Rodrigo M. Martins
WOLFF, Hans Walter, A.T.- Introdução aos Escritos e aos Métodos de Estudo, 2ª edição, São Paulo, Ed. Paulinas, 1982, pp. 05-54
Para estabelecer a autenticidade de um texto usamos a filologia em conjunto com a exegese, e para essa última a lingüística exerce forte influência.
No texto, a morfologia pesquisa o sentido dos diferentes prefixos, alegando que o nome IAHWEH seja muito mais antigo do que a explicação dada em Ex. 3:14 (“Eu sou aquele que é” – Bíblia de Jerusalém), enquanto a filologia comparativa confirma esta idéia, pois compara os escritos do nome de IAHWEH com escritos antigos do Egito(1400 a.C.). Já a semântica ajuda a compreender melhor o assunto, pegando-se o radical da palavra, tem-se outro significado, por exemplo um “revelar-se” a mais no nome de Deus. A sintaxe é uma ferramenta importante também.
O autor mostra as ferramentas que são usadas para se entender melhor o texto a ser estudado: semântica, sintaxe, morfologia, filologia comparativa, etc. O autor proprõe, utilizando-se dessas ferramentas, as seguintes traduções exegéticas do nome de Deus: “Eu me revelo como aquele que se revela” ou “Eu sou (operante como) aquele que se põe a trabalhar”. Os autor relata que no tempo de Moisés havia uma intensa luta para exaltar IAHWEH como único Deus. Mas deixa muito claro que devemos estudar cuidadosamente o A.T. antes de qualquer suposição acerca de seus ensinos.
WOLFF, neste ponto, expõe as formas literárias javista, na qual IAHWEH tem um sentido antropomórfico, fala diretamente com os seres humanos; eloísta, na qual ele usa intermediários como por exemplo Moisés; e finalmente a sacerdotal, que usa o IAHWEH depois das sentenças. Os editores dos textos mesclaram muito bem as formas literárias. O Deuteronômio é um reflexo de um formulário litúrgico e se proprõe a ser uma nova proclamação da aliança do Sinai; com a mensagem principal de chamar Israel de um povo consagrado a IAHWEH, teu Deus. É importante ressaltar que consta ainda do decálogo. No Pentateuco ainda constam muitas outras lei em menor grau. Há duas formas básicas de lei: prescrições jurídicas de caráter casuístico e preceitos legislativos de natureza normativa. Também consta no Pentateuco os preceitos rituais, exemplo: a regulamentação dos sacrifícios.
Três grandes períodos são citados pelo autor: o pré-monarquico, a monarquia e a era da comunidade religiosa judaica. O período pré-monarquico inicia-se por volta do sec. XIII com Ramsés II e termina por volta do sec. XI com Davi estabelecendo a monarquia Israelita, que se sustenta aproximadamente até o sec. VII, com os assírios tomando o poder. E é a partir desse momento que se inicia o período da comunidade religiosa judaica, já bastante fragmentada e fraca, terminando com Judas Macabeu no sec. II. Falando do Deuteronômio, o autor afirma que os escritos que o compreendem são induções que levam o povo a adorarem somente a IAHWEH, sendo a primeira parte (pentateuco) os livros das leis e bem-aventuranças, e a Segunda parte (os profetas e crônicas) os livros da desobediência e consequentemente decadência de Israel. Vemos isso nas palavras de Moisés: IAHWEH, nosso Deus, é o único IAHWEH. A obra dos cronistas são indutivas ao ponto de influenciarem todo o povo de Israel, pois a partir daqueles relatos, somente em Jerusalém podia-se adorar verdadeiramente a IAHWEH.
