(Revista “Pergunte e Responderemos” – Edições Lúmen Christi – Fevereiro 2005)
A sra. Anne Graham, filha do pastor Billy Graham, deu uma entrevista à televisão norte-americana em que aponta o arrefecimento da fé no povo dos Estados Unidos como causa da queda das torres de Nova York. O arrazoado assim convida a um exame de consciência, mas não deve incutir a idéia de que Deus é policial que aguarda o réu para o punir na primeira ocasião. É o homem quem castiga a si mesmo ao transgredir a lei de Deus. O Senhor não quer impedir o homem de exercer sua liberdade para cometer o mal, porque tem recursos para tirar do mal bens ainda maiores, como ensina Sto. Agostinho. Abaixo, transcrição da entrevista:
A filha de Billy Graham estava sendo entrevistada no Early Show e a apresentadora Jane Clayson perguntou a ela: “Como é que Deus terá permitido algo tão horroroso acontecer no dia 11 de setembro de 2001?”
Anne Grahm deu uma resposta extremamente profunda e sábia. Ela disse:
“Eu creio que Deus ficou profundamente triste com o que aconteceu, tanto quanto nós. Por muitos anos nós temos dito a Deus que não interfira em nossas escolhas, saia do nosso governo e saia de nossas vidas. Sendo um cavalheiro como Deus é, eu creio que ele calmamente nos deixou. Como poderemos esperar que Deus nos dê a sua bênção e sua proteção, se nós exigimos que ele não se envolva mais conosco? À vista dos acontecimentos recentes, ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, etc.
Eu creio que tudo começou desde que Madeline Murray O’Hare (que foi assassinada, sendo o seu corpo encontrado recentemente) se queixou que era impróprio fazer oração nas escolas americanas como se fazia tradicionalmente, e nós concordamos com a sua opinião.
Depois disso, alguém disse que seria melhor também não ler mais a Bíblia nas escolas... A Bíblia que nos ensina que não devemos matar, não devemos roubar e devemos amar nosso próximo como a nós próprios. E nós concordamos.
Logo depois, o Dr. Benjamin Spock disse que não deveríamos repreender nossos filhos quando eles se comportassem mal, porque suas personalidades em formação ficariam distorcidas e poderíamos prejudicar sua auto-estima (o filho do Dr. Spock cometeu suicídio), e nós dissemos: ‘Um perito nesse assunto deve saber o que está dizendo’, e concordamos com ele.
Depois alguém disse que os professores e os diretores das escolas não deveriam disciplinar os nossos filhos quando eles se comportassem mal. Os administradores escolares então decidiram que nenhum professor em suas escolas deveria tocar em um aluno quando se comportasse mal, porque não queriam publicidade negativa e não queriam ser processados (há uma grande diferença entre disciplinar e tocar, bater, dar socos, humilhar e chutar, etc.). E nós concordamos com tudo.
Aí alguém sugeriu que deveríamos deixar que nossas filhas fizessem aborto, se elas assim o quisessem, e que nem precisariam contar aos pais. E nós aceitamos essa sugestão sem ao menos a questionar.
Em seguida algum membro da mesa administrativa escolar muito sabido disse que, como rapazes serão sempre rapazes, e como homens iriam acabar fazendo o inevitável, então deveríamos dar aos nossos filhos tantas camisinhas quantas eles quisessem, para que eles se pudessem divertir à vontade; nem precisaríamos dizer aos seus pais que eles as tinham obtido na escola. E nós dissemos: ‘Está bem’.
Depois alguns dos nossos oficiais eleitos mais importantes disseram que não teria importância alguma o que nós fizéssemos em nossa privacidade, desde que estivéssemos cumprindo com os nossos deveres. Concordamos com eles, dissemos que para nós não faria qualquer diferença o que uma pessoa fizesse em particular, incluindo o nosso presidente da República, desde que o nosso emprego fosse mantido e a nossa economia ficasse equilibrada.
Então alguém sugeriu que imprimíssemos revistas com fotografias de mulheres nuas, e disséssemos que isto é uma coisa sadia, e uma apreciação natural da beleza do corpo feminino. E nós também concordamos.
Depois uma outra pessoa levou isto um passo mais adiante e publicou fotos de crianças nuas e foi mais além ainda, colocando-as à disposição na internet. E nós dissemos: ‘Está bem, isto é democracia, e eles têm direito de gozar da liberdade de se expressar e fazer isso’.
A indústria de entretenimento então disse: ‘Vamos fazer shows de TV e filmes que promovam profanação, violência e sexo explícito. Vamos gravar música que estimule o estupro, drogas, assassínio, suicídio e temas satânicos’. E nós dissemos: ‘Isto é apenas diversão e não produz qualquer efeito prejudicial. Ninguém leva isso a sério mesmo!’ Agora nós estamos nos perguntando por que nossos filhos não têm consciência, e por que não sabem distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado, por que não os incomoda matar pessoas estranhas ou seus próprios colegas de classe ou a si próprios.
Provavelmente, se nós analisarmos tudo isto seriamente, iremos facilmente compreender que nós colhemos exatamente aquilo que semeamos!
Se uma menina escrevesse um bilhetinho para Deus, dizendo: ‘Senhor, por que salvaste aquela criança na escola?’, a resposta seria: ‘Querida criança, não me deixam entrar nas escolas!
Do seu Deus’.
É triste como as pessoas simplesmente culpam Deus e não entendem por que o mundo está indo a passos largos para o caos.
É triste como cremos em tudo que os jornais e a TV dizem, mas duvidamos do que a Bíblia nos diz.
É triste como todo mundo quer ir para o céu, desde que não precise crer, nem pensar ou dizer qualquer coisa que a Bíblia ensina.
É triste como alguém diz: ‘Eu creio em Deus’, mas ainda assim segue a Satanás, que por sinal, também ‘crê’ em Deus. É engraçado como somos rápidos para julgar, mas não queremos ser julgados! Como podemos enviar centenas de piadas pelo e-mail, mas, quando o assunto é Deus, as pessoas têm medo de compartilhar e reenvia-los a outros!
É triste ver como o material imoral, obsceno e vulgar corre livremente na internet, mas uma discussão pública a respeito de Deus é suprimida rapidamente na escola e no trabalho.
É triste ver como as pessoas ficam inflamadas a respeito de Cristo no domingo, mas depois se transformam em cristãos invisíveis pelo resto da semana.
É triste ver como nos preocupamos mais com o que as outras pessoas pensam a nosso respeito do que como o que Deus pensa...
Refletindo...
Anne Graham descreve muito sabiamente o declínio da moralidade nos Estados Unidos (e em toda parte). Começa pela extinção do costume de rezar em público, aos poucos chega a exploração (comercial e não comercial) de crianças. Tudo acobertado por títulos aparentemente legítimos: democracia, direitos do cidadão, uso da liberdade... Os incautos são assim reduzidos ao silêncio.
Na verdade, existe a lei natural gravada no coração de todo homem e anterior a qualquer norma democrática, lei natural que proíbe matar o inocente ou reduzi-lo a coisa ou mesmo a lixo.
A sra. Anne Graham insinua que Deus castigou o povo norte-americano permitindo a grave calamidade de 11 de setembro. Esta afirmação exige comentário: É verdade que conforme o relato do Gênesis (3, 17-19) o sofrimento e a morte entraram no mundo por causa do pecado dos primeiros pais. Disto, porém, não se segue que todo pecado posteriormente cometido tenha anexa uma sanção da parte de Deus como se Este fosse um policial que espera o réu para puni-lo na primeira oportunidade. A Providência Divina quer a recuperação do pecador e aplica os melhores meios em cada caso, seja uma intervenção drástica, seja o exercício da paciência que por vias diversas chama à conversão.
Quem castiga o homem é o próprio homem todas as vezes que ele se afasta de Deus, o Sumo Bem.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”