EDITORIAL
AMOR DE MARIA
Padre Vladimir Barbosa Hergert
Andam dizendo por aí que o povo é idólatra, de modo especial os católicos, porque têm imagens em casa e porque acendem velas e rezam, pedindo intercessão. Andam dizendo por aí que o povo vai pro inferno, especialmente os católicos, porque não adoram o verdadeiro Deus. Andam dizendo, mas não é gente séria quem fala.
É preciso lembrar o que são os ídolos. Qualquer coisa ou pessoa, idéia ou partido, clube esportivo ou imagem, tudo que possa se transformar em objeto de desejo, que seduza a consciência, obceque a visão e torne a pessoa fanática é idolatria. A característica central do ídolo é totalizar a mente. O ídolo toma posse do seu fã. Engole-o. O fanático obedece cegamente, venera, imita, morre e até mata, se entender que isto é vontade do ídolo. O fanático deixa de ser ele. Já não pensa mais por si. É um fantoche controlado pelos desejos do outro, pelo ser do outro. Serão as mesmas roupas, as mesmas “falas”, as mesmas idéias, os mesmo argumentos... É cópia falsa... Vida de sombras. O fanático vive do que “sobra” do seu ídolo, agarra-se a uma fagulha de seu poder, para viver.
Cada época tem seus ídolos. Ora são fabricados por espertalhões que querem enriquecer-se às custas das dores humanas, ora são fabricados por lunáticos e desequilibrados, ávidos por manifestações extraordinárias no cotidiano. São cantores, jogadores de futebol, gurus, artistas, famosos, pastores, traficantes... que incorporam os sonhos e desejos das multidões. São fetiches.
O preço de ser ídolo é perder a liberdade. O ídolo já não é mais gente, tem de ser e agir, vestir e fazer aquilo que se espera dele. Se não, rompe-se o mito, quebra-se o encanto. Acaba a história.
Nenhum católico de fato,
adora imagens.
A Bíblia várias vezes alerta contra os ídolos. Um exemplo típico é o do profeta Isaías que adverte sobre o fanatismo: “Assim fala o Senhor que fez os céus, o mesmo Deus que fez a terra e a fixou, e a criou não para ser como um deserto, mas a formou para torná-la habitável: somente eu sou o Senhor, e não há outro! (...) Eu falo a verdade e anuncio a justiça e o direito! Como são loucos os que levam os seus ídolos e os que oram a uma estátua de madeira, a um deus que é incapaz de os salvar!” (Is 45). O profeta vê a situação dos exilados, que morando em outra cultura, acabam assimilando os valores e o jeito de ser dos outros povos, esquecendo-se de que são o Povo Escolhido de Israel. Os exilados passaram a freqüentar os cultos e a adorar as estátuas dos babilônicos... Isaías lamenta a infidelidade... “Como podem esquecer a Iahweh?” O profeta recoloca a questão da fé em Deus. Único. Não existe outro além Dele. Tudo o mais é criatura. Obra de suas mãos.
A fé católica diz exatamente isto: “Creio em Deus Pai todo poderoso, criador do céu e da terra...”
Nenhum católico de fato, adora imagens. Nem adora Nossa Senhora, ou algum santo ou qualquer outra coisa. Nós adoramos somente a Deus. Não queremos ser fãs de ninguém. Podemos admirar as pessoas, as coisas, mas sabemos, por experiência, que pessoas e coisas são frágeis, cedo ou tarde, quebram...
Apesar disso, nós, católicos, somos carinhosos. Gostamos de agradar, de fazer mimos, de falar ao coração. Nosso jeito de ser leva-nos a buscar novas expressões e meios para agradar a Deus. Temos um carinho por tudo o que diz respeito a Ele: sua Palavra, os Sacramentos, o Templo, o Domingo, os santos, sua Mãe, seus filhos, os pobres, seus prediletos...
Neste mês de Agosto, nós de Araras (SP), reservamos um tempo especial para louvar a Mãe de Deus, padroeira de nossa cidade, nossa Mãe. É lindo ver o carinho, o respeito, as expressões de fé do povo para com Nossa Senhora do Patrocínio. Deus, que vive no meio de nós, deve ficar muito satisfeito com filhos e filhas tão carinhosos.
Fonte: Jornal
“Nossa Igreja Católica”, Informativo Mensal da
IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO, Araras (SP), Agosto de 2008, Ano VIII, № 83, Página 2.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”
LUIZ ROBERTO TURATTI.