Cinco cardeais enviaram uma carta convidando os purpurados de todo o mundo a unir-se a eles para pedir a Bento XVI que declare um 5º dogma mariano que «proclamaria a plena verdade cristã sobre Maria».
O texto, dado a conhecer na semana passada, inclui o pedido ao Papa de proclamar Maria como «Mãe espiritual de toda a humanidade, co-redentora com Jesus Cristo Redentor, mediadora de todas as graças com Jesus, único mediador, advogada com Jesus Cristo em favor do gênero humano».
Os que assinaram a carta são 5 dos 6 cardeais promotores do simpósio internacional sobre a Redenção mariana, celebrado em Fátima em 2005: Telesphore Toppo, arcebispo de Ranchi (Índia); Luis Aponte Martínez, arcebispo emérito de San Juan (Porto Rico); Varkey Vithayathil, arcebispo maior de Ernakulam-Angamaly (Índia); Ricardo Vidal, arcebispo de Cebu (Filipinas); Ernesto Corripio e Ahumada, arcebispo emérito da Cidade do México.
O cardeal Edouardo Gagnon, falecido em agosto passado, era o 6º cardeal promotor da conferência de 2005. Foi presidente do Conselho Pontifício para a Família de 1974 a 1990, quando se retirou.
O secretariado dos cinco cardeais difundiu a versão inglesa da carta, que inclui uma tradução e o texto original em latim do «votum», ou pedido, formulado em 2005 e apresentado formalmente ao Papa pelo cardeal Toppo em 2006.
«Cremos – afirma a declaração – que é o momento oportuno para uma solene definição ou esclarecimento sobre o constante ensinamento da Igreja com relação à Mãe do Redentor e sua cooperação única na obra da Redenção, assim como seu papel na distribuição da graça e na intercessão pela família humana.»
Sublinhando as preocupações ecumênicas, o pedido acrescenta: «É muito importante [...] que as pessoas de outras tradições religiosas recebam o esclarecimento, no máximo nível de autêntica certeza doutrinal que possamos proporcionar, de que a Igreja Católica distingue essencialmente entre o papel de Jesus Cristo, Redentor divino e humano do mundo, e a única mas secundária e dependente participação humana da Mãe de Cristo na grande obra da Redenção».
O texto acrescenta que a mudança seria «a máxima expressão de clareza doutrinal ao serviço de nossos irmãos e nossos irmãos cristãos e não-cristãos que não estão em comunhão com Roma».
A proclamação do 5º dogma mariano seria um «serviço de esclarecimento às outras tradições religiosas e um proclamar a plena verdade cristã sobre Maria».
«Esta iniciativa – acrescenta a declaração – pretende também iniciar um diálogo mundial em profundidade sobre o papel de Maria na salvação para a nossa época.»
«Se este esforço fosse coroado pelo êxito, uma proclamação seria um evento histórico para a Igreja como 5º dogma mariano definido em sua história bimilenar», afirmam.
Segundo o cardeal Aponte Martínez, chegou «o momento da definição papal da relação da Mãe de Jesus com cada um de nós, seus filhos terrenos, em seus papéis de co-redentora, mediadora de todas as graças e advogada».
«Proclamar solenemente Maria como mãe espiritual de todos os povos quer dizer reconhecer plena e oficialmente seus títulos e, portanto, ativar, reavivar as funções espirituais, de intercessão, que oferecem à Igreja para a nova evangelização e para a humanidade, na delicada situação mundial em que vive atualmente», acrescenta.