Maria Carolina de Moraes (Lolita)
Na última vez que o encontrei, dando sua volta pela praça, ele me perguntava, como sempre o fazia, sobre meu trabalho, e fazia rápidos comentários sobre como o “mundo” estava difícil! E saía rapidamente, com seu chapéu, e seu andar já debilitado pelos anos e pela frágil saúde.
Padre Modesti foi um dos meus maiores incentivadores na minha vida profissional, na criação do Colégio “Agnus Dei”, nos meus artigos, na minha fé, nos meus momentos de desesperança!
Atrás de sua aparência ultimamente austera, ele escondia um humor contagiante, uma cultura imensurável, uma clareza e consciência impecáveis, além de princípios que defendia com toda autenticidade!
Atualmente, era uma pessoa um tanto “amarga”, decepcionada com a vida do dia-a-dia, onde as injustiças se sobressaem de forma gritante! Isto, certamente, era frustrante para uma pessoa, como ele, que pregava a verdade, a moral, a ética, a justiça, a fé, a espiritualidade!
Mas nunca deixou de lutar, de escrever, de falar, de construir, de tomar iniciativas... mesmo que isto lhe custasse a visível descrença num novo mundo de paz, de solidariedade, de humanidade e espírito cristão!
Padre Modesti sofria com isto! E, quem o conhecia mais de perto, podia ver e sentir que, embora nunca se deixasse abater, ele, aos poucos, ia perdendo a certeza de que os homens, de forma geral, voltassem a ser solidários e íntegros! Padre Modesti desprezava a futilidade, a ganância, o poder, as aparências e a insensibilidade de certas facções e elementos da sociedade!
“PADRE MODESTI VIVEU
PARA FAZER DE SUA VIDA
UM MINISTÉRIO DA VERDADE!”
Nos seus longos e fecundos anos, Padre João Modesti não se contentou em ser um Sacerdote. Ele era muito mais do que isto: era professor, cientista, pesquisador, psicólogo, escritor, educador, filósofo, teólogo (historiador)! Era um homem da cultura e do estudo constantes! Com ele, podia-se conversar sobre qualquer assunto! E, acima de tudo, era de uma profunda autenticidade, qualidade esta reservada somente àqueles que não se acovardam diante da realidade!
Uma de suas qualidades mais profundas e admiradas era a fidelidade! Fiel à sua fé, ao seu sacerdócio, aos seus valores, à sua Congregação, aos seus amigos, à sua missão (ao Papa, à Igreja)! Nunca se omitiu, mesmo fragilizado nestes últimos anos!
Muito se poderia dizer sobre o Padre João! Com certeza, ele é uma das personalidades marcantes que construíram nossa cidade! Talvez uma das mais importantes!
O que eu posso dizer, para descrever tudo o que gostaria de falar a seu respeito, resume-se numa expressão dita pelo Padre Nivaldo (Luiz) Pessinatti, na Missa de seu sepultamento:
“PADRE MODESTI VIVEU PARA FAZER DE SUA VIDA UM MINISTÉRIO DA VERDADE!”. Por isso mesmo, nem sempre foi compreendido por todos.
Dedico a ele minha maior admiração e homenagem! E curvo-me diante do “grande homem” que, sem dúvida, deixará um vazio em nossos corações!
Até um dia, Padre João! Vá com Deus!
Maria Carolina de Moraes (Lolita), Psicóloga, Educadora,
Terapeuta, Especialista em Terapia da Linha do
Tempo, é Membro efetivo da Comunidade
Mundial de Saúde para o 3.º Milênio.
Fonte: OPINIÃO JORNAL, Araras (SP), quarta-feira, 25 de maio de 2005, página 2A,
PAINEL.
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“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”
LUIZ ROBERTO TURATTI.
