Papa autoriza documento da V Conferência do Episcopado Latino-Americano
E impulsiona a «Missão Continental», fruto do encontro em Aparecida (Brasil)
www.zenit.org
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de julho de 2007
Bento XVI autorizou a publicação do Documento Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, a grande reunião eclesial que ele mesmo inaugurou e que se celebrou em Aparecida (Brasil) de 13 a 31 de maio.
A aprovação do que já é conhecido como «Documento de Aparecida» foi difundida nesta quarta-feira pela Sala de Informação da Santa Sé, justamente no início da Assembléia Ordinária do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano: representa as 22 Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe) em Havana (Cuba).
A reunião episcopal em andamento tem como tarefa fundamental a aplicação das conclusões da Conferência de Aparecida e o impulso da missão no continente que a própria Conferência pediu.
«Conservo viva a grata lembrança deste encontro [de Aparecida, ndr], no qual estive unido a vós no mesmo afeto por vossos queridos povos e na mesma solicitude por ajudá-los a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que n’Ele tenham vida», diz o Papa em sua carta a todos os bispos dessa região do mundo.
Reconhecendo «o espírito de comunhão que caracterizou tal Conferência Geral», o Santo Padre declara: «Autorizo a publicação do Documento Conclusivo, pedindo ao Senhor que, em comunhão com a Santa Sé e com o devido respeito pela responsabilidade de cada Bispo em sua própria Igreja particular, seja luz e alento para um fecundo trabalho pastoral e evangelizador nos anos vindouros».
O Documento Conclusivo contém «numerosas e oportunas indicações pastorais, motivadas por ricas reflexões à luz da fé e do contexto social atual», resume o Papa.
Todo seu conteúdo se mostra em mais de 500 pontos, ao longo de 130 páginas.
«Li com particular estima as palavras que exortam a dar prioridade à Eucaristia e à santificação do Dia do Senhor nos programas pastorais», reconhece Bento XVI, aludindo aos pontos 251 e 252 do Documento.
Igualmente, afirma a importância, recolhida no texto, de «reforçar a formação cristã dos fiéis, em geral, e dos agentes de pastoral em particular».
«Neste sentido, foi para mim motivo de alegria conhecer o desejo de realizar uma ‘Missão Continental’ que as Conferências Episcopais e cada diocese estão chamadas a estudar e levar a cabo -- confirma o Papa --, convocando para isso todas as forças vivas, de modo que, caminhando desde Cristo, se busque o seu rosto.»
O «Documento de Aparecida» pode ser baixado na íntegra em espanhol desde o link http://www.celam.info/download/Documento_Conclusivo_Aparecida.pdf. A tradução ao português está a cargo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
***
Novo presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM)
O arcebispo de Aparecida (Brasil), eleito em Assembléia Plenária
www.zenit.org
HAVANA, quarta-feira, 11 de julho de 2007
Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (Brasil), é o novo presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM, que representa as 22 Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe).
O organismo eclesial celebra pela primeira vez em Cuba sua XXXI Assembléia Ordinária, de 10 a 13 de julho. A Igreja Católica na Ilha acolheu a reunião do CELAM como uma mostra de alento de todas as Conferências do continente a seu trabalho pastoral.
A reunião tem marcada importância, pois estuda a aplicação do Documento Conclusivo de Aparecida -- recém-aprovado por Bento XVI, onde se celebrou (de 13 a 31 de maio) a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.
Assim se encarregou de afirmar, em seu discurso de abertura dos trabalhos, o ainda presidente do CELAM, o cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa.
E descreveu o «Documento de Aparecida» como um «instrumento providencial» para estreitar o «afeto colegial» e a «colaboração pastoral».
«Um lugar privilegiado em nossas reflexões será ocupado pela Missão Continental -- confirmou. Teremos um intercâmbio sobre suas características, aprovaremos alguns elementos comuns, e algumas tarefas serão confiadas ao CELAM para que a Missão seja muito fecunda e abarque toda a América Latina e o Caribe.»
Após receber o informe do último quadriênio, o cardeal Errázuriz recordou que se procederia a dotar o CELAM de uma nova diretiva, como é prescritivo.
«Certamente, teremos presentes os bispos que mais sobressaíram em nossa recente Assembléia no Brasil -- apontou --, e elegeremos os que melhor garantam a expansão do espírito de Aparecida, e impulsionem a implementação das orientações pastorais da V Conferência Geral.»
Assim foi: às 18:00 horas da terça-feira foi eleito Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, como novo presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano. O prelado brasileiro foi, há 15 anos, secretário-geral do organismo episcopal.
Para o quadriênio 2007-2011, elegeram-se como primeiro vice-presidente o arcebispo Baltazar Porras Cardozo, de Mérida (Venezuela), e como segundo vice-presidente o bispo Andrés Stanovnik, O.F.M. Cap, de Reconquista (Argentina).
Dom Raymundo Damasceno Assis nasceu em 15 de fevereiro de 1937, na cidade de Capela Nova, no Estado brasileiro de Minas Gerais. Em 1955, ingressou no seminário Menor, em Mariana. Em 1961 foi a Roma para prosseguir seus estudos e, em 1965, para a Alemanha.
Ordenado sacerdote em Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, em 19 de março de 1968, foi coordenador de catequese, pároco e chanceler de Brasília. Na arquidiocese, foi ordenado bispo em 15 de setembro de 1986; foi auxiliar e vigário geral da circunscrição eclesiástica, onde se encarregou de diversas responsabilidades, no CELAM e no episcopado de seu país.
Participou, por nomeação pontifícia, de vários Sínodos.
O atual arcebispo de Aparecida é membro do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e da Comissão episcopal brasileira de Pastoral para a Comunicação, Educação e Cultura.
Na manhã da terça-feira, em um primeiro encontro da diretiva com a imprensa nacional e estrangeira acreditada em Cuba para a Assembléia do CELAM, o cardeal Errázuriz agradeceu pelas facilidades oferecidas pelo Estado cubano para a realização da Assembléia.
Desta forma, com relação a um eventual encontro da diretiva do CELAM com Fidel Castro ou outro alto cargo do país -- recolhe o serviço informativo «Nosotros hoy», do site da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba --, o purpurado anunciou que não estava previsto esse tipo de encontro oficial, mas que o encontro que manterão com embaixadores da América Latina contará também com a presença de autoridades do governo.
***
Aprovação do Papa ao Documento de Aparecida é sinal de apreço à Igreja na América Latina
Afirma o cardeal Francisco Javier Errázuriz, arcebispo de Santiago do Chile
www.zenit.org
HAVANA, terça-feira, 11 de julho de 2007
Para o cardeal que acaba de encerrar seu mandato de presidente do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano), a aprovação de Bento XVI ao Documento de Aparecida é sinal do apreço à Igreja na América Latina e ao ministério episcopal de seus pastores.
O cardeal Francisco Javier Errázuriz presidiu essa terça-feira a sessão inaugural da 31ª Assembléia do CELAM, em Havana (Cuba). Ali o arcebispo de Santiago do Chile encerrou seu mandato à frente do organismo. O CELAM tem agora como novo presidente o arcebispo de Aparecida (Brasil), Dom Raymundo Damasceno Assis, eleito ontem.
Ao recordar os momentos que os bispos e participantes da Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe viveram no Santuário de Aparecida, de 13 a 31 de maio, o cardeal Errázuriz afirmou que fazia «apenas cinco semanas que nos despedimos» do Brasil, mas «sentimos como se tivesse sido ontem».
«Acompanham-nos recordações muito bonitas e um projeto pastoral de grande envergadura», destacou.
O cardeal recordou ainda o encontro da presidência do CELAM com o Papa, no dia 11 de junho, audiência na qual os prelados latino-americanos entregaram a Bento XVI o Documento de Aparecida.
Segundo o arcebispo de Santiago do Chile, nesse encontro, o Papa «se referiu com alegria a sua peregrinação ao Santuário de Aparecida e a nossa Quinta Conferência Geral».
O pontífice «nos expressou que a autorização que daria à publicação do documento final seria um sinal de seu apreço a nosso magistério episcopal», disse.
Agora, com o Documento de Aparecida aprovado, afirma o cardeal Errázuriz, «nos esperam jornadas decisivas para a implantação das conclusões da Quinta Conferência Geral de nosso Episcopado».
Entre as tarefas do CELAM nesta fase de implantação das orientações pastorais de Aparecida está ser o centro de coordenação e irradiação da grande missão continental lançada pela Quinta Conferência.
«Teremos um intercâmbio sobre suas características, aprovaremos alguns elementos comuns, e algumas tarefas serão confiadas ao CELAM para que a missão seja muito fecunda e abarque toda a América Latina e Caribe», disse o cardeal.
***
Prioridade é implementar as conclusões de Aparecida, diz novo presidente do CELAM
Entrevista com Dom Raymundo Damasceno Assis, eleito essa terça-feira
www.zenit.org
HAVANA, quarta-feira, 11 de julho de 2007
O arcebispo anfitrião de Bento XVI no Brasil e também da Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada no Santuário de Aparecida, em maio, assume a presidência do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano) com a tarefa de trabalhar para que a grande reunião eclesial recém-celebrada aconteça concretamente na vida dos fiéis latino-americanos.
Nesta entrevista concedida a Zenit por telefone desde Havana (Cuba), Dom Raymundo Damasceno Assis fala de sua surpresa com a eleição para o novo cargo e também das primeiras tarefas que se apresentam à nova presidência do CELAM.
--Como o senhor acolheu a eleição e agora este novo encargo de ser presidente do CELAM?
--Dom Damasceno: Acolhi com surpresa a eleição para um cargo como este, porque, como se sabe, nós não nos candidatamos a cargos na Igreja. Os nomes surgem espontaneamente, a partir de sugestões das Conferências Episcopais. E foi o que aconteceu justamente aqui no caso da eleição do CELAM. As Conferências sugerem possíveis nomes, e esses nomes são então apresentados à Assembléia, para que ela decida em quem votar para as diferentes funções e os diferentes cargos do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho.
No caso, eu fui eleito presidente, e os demais membros da presidência também já foram eleitos. Nós agora vamos eleger os diversos presidentes dos departamentos do CELAM, para compor a direção do Conselho, que terá a missão de conduzir o organismo nos próximos quatro anos em suas atividades.
--Qual é a prioridade da nova presidência do CELAM?
--Dom Damasceno: O trabalho principal sem dúvida nenhuma é a implementação das conclusões da Quinta Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, a Conferência de Aparecida.
--Como serão implementadas as orientações pastorais de Aparecida e, principalmente, a proposta da grande missão continental?
--Dom Damasceno: Nesta Assembléia do CELAM nós ainda não entramos propriamente nesse tema, porque o Santo Padre autorizou a publicação do Documento de Aparecida faz poucos dias.
Nós teremos uma reunião geral, que nós chamamos de reunião de coordenação do CELAM, em agosto. Será quando nós vamos elaborar o plano global para os próximos quatro anos, cujo conteúdo e a inspiração principal vai partir da Quinta Conferência.
Então todos nós estaremos voltados para aplicar as conclusões da Quinta Conferência em nossas igrejas da América Latina e do Caribe. Cabe a cada Conferência Episcopal, evidentemente, elaborar as suas diretrizes, inspiradas também na Conferência de Aparecida, mas o CELAM também vai planejar suas atividades de acordo com a Quinta Conferência e dar todo apoio, prestar serviço e ajuda às Conferências Episcopais dentro desse mesmo objetivo.
E, além disso, temos a proposta da missão continental. Creio que vamos começar a estudar esse tema a partir de amanhã, e de forma mais aprofundada ainda na próxima reunião de coordenação geral do CELAM, em Bogotá, no mês de agosto.