Protestos contra Papa em universidade de Roma revelam «estreitezas comprometedoras»
Afirma o arcebispo de Belo Horizonte (Brasil), Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Por Alexandre Ribeiro
BELO HORIZONTE, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
ZENIT.org
Para o arcebispo que é presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), os protestos contra a visita do Papa à Universidade La Sapienza, em Roma, revelam «estreitezas comprometedoras».
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, em artigo enviado a Zenit esta sexta-feira, considerou a questão no contexto da depredação do patrimônio da fé cristã católica que se vive nos dias de hoje.
O arcebispo de Belo Horizonte inicia seu artigo afirmando que «o desrespeito e a depredação de qualquer patrimônio, sacro, cultural, turístico, monumentos, tradições e de tudo o que diz respeito ao bem de todos», «incapacitam os cidadãos a terem o sentido adequado da vida e compreensão exata da realidade, chegando ao descalabro das posturas extremistas que envergonham instituições».
De acordo com Dom Walmor, nesta perspectiva está também o «constrangimento absurdo» para a Universidade La Sapienza, em Roma, que receberia, neste dia 17 de janeiro, a visita de Bento XVI, «teólogo e pastor de incontestável força moral no cenário mundial», para uma conferência em aula inaugural.
«Os protestos de uma minoria de professores, menos de setenta, num universo de mais de quatro mil, capitaneando estudantes poucos, revelam estreitezas comprometedoras», afirma.
«Uma iconoclastia que comprova até onde se pode chegar quando se perde a medida das coisas e o sentido exato da vida.»
Segundo o arcebispo, «o constrangimento que a reitoria da Universidade La Sapienza carrega, por esta atitude extremista e intolerante destes poucos professores e estudantes, foi iluminado pelo gesto evangélico do Santo Padre, discípulo exemplar de Cristo Jesus».
O Papa decidiu «adiar a visita e enviar à comunidade acadêmica o texto de sua conferência, um convite à reflexão, necessária e indispensável, para a superação destes radicalismos que estão fomentando fundamentalismos e extremismos de grupos políticos, guerrilheiros e até religiosos».