelão
porque todas as portas se fecharam
e os corações embruteceram
E a manjedoura se alargou
E o coxo onde o bicho homem se alimenta
Continua sem espaço para os deserdados do sistema
e muitas vezes, nem para o filho de Deus
Que volta a nascer toda vez que alguém clama por justiça