Já não sei bem quem sou, mas o
tempo me ensinou que há muitos
“eus” em mim. Que sou feita de
mudanças.
Cada “ eu “ é uma faceta deste
polígono irregular que insiste em
me moldar. Por isso me estranho
tanto.
O “ eu “ que aflora em forma de
sonho, ou desejo, ora é Deus em
ação, ora de Judas um beijo.
Assim perco-me de mim.
Nem sei quem sou, onde estou.
Há “ eus “ que vêm de Deus, são
bondosos, caridosos, altruístas,
humanistas.
Trazem, para dentro de mim, luz
e paz celestiais. São a essência da
mansidão, do amor e do perdão.
Aproximam-me dos céus, chegam
Em forma de véus. Revestem meu
pensamento, iluminam meu pensar,
restauram o equilíbrio, serenidade
e harmonia.
É um encontro com Deus, e com
Seres Celestiais.Seres Benditos,
Seres Divinos, que não desistem
De acreditar que esses “ eus “
podem a humanidade salvar.
Outros são mesmo do mal, instalam-se
no emocional. São a essência animal.
E quem disse que não podem?
São fingidos dissimulados, mas são
Do mesmo polígono outros lados.
Ocultam-se nas facetas mais escuras,
mais sombrias e ficam ali a esperar
uma brecha para também sua faceta mostrar.
Começam por toda a luz retirar.
É o mesmo modo de agir: envolvem mental
e emocional com véus tecidos do mal.
Fica só escuridão, desamor, raiva, rancor.
Tudo é tristeza e dor, é a angústia do horror.
Quem manda ali é o nosso lado animal, é fera
Ferida a atacar sem medida quem dela se
Aproximar. Com garras bem afiadas nas forjas
do mal moldadas. Ferem fundo todo o mundo..
Então quem sou eu afinal?
Sou o bem e sou o mal.
Espectadora de mim rogo aos céus para
Iluminarem mais e mais os meus “ eus “ celestiais.
Que preencham todos os espaços do meu
ser para que os “ eus “ do mal não
possam reaparecer.