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Textos_Religiosos-->Padroeiras da América Latina -- 12/10/2008 - 15:47 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
12 de outubro: Salve Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil!


As diversas faces de Nossa Senhora na América Latina

Félix Maier

Todos os cristãos sabem que, sem Maria, não teria existido Jesus Cristo, o Salvador - por mais que os protestantes queiram diminuir a importância da figura da Mãe de Deus.

Até o Corão, livro sagrado do islamismo, que se originou a partir do judaísmo e do cristianismo, tem um capítulo, de número 19, especialmente dedicado a Nossa Senhora, denominado Maryam, que em árabe quer dizer “devota”.

E o nome de Maryam, a Mãe de Nosso Salvador e Mãe de todos os cristãos, é citado 33 vezes no livro sagrado do Islã. Por que pessoas que se dizem cristãs não conseguem ter veneração por uma mulher tão singular, tão “cheia de graça”, cujo corpo imaculado nem sequer os muçulmanos colocam em dúvida? (“O anjo disse: Assim seja, pois o Senhor disse: Isto é fácil para mim.” – Corão, Maryam, 19:17).

Em 1991, minha família e eu tivemos a oportunidade de conhecer a cidade de Nazaré, em Israel, onde fica a Basílica da Anunciação. Nazaré é uma cidade de tamanho médio, numa parte predominando os cristãos e os árabes, e noutra os judeus, que habitam a Nazaré Illiat.

A Basílica da Anunciação fica no local onde era a casa de Maria, mãe de Jesus. Rezamos uma ave-maria na nave principal e depois passamos a admirar uma série de quadros, com imagens de Nossa Senhora dos mais variados países, como Nossa Senhora de Guadalupe, de Fátima, Aparecida. Há até uma Nossa Senhora com feições japonesas.

O Papa João Paulo II, um grande devoto de Maria, também foi a Nazaré quando fez sua peregrinação histórica a Israel.

Hoje, 12 de outubro, é dia de comemorar a festa da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Além de Aparecida, as faces de Nossa Senhora são múltiplas na América Latina - além das vistas em Nazaré -, como múltiplo e generoso é o coração de toda mãe.

Conheça, abaixo, as várias formas com que o devoto mariano presta sua homenagem à Mãe de Deus.


Padroeiras da América Latina

http://www.santuarionacional.com/santuario/index.php?S=29&C=159


Nossa Senhora de Luján - Padroeira da Argentina

Na Argentina a devoção mariana remonta aos seus colonizadores, no início do século XVI. Diz a tradição que nas guerras da independência os conquistadores e generais não saíam para as batalhas sem antes pedir com seus soldados a proteção da Virgem Maria.

Entre os muitos santuários dedicados a Nossa Senhora, destaca-se o de Luján, cerca de 60 km a oeste de Buenos Aires. A origem do título Nossa Senhora de Luján é contada de pai para filho: um rico fazendeiro, Antonio Farias de Sá, habitante de Sumampa, hoje Santiago del Estero, encomendara de um amigo brasileiro, uma estatueta da Imaculada Conceição.

Era sua intenção construir na fazenda uma capela em louvor à Virgem Maria.

Chegada de navio a Buenos Aires, sua encomenda seguiu viagem com outras mercadorias, em carros-de-bois. Às margens do rio Luján, os mercadores fizeram uma parada. No dia seguinte, por um estranho prodígio, os bois empacaram e nada os fazia andar. Resolveram então aliviar-lhes a carga.

De nada adiantou. Só depois que o último caixote, justamente o que guardava a imagem, foi retirado do carro, os bois saíram do lugar. Todos entenderam então que era ali que a Virgem queria ficar. Estando próximos da fazenda de João Rosendo, para lá se dirigiram em procissão, e improvisaram um altar para a imagem.

Tão logo possível, construíram ali uma pequena capela que hoje é o belíssimo santuário de Luján. Esse local ficou conhecido como a "detenção da carreta" ou o "milagre de Luján". A devoção a Nossa Senhora de Luján espalhou-se por toda a América. Sua festa principal é celebrada no dia 8 de maio.


Nossa Senhora de Copacabana - Padroeira da Bolívia

As margens do Titicaca, o lago mais alto do mundo, na pequena cidade de Copacabana, situa-se o principal santuário mariano da Bolívia. Habitada pelos incas, com suas tradições religiosas, esta foi uma das primeiras regiões a beneficiar-se com a evangelização dos missionários católicos que ali chegaram com as tropas espanholas.

Dom Francisco Tito Yupanqui, nobre descendente da família real, convertido ao cristianismo, fez voto de conseguir uma imagem da mãe de Deus que viria tirar do paganismo seus irmãos de Copacabana. Certo dia, em seu quarto, tem a visão de uma senhora coberta por longo manto.

Sustentava no braço direito um Menino reclinado sobre seu peito e na mão esquerda uma vela acesa. Yupanqui logo teve a certeza de que assim deveria ser a representação da Virgem. Sem talento para a arte, fez jejuns e orações pedindo à Virgem que o ajudasse a fazer uma imagem sua.

Depois de várias tentativas, primeiro em barro, depois em madeira, conseguiu esculpir uma imagem que estava muito longe da beleza original de sua visão. Prestes a desistir, tem uma inspiração divina, consegue retocar a imagem tornando-a belíssima, com uma expressão tão forte no olhar que comovia a quantos a contemplavam.

Diz a lenda que naquela noite dois anjos vieram dourá-la envolvendo-a num belíssimo resplendor. A estátua original, de um metro de altura, ocupa o altar principal do santuário da cidade de Copacabana. Em 2 de agosto de 1925 Nossa Senhora de Copacabana foi proclamada padroeira da nação boliviana.

Sua devoção superou fronteiras e hoje encontram-se igrejas a ela dedicadas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.


Nossa Senhora Aparecida - Padroeira do Brasil

Três pescadores: João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso, em outubro de 1717, precisavam de muito peixe para o banquete do Conde de Assumar. Várias vezes jogaram as redes nas águas do rio Paraíba do Sul, e nada conseguiam pescar.

Já estavam desanimados quando, de repente, na altura do Porto de Itaguaçu, percebem algo estranho na rede. Era o corpo de uma imagem feita de terracota. Em seguida, redes novamente ao rio, e o que acham desta vez? A cabeça que se encaixa direitinho no corpo da imagem.

Gritam de espanto e sentem um sinal dos céus, pois, a partir daquele momento, a pesca foi abundante. Os piedosos habitantes do lugar logo atribuíram o fato a um milagre da Virgem morena, que passaram a chamar Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Felipe Pedroso improvisou um altar em sua casa, no qual colocou a pequena imagem.

Naquela mesma tarde reuniu-se toda a vizinhança para a reza do terço, que se tornou tradição na vila, hoje cidade de Aparecida. Os prodígios da Senhora Aparecida começaram a multiplicar-se e os peregrinos a chegar em romarias para pedir seus favores.

Da capelinha improvisada, logo foi preciso outra maior, e depois outra, e hoje o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é a segunda maior igreja do mundo em área construída. Aos 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI assinou o Decreto constituindo Nossa Senhora da Conceição Aparecida Padroeira do Brasil, legitimando assim um fato já consagrado pelo povo.

Hoje peregrinos de todo o país e do exterior chegam aos milhares ao seu majestoso santuário em Aparecida, especialmente no mês de outubro, quando se celebra, no dia 12, a festa oficial da Rainha e Padroeira do Brasil.


Nossa Senhora do Carmo - Padroeria do Chile

No dia 16 de junho de 1251, a Virgem do Carmo aparece a São Simão Stock e entrega-lhe o Escapulário com muitas promessas. A Ordem do Carmo, na ocasião lutando com dificuldades, começa a viver uma renovação extraordinária. A partir dali os Carmelitas se expandem pelo mundo todo, principalmente Portugal e Espanha.

Com facilidade encontram terreno fértil em toda a América Latina, e de modo especial no Chile. As raízes da devoção mariana começam no início da evangelização da América Latina. Até hoje podemos ver no convento de São Francisco de Assis, em Santiago, a primeira imagem de Nossa Senhora do Carmo, trazida pelo primeiro conquistador espanhol que veio ao Chile (D. Pedro de Valdívia).

As primeiras manifestações da devoção a Nossa Senhora do Carmo datam do século XVI, com a construção da Igreja "La Tirana", mais ao norte do país. Ainda hoje lá acontece a manifestação religiosa popular do país: os bailes religiosos. A primeira Confraria do Carmo foi fundada, na Igreja dos Agostinianos, em 1643.

Vários acontecimentos históricos envolvem a participação benigna da Virgem do Carmo: nas lutas pela independência, ela foi proclamada Patrona e Generala do exército andino. Em seu santuário nacional, na cidade de Maipu, estão sepultados os soldados que lutaram pela pátria.

Na bandeira do Chile foi colocada uma estrela branca no céu azul simbolizando a Virgem do Carmo, Patrona do Exército. A Cruz de Maipu, símbolo da religiosidade e da luta do povo chileno, é ostentada em todas as dioceses do país, trazendo sobre as cores vermelho e azul, a estrela branca de Maria.

Em cada lar daquele país são encontradas as mais diversas formas de representação da "Carmelita", como é carinhosamente conhecida no Chile.


Nossa Senhora de Chiquinquirá - Padroeira da Colômbia

A Colômbia é um jardim mariano, em cujos santuários domina, como o sol entre as estrelas, Nossa Senhora de Chiquinquirá", são pala-vras de Pio XII depois repetidas por João Paulo II em julho de 1986, por ocasião do quarto centenário da restauração miraculosa do quadro da Virgem.
Esse quadro, medindo l,13x26, encomendado por Antonio de Santana, rico proprietário de terras, foi pintado por Alonso de Narváez, sobre uma tela rústica tecida pelos índios.

Depois de doze anos exposto à veneração popular, essa obra de arte apresentou sinais de deterioração e foi retirada do altar. Maria Ramos, uma devota, encontrando-o entre velharias de um depósito, recolheu o quadro e colocou-o num pequeno altar em sua casa. Diante desse altar, toda tarde rezava com parentes e amigos.
Conta-se que no dia 26 de dezembro de 1586 a tela se iluminou, as cores se reavivaram e a imagem reapareceu límpida e bela deixando atônitas as pessoas que ali rezavam. A notícia do prodígio espalhou-se. Logo iniciaram-se as grandes peregrinações. Foi construída no local uma pequena capela que em 1608 tornou-se uma bela igreja e, em 1812, cedeu lugar à atual basílica.

A pequena cidade colombiana de Chiquinquirá, às margens do rio Suárez, é testemunha de inumeráveis favores de Maria ao povo colom-biano. Várias vezes durante o primeiro século de independência, quan-do o país foi vítima de lutas sanguinárias, a intervenção da Virgem foi decisiva. Em 1816, proclamada Capitã do exército, a imagem foi levada ao campo de batalha. No dia da vitória ela recebeu, como ex-voto, a espada gloriosa do "libertador" Simon Bolívar.


Nossa Senhora dos Anjos - Padroeira da Costa Rica

A devoção mariana em Costa Rica é muito expressiva. A piedade popular expressa-se em tríduos, novenas, procissões e festas em suas igrejas e santuários. Muitos são os títulos dedicados à Virgem naquele país: Imaculada Conceição, N. Sra. do Rosário, de Montserrat, das Mercês, de Lourdes, de Fátima, de Guadalupe. O santuário mais importante, porém, é o de Nossa Senhora dos Anjos, na cidade de Cartago.

Conta-se que, por volta do ano 1635, Juana Pereira, uma jovem negra, lenhando num bosque, encontrou sobre uma pedra a imagem da Santíssima Virgem com o Menino Jesus nos braços. Cheia de emoção, levou-a para casa e guardou-a num velho cofre.

No dia seguinte, de volta ao bosque, surpresa, vê sobre a mesma pedra a imagem da Virgem. Pegou-a novamente e, ao chegar em casa, constatou que ela não estava mais no cofre. Isso se repetiu por vários dias. Assustada, resolveu levar o assunto ao conhecimento de seu pároco. Este, não acreditando na história de Juana, pegou a imagem e guardou-a na igreja. No dia seguinte, ela havia desaparecido e foi encontrada novamente sobre a pedra no bosque. Entenderam então que deveriam construir naquele local a capela para a Virgem.

Como a imagem foi encontrada na região de Barrio de Ia Puebla de Los Angeles, ela passou a ser chamada Virgem dos Anjos.

Sua festa principal acontece no dia 2 de agosto, data em que no ano de 1821 foi proclamada solenemente Padroeira de Costa Rica.


Nossa Senhora da Caridade do Cobre - Padroeira de Cuba

Nossa Senhora da Caridade foi proclamada padroeira de Cuba no início do século XX, 10 de maio de 1916, pelo papa Bento XV, e solene-mente coroada em 20 de janeiro de 1936, em Santiago de Cuba, na pre-sença de uma grande multidão.
Há duas versões narrando o aparecimento da imagem. É a estátua de uma Virgem negra, coroada e coberta por vestes reais, com o Menino Jesus ao colo. A primeira versão diz que ela foi encontrada nas águas do Mar das Caraíbas, por Alonso Ojeda. Este era um comandante do exército espanhol que, em sério perigo de naufrágio, clamou à Virgem, prometendo erguer-lhe uma capela se fosse salvo. Outra versão atribui o encontro da imagem a dois irmãos índios, Juan Rodrigo e Juan Diego Hoyos, e ao negro Juan Moreno, que teriam passado três dias em altomar enfrentando terrível tempestade. E eis que ao amanhecer do quarto dia, conforme diz Moreno: Naquela manhã o mar estava tranqüilo e, com os irmãos Rodrigo e Diego, decidimos partir, antes do nascer do sol, para recolher sal bem distante do golfo. No meio do mar vimos qualquer coisa que flutuava. Aproximamo-nos. Aquilo parecia um feixinho de ramos secos. Logo um dos irmãos exclamou que se tratava de uma estátua da Virgem Santa que trazia nos braços o Menino Jesus. Em seu pedestal de madeira estava gravado: Eu sou a virgem da Caridade. A imagem flutuava sobre a água, no entanto o seu manto, que era de teci-do, não estava nem um pouco molhado. Cheios de alegria e felizes, re-colhemos apenas um terço do sal de que precisávamos e, com a estátua, retornamos à margem .

Hoje a Virgem da Caridade do Cobre é venerada também fora de Cuba, em diversos países da América central e na Espanha. Em Miami, nos Estados Unidos, também há um santuário a ela dedicado. Sua festa é celebrada no dia 8 de setembro.


Nossa Senhora da Salete - Padroeira da Dominica

Dominica é uma ilha vulcânica das Pequenas Antilhas, que fica entre Martinica e Guadalupe. Aquele pequeno país de pouco mais de 100 mil habitantes só obteve sua independência política em 1978. Inicialmente colonizada pelos espanhóis, foi no séc. XVI invadida e dominada por piratas franceses.

A devoção a Nossa Senhora da Salete foi herdada portanto da França, no século XIX. Conta a tradição que na pequena vila de La Salete, situada no confins dos Alpes franceses, dois pastorinhos, Melânia e Maximino, vislumbraram a figura da Virgem Maria, envolvida por uma bola de fogo que mais parecia o sol caído na terra. Atônitos com a aparição, os jovens pastores ficaram paralisados. Naquele momento, a senhora de fisionomia muito triste e preocupada passou a dirigir-lhes mensagens de alerta recomendando ao povo submissão à vontade de Deus, respeito aos preceitos de sua lei, mais religiosidade, mais dedicação à oração e à espiritualidade pessoal. Num alerta especial àqueles que facilmente blasfemavam contra seu Filho Jesus, fez ameaçadoras profecias aos que não se regenerassem. E, recomendando aos dois pastorinhos que levassem a novidade a todo o povo daquela terra, foi-se elevando e desapareceu em um grande facho de luz que chegava até o céu.

O fenômeno dessa aparição foi detidamente estudado pelas autoridades eclesiásticas e finalmente veio a palavra final do Bispo de Grenoble, D. Felisberto de Bruilhard: "Julgamos que a aparição de Nossa Senhora a dois pastores, no dia 19 de setembro de 1846, numa montanha da Cordilheira dos Andes C..) tem todas as características de verdade e autenticidade e que os fiéis têm razões suficientes para nela acreditar como indubitável e certa".


Nossa Senhora da Paz - Padroeira de El Salvador

No ano de 1682, EI Salvador era assolada por uma violenta guerra fratricida. Foi naqueles dias que alguns mercadores, passando pelas praias do Mar do Sul, encontraram uma grande caixa de madeira e ficaram muito intrigados. Tentaram abri-Ia mas foi em vão. Resolveram então levá-Ia ao centro da cidade para as autoridades, pois julgaram tratar-se de algum tesouro à deriva depois de um assalto pirata.

Com muito custo, pois a caixa era muito pesada, chegaram à pequena Vila de São Miguel, e eis que, em frente à igreja paroquial, o burrico que carregava a preciosa carga empacou. Acharam melhor abrir ali mesmo a caixa. Qual não foi a surpresa de todos ao encontrar a linda imagem da Virgem, em tamanho natural, vestida de rainha, com o Menino Jesus em seu braço esquerdo.

A notícia do encontro da imagem correu rápido por todos os cantos do país, chegando até aos campos de batalha.

E o primeiro prodígio aconteceu. Soldados e civis, tocados pela doce ternura da Virgem, depuseram as armas e a paz reinou em todo o país. Passaram então a chamá-Ia Nossa Senhora da Paz. E ficaram no ar sem respostas as dúvidas a seu respeito: Para onde estaria indo a imagem da Virgem da Paz? Teria seu navio sido vítima de um naufrágio? Por que o burrico empacou justamente diante da igreja, na praça principal?

O certo é que ali mesmo construíram o primeiro altar a Nossa Senhora da Paz, de onde manifestaram-se muitos favores e bênçãos ao povo salvadorenho. Guerras são evitadas, tremores de terra, tempestades, vulcões são neutralizados sempre com a intercessão da querida Virgem da Paz.

Em 23 de novembro de 1966 ela foi proclamada Padroeira de EI Salvador, pelo Papa Paulo VI. Sua festa oficial acontece no dia 9 de julho.


Nossa Senhora da Apresentação de El Quinche - Padroeira do Equador

El Quinche é uma pequena vila nas encostas geladas da Cordilheira dos Andes. Entre tantas manifestações da devoção mariana nesse país, a de Nossa Senhora da Apresentação de EI Quinche foi a mais notável, merecendo-lhe o título de Padroeira do Equador, desde sua coroação em 20 de junho de 1943, em Quito, a capital.

A história começa quando, em 1591, os índios de Oyacachi recebem das mãos de Dom Diego de Robles, um artista espanhol, a escultura da imagem, em troca de madeiras de fino cedro existente na região.

Segundo a tradição, antes disso a Virgem já havia aparecido várias vezes àquela gente simples e prometera-lhe proteção contra as feras e os estragos das tempestades e dos vulcões, se ali construíssem para ela um altar. Por isso, foi com muita alegria que receberam o presente do artista espanhol. Logo dedicaram-lhe uma gruta natural que passou a ser o local onde todas as tardes se reuniam para entoar louvores e fazer seus pedidos a Nossa Senhora.
Os peregrinos para lá afluíam em tão grande número que Oyacachi tornou-se muito pequena para recebê-Ios.

Em 1604, por ordem de Dom Frei Luiz López de Sólis, a imagem foi transladada para eI
Quinche, uma aldeia maior, distante 50 km de Qui-to. Centenas de índios e espanhóis acompanharam a procissão e em cada povoado que paravam o povo vinha saudar a Imagem da Virgem com velas, músicas e vivas. EI Quinche preparou-se para recebê-Ia e colocou-a no altar principal da Igreja do povoado. A partir daí este tor-nou-se um grande centro de peregrinação.


Nossa Senhora do Rosário - Padroeira da Guatemala
O povo da Guatemala com sua história de guerras e vulcões tem recorrido desde o início de sua colonização aos favores de sua virgem protetora, Nossa Senhora do Rosário.

A devoção ao rosário foi difundida na Guatemala pelos missionários Dominicanos que ali fundaram suas Casas do Rosário para educar os filhos dos índios. O carisma dos dominicanos era divulgar os prodígios da reza do rosário.

O fundador da Ordem, São Domingos de Gusmão, passava horas de suas noites diante do sacrário implorando a ajuda de Deus para comba-ter as heresias que grassavam por toda a Europa. Certo dia, durante a oração, apareceu-lhe a Virgem Maria, e indicou-lhe a recitação do rosá-rio como o grande meio de oração. A prova concreta de sua eficácia foi a vitória de Lepanto, séc. XVI. Conta a história que nessa batalha os cris-tãos estavam prestes a ser derrotados pelos turcos. Em Roma, todos se uniram na reza do rosário ensinada pela própria Virgem Maria e, milagrosamente, os cristãos conseguiram a vitória. Nos últimos trinta anos, porém, o culto público à mãe de Deus encontrou dificuldades na Guatemala, por causa da ditadura militar que tomou o poder no país. Muitos cristãos sofreram perseguições e mortes, igrejas foram fechadas e milhares de católicos foram massacrados.

A partir de 1995, graças ao fervor das orações daquele povo sofrido, sinais de esperança começaram a surgir, e em 1996, em sua visita ao país, o papa da paz, João Paulo lI, disse à nação: "Este é um momento de graça para os guatemaltecos, surge no horizonte um sinal de alegria com a assinatura de acordos que porão fim à sua recente história de guerra e de violência" .


Nossa Senhora de Fátima - Padroeira da Guiana e Suriname

O povo da Guiana e do Suriname, como todos os católicos do mundo inteiro, aguardam confiantes o grande momento em que se realizará a profecia da paz, quando triunfará o Imaculado Coração de Maria.

As antigas Guianas Inglesa e Holandesa, hoje Guiana e Suriname, são pequenos países da América do Sul que elegeram sua padroeira Nossa Senhora de Fátima. A história das aparições da Virgem aos três pastorinhos, na pequena paróquia de Fátima, na diocese de Leiria, em Portugal, espalhou por todo o mundo a devoção e a esperança em suas mensagens.

Três aparições de anjos prepararam as grandes revelações de Fátima. Identificando-se sempre como o "Anjo da paz", a aparição pedia sacrifícios, orações e muito amor aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria. A 13 de maio de 1917, num domingo, manhã de céu claro, como de costume, as três crianças, Lúcia, Francisco e Jacinta,levavam o rebanho ao pasto. Eis que ao meio-dia, inexplicavelmente, um relâmpago corta o céu. Em seguida outro clarão e surge sobre uma pequena azinheira a figura de "uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente".

Dirigindo-se às crianças, a Virgem lhes pede: "Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra".
As aparições sucederam-se, sempre recomendando a reza do terço e a prática de sacrifícios para a salvação da humanidade.

Essa aparição foi testemunhada pelo povo português. Em êxtase, rezavam o terço, enquanto sobre a azinheira permaneceu imóvel uma pequena nuvem branca com a qual Lúcia parecia conversar em voz alta.

As profecias de Maria vêm-se concretizando, como a desintegração do comunismo, as aberrações morais de nossa época, as crises internas na Igreja.


Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Padroeira do Haiti

A devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro iniciou-se no Haiti com a chegada dos Padres Redentoristas naquele país. Conta a história envolta em clima de lenda, que o quadro, em estilo bizantino, represen-tando a Virgem Maria a meio corpo, teve sua origem na ilha de Creta, e foi pintado sobre madeira por um exímio artista grego.

Um rico comerciante apoderou-se do quadro com a intenção de vendê-lo em Roma. Na travessia do Mediterrâneo, uma tempestade atingiu o navio que ameaçava naufragar.

Sem saber da carga especial que levavam, os marinheiros começaram a rezar pedindo a proteção de Nossa Senhora. Atendidas suas preces, a tempestade cessou. Depois da morte do ganancioso comerciante, que não conseguiu vender o quadro, a Virgem Maria apareceu à sua filha e lhe pediu que a pintura fosse exposta em uma igreja, com o título de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Como a ilha de Creta foi por muitos séculos dominada pelos muçulmanos, que destruíram todos os documentos cristãos, pouco se sabe da origem do quadro e da capela onde primitivamente fora cultuado. Existe a hipótese de ter sido uma das cópias do quadro da Virgem pintado por São Lucas.
Levado para a capela de São Mateus, em Roma, no século XV, ali permaneceu por mais de três séculos. Depois de um incêndio criminoso que destruiu totalmente a igreja, ele foi encontrado entre os escombros. No século XIX, o Papa Pio IX entregou-o aos Redentoristas dizendo-lhes: "Fazei que todo o, mundo conheça o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro". E nesse santuário de Roma que permanece o quadro original.

Com a chegada dos Padres Redentoristas ao Haiti, a devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro espalhou-se por toda a ilha e o povo haitiano recebeu com muita piedade e carinho sua proteção. Sua festa é solenemente celebrada no dia 16 de junho.


Nossa Senhora de Suyapa - Padroeira de Honduras

Segundo a tradição, esta é a história da Padroeira de Honduras: todo sábado o jovem lavrador Alejandro Colindres e seu companheiro, o me-nino Lorenzo Martinez, deixavam mais cedo o trabalho na roça para chegar ao anoitecer a sua terra, Suyapa. Naquele sábado de fevereiro de 1747, inexplicavelmente, saíram mais tarde do trabalho. Surpreendidos pela noite, resolveram achar um lugar para descansar.

Deitados na relva, os dois companheiros tentavam dormir. O menino dormiu logo. Alejandro não conseguia adormecer, pois alguma coisa incomodava suas costas. Sem saber se era pedra ou raiz, livrou-se do objeto atirando-o para bem longe. Começava a dormir quando sentiu- se incomodado pelo mesmo objeto. Pegou de novo aquela pedra ou raiz e, para não ser novamente incomodado, guardou-a dentro da mochila.
Ao amanhecer, os dois continuaram a caminhada. Já em casa, Alejandro deixou a mochila com sua mãe, que logo começou a desfazê-Ia. Enrolado em sua camisa, a mãe encontrou o objeto que incomodara seu filho na noite anterior. Seria uma pedra? Uma raiz? Nada disso. Era uma imagem da Imaculada Conceição, esculpida em madeira.
Aquela família, tomada por um profundo espírito religioso, começa ali mesmo a devoção à Imaculada Conceição de Suyapa.

O primeiro prodígio da Virgem de Suyapa aconteceu com José de Zelaya y Midense, capitão dos Granadeiros. Ainda muito jovem, sofria de sérios problemas renais, e não havia remédio que o curasse. No auge de seu sofrimento, alguém lhe fala da Imagem de Nossa Senhora de Suyapa. Pede para vê-Ia. A mãe de Alejandro deixa que a levem até a casa do capitão. Este a recebe de joelhos e pede-lhe a cura, prometendo construir-lhe uma capela em sua aldeia. Não passaram três dias e o ca-pitão expeliu as pedras que durante anos foram a causa de suas dores.

Depois de alguns anos o capitão, completamente curado, construiu II em sua fazenda, no vale de Suyapa, uma capela para a Virgem. A peque na capela passou por diversas transformações, e hoje é o Santuário de Nossa Senhora de Suyapa, cuja festa é celebrada no dia 2 de fevereiro.


Nossa Senhora de Guadalupe - Padroeira do México e América Latina

A devoção a Nossa Senhora no México é embalada por uma belíssima história de aparição. No início do século XVI, o índio recém batizado, Juan Diego, quando se dirigia à capela para assistir à missa, passando pela colina de Tepeyac, ouviu uma suave melodia. Olhando para o lado, viu sobre uma nuvem branca uma linda senhora que resplandecia de luz, tendo ao seu redor um brilhante arco-íris. Surpreso, ouviu-a chamá-lo pelo nome e dizer-lhe que era a verdadeira mãe de Deus. Incumbiu o índio de dizer ao bispo do local, Dom Juan de Zumárraga, que construís-i se naquele local um templo para sua veneração.

Como era de se esperar, o bispo não deu crédito à história. De volta para casa, onde seu tio estava gravemente enfermo, Juan Diego teve nova aparição da Virgem que lhe garantiu a cura de seu tio.

Seguindo instruções da misteriosa senhora, Dieguito foi ao bosque colher flores, embrulhou-as em seu poncho e foi levá-Ias à presença do bispo. Era inverno e qual não foi sua surpresa quando o índio, abrindo seu manto, derrama a seus pés flores frescas e perfumadas. Embaixo das flores, bordada no manto do índio, aparece a figura da Virgem de Guadalupe: tez morena, olhos claros e muito límpidos, vestida como as mulheres da Palestina. Emocionado, Dom Zumárraga cai de joelhos diante daquela aparição e, humildemente, acredita no índio. Do México sua devoção foi levada a vários países da Europa e de toda a América Latina. Hoje Nossa Senhora de Guadalupe é também a padroeira da América Latina.
Muitos estudiosos analisaram a pintura original, hoje entronizada no maior santuário mariano do mundo, na colina de Tepeyac. O material e a técnica utilizados na confecção do quadro permanecem um mistério. A curiosidade maior são os olhos da Virgem nos quais, após estudos científicos, foi possível revelar-se a imagem de um homem de 50 anos, Juan Diego, e de um grupo de pessoas em oração. Nossa Senhora de Guadalupe é por isso lembrada para cura de doenças dos olhos.


Nossa Senhora La Puríssima - Padroeira da Nicarágua

Salve, ó Virgem puríssima - Concebida sem pecado.

Essa costuma ser a saudação dos nicaragüenses devotos da Virgem,numa piedosa tradição que vem dos seus colonizadores no início do século XVI. Gil Gonzalez de Á vila, explorador espanhol, devotíssimo de Maria, costumava distribuir aos índios, em suas expedições, medalhinhas e imagens da Virgem. Estes recorriam a ela em suas necessidades e orações.

Essa devoção achou terreno fértil entre os nicaragüenses e floriu na linguagem popular, dentro das famílias, nas canções populares, com o título de Nossa Senhora Ia Purissima, destacando a pureza de Maria.

Hoje as famílias celebram na Nicarágua as "Purissimas", ou novenas dedicadas à Virgem Ia Purissima, em preparação à festa da padroeira, que acontece em 8 de dezembro de cada ano. Ao redor da imagem reúnem-se familiares, amigos e vizinhos para elevar suas preces e louvores à Mãe querida. Essa nove na termina com a "Gritaria", no dia 7 de de-zembro, véspera da grande festa, quando os fiéis, em alegria incontida, saúdam a Virgem com o grito tradicional: "De onde nos vem tanta alegria?", e respondem: "Da Conceição de Maria". E à meia-noite ouvemse os sinos das cidades e das vilas de todo o país, e intermináveis fogos-de-artifício clareiam o céu para inaugurar o dia festivo de Nossa Senhora Ia Purissima.

Com essa devoção difundiu-se também a oração do rosário. No mês de outubro, celebra-se o "Atabale", costume que reúne o povo, em todos os sábados de outubro, para a reza solene do Rosário. Nesses dias o Atabale, ou tambor, percorre as ruas da cidade, principalmente a cidade de Granada, conduzindo a Imagem da Virgem ao som de instrumentos, de cânticos populares e da recitação dos Mistérios do Rosário.


Padroeira do Panamá

A devoção a Nossa Senhora da Assunção chegou ao Panamá com os evangelizadores franciscanos, cuja fundação fora impregnada por Francisco de Assis com a espiritualidade mariana. A assunção de Nossa Senhora é um dogma de fé da Igreja católica. Inexplicável aos olhos humanos, é motivo de lendas e tradições que são contadas de gerações a gerações. Conta-se que Maria, rodeada pelos apóstolos, fazia suas últimas recomendações enquanto adormecia em Deus. Mas entre eles faltava um: Tomé, que pregava em terras distantes. Quando este chegou, a Virgem já havia sido levada para o Vale do Cedron onde foi sepultada. Ele não se conformou e exigiu que fosse aberto o túmulo de Maria, pois queria ver e beijar pela última vez as mãos de sua mãe santíssima. A todos surpreendeu o fato de nada encontrar no sepulcro, apenas um suave perfume de flores e uma melodia celestial.

Hoje, em Jerusalém, no Monte Sião, podemos encontrar a Igreja da "Dormição", que segundo consta foi uma área doada para moradia de Nossa Senhora, pelo mesmo dono que emprestou o Cenáculo para a Santa Ceia de Jesus.
Nossa Senhora da Assunção é invocada como Virgem Titular no Panamá, tendo seu santuário principal na Catedral Metropolitana do país.


Nossa Senhora de Caacupê - Padroeira do Paraguai

A pequena imagem de madeira que ocupa os principais altares paraguaios, a Virgem de Caacupê, foi esculpida por um índio guarani fugitivo. Vendo-se encurralado pelos índios que o perseguiam e que iriam matá-Io, ele se esconde atrás de uma grande árvore e promete que se fosse salvo faria com aquele tronco que o protegia uma imagem de Nossa Senhora. Fora de perigo, pois milagrosamente seus perseguidores passaram ao seu lado sem o terem percebido, o índio guarani esculpiu duas imagens da Virgem, uma grande, que destinou à igreja da aldeia, e outra menor, que fez para sua devoção particular. Mais tarde houve uma grande inundação no lago de Ypacaraí, arrastando tudo que estava a sua margem. Índios e habitantes do lugar ficavam ali na praia na esperança de recuperar seus pertences ou o corpo de algum familiar. De repente um índio carpinteiro, chamado José, vê descendo pelas águas barrentas uma pequena maleta de couro. Apressa-se em resgatá-la e descobre em seu interior uma pequena imagem da Virgem de Caacupê envolta em panos.

Todos na aldeia sabiam a origem daquela imagem, e em que circunstâncias ela fora esculpida, mas seu dono nunca mais apareceu. O que ninguém conseguia explicar era por que aquela imagenzinha, que havia percorrido diversas aldeias sem qualquer proteção, acabava sendo encontrada toda embalada, dentro da maleta de couro.

Depois de ficar por algum tempo na casa do índio José, e de ter testemunhado inúmeros prodígios e graças, a imagem foi levada à aldeia de Tobati, onde lhe construíram uma capela. Para ali acorreram muitos moradores e logo a aldeia cresceu, dando origem à cidade de Caacupê.
Caacupê é hoje uma realidade mariana e crescem a cada dia as romarias e procissões para aquele santuário. Padroeira do Paraguai, tem sua festa principal no dia 8 de dezembro de cada ano.


Nossa Senhora das Mercês - Padroeira do Peru

Considerada no início padroeira oficial das Forças Armadas, Nossa Senhora das Mercês é cultuada no Peru desde o século XVI. Era invoca da como padroeira especial de Lima, a capital do país, mas logo seus colonizadores a proclamaram padroeira de toda a nação peruana. A festa anual de Nossa Senhora das Mercês acontece com grande pompa no dia 24 de setembro de cada ano. Essa devoção foi trazida à América, em especial ao Peru, pelos padres mercedários, cuja ordem foi fundada por São Pedro Nolasco, aconselhado por Nossa Senhora, para resgatar os cativos infiéis.
Conta a história dessa ordem que, por volta de 1218, época em que os cristãos da península ibérica eram escravizados pelos mouros, a ponto de perderem sua fé e sua inocência, Nossa Senhora apareceu em sonho a três homens: Pedro, militar francês de origem fidalga, que veio a ser São Pedro Nolasco; Raimundo, um dos mais notáveis teólogos de sua época, mais tarde São Raimundo Peñaforte; e Jaime, piedoso rei de Aragão, convidando-os a fundar uma ordem religiosa com a missão de trazer os cristãos cativos de volta para a fé. Quando descobriram que os três tiveram a mesma visão, não duvidaram de que esta era a vontade de Deus, e resolveram fundar a Ordem que recebeu o nome de Ordem Real e Militar de Nossa Senhora das Mercês para o Resgate dos Cativos.

Em sua iconografia Nossa Senhora das Mercês aparece em geral semelhante à Virgem do Carmo, pois segura uma espécie de insígnia com o brasão dos mercedários. Outras vezes aparece abrigando sob seu manto dois escravos ajoelhados, sendo que um deles tem algemas e grilhões nos braços. O que a identifica é principalmente sua vestimenta, uma túnica presa à cintura e sobre ela um escapulário com as armas da Ordem.


Nossa Senhora da Divina Providência - Padroeira de Porto Rico

Desde o século XII, Nossa Senhora da Divina Providência já era invocada na Itália, sempre representada em pinturas e afrescos com um I menino nos braços. Só no século XVIII, porém, esse título foi reconheci do oficialmente pela Santa Sé e se espalhou pelo mundo.

A história desse quadro teve início quando, para ampliar a famosa Piazza Colonna, foi preciso demolir um antigo convento ali existente. Em uma das paredes estava encrustado o belíssimo afresco de autor desconhecido, representando a Virgem Maria.

Apesar de todo cuidado que tiveram para removê-l o, não consegui-ram evitar que o quadro caísse e se fizesse em pedaços. Incorformado, o arquiteto responsável indenizou os religiosos e mandou providenciar um outro quadro da Virgem Maria, que ficou exposto no altar de São Carlos, onde os irmãos se reuniam para rezar.

Quase um século depois, um jovem sacerdote encontrou entre velhos documentos um manuscrito sobre a construção da igreja e do mosteiro, no qual o fundador dizia ter sido a Virgem Maria sua única provedora naquela obra. Como por inspiração divina, mandou fazer uma cópia do quadro doado pelo engenheiro e colocou-o no corredor entre o conven-to e a igreja, com a seguinte inscrição: "Mater Divinae Providentiae".
Em sua iconografia original observa-se que somente a Virgem tem uma fina e luminosa auréola em torno da cabeça, o menino em seus braços representa a humanidade sob a proteção de sua mãe.

A devoção a Nossa Senhora da Divina Providência espalhou-se e nas Américas foi trazida pelos padres barnabitas. Porto Rico, pequena ilha das Antilhas, elegeu-a sua Padroeira. Os portorriquenhos dividem sua devoção entre Nossa Senhora da Divina Providência e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.


Nossa Senhora de Altacrácia - Padroeira da República Dominicana

A devoção a Maria é registrada na República Dominicana desde os inicios de sua colonização, século Xv, em nomes de ilhas, portos e hos-pitais: Porto de Maria, Porto da Conceição, Ilha Santa Maria da Concei-ção, Hospital Conceição de Nossa Senhora etc. A origem do título Nossa Senhora de Altagrácia, porém, é baseada em uma narrativa lendária.

Contam que um distinto senhor de terras e de gado costumava viajar para vender seus produtos na cidade de Ozama. Ao partir para uma dessas viagens, suas filhas lhe fizeram suas costumeiras encomendas: a mais velha, moça vaidosa e extrovertida, pediu-lhe vestidos, adornos e material de costura; a mais nova, jovem compenetrada, simples e pie-dosa, encomendou-lhe uma imagem de Nossa Senhora de Altagrácia. O pai ficou encabulado, pois ninguém jamais ouvira tal invocação da Virgem Maria.
Já de volta para casa, o comerciante não conseguira encontrar a enco-menda da filha mais nova. Parando em uma pousada na cidade de Los Dos Ríos, o pai desapontado lamentava-se com um seu amigo de via-gem por não poder atender ao pedido da filha.

Certo velhinho que ouvia sua conversa interrompeu-os dizendo: "Como não conhecem Altagrácia? Eu a trago comigo". E, tirando do bolso um pergaminho e pincéis, desenhou a imagem da Virgem: era Maria adorando um recém-nascido, tendo atrás de si São José, que trazia nas mãos uma vela acesa. O velhinho entregou essa imagem ao pai e no dia seguinte desapareceu.

Já em casa, na pequena cidade de Higuey, sob uma laranjeira, que resiste até hoje através dos séculos, o pai entregou à filha o retrato de Nossa Senhora de Altagrácia. Ali mesmo foi construída uma pequena capela que deu origem ao atual Santuário de Higuey, dedicado à padroeira da República Dominicana. Sua festa é celebrada no dia 21 de JaneIro.

Hoje o quadro é reproduzido e exposto à veneração popular em mui-tas igrejas da América Latina e dos Estados Unidos.


Nossa Senhora de Sipária - Padroeira de Trinidad y Tobago

Sipária é uma aldeia da ilha de Trinidad, que se orgulha de possuir muitos tesouros espirituais. Nessa aldeia foi erguida a primeira capela à Santíssima Virgem de Sipária, com o título de Divina Pastora ou Nossa Senhora Divina Pastora.
Diz a tradição que a imagem da Virgem aí venerada foi traz ida pelos, espanhóis, na época do descobrimento por Cristóvão Colombo, em 31 de julho de 1498. Os índios a teriam encontrado no meio da mata e no local construíram uma pequena ermida.

Anos mais tarde quiseram levá-Ia para Oropenche, onde estaria mais acessível aos peregrinos, mas a Santíssima Virgem manifestou sua vontade de permanecer no mesmo local onde fora encontrada.
Então foi construído ali mesmo o seu santuário que hoje recebe os romeiros de todas as Antilhas, da Venezuela e do Brasil.

A festa de Nossa Senhora de Sipária é celebrada todos os anos no segundo domingo depois da Páscoa, quando se lê o evangelho do Bom Pastor.
Devido aos inúmeros prodígios que se manifestam em sem santuá-rio, fruto da grande devoção popular, a imagem ficou conhecida como a Lourdes da ilha de Trinidad.


Nossa Senhora dos Trinta e Três - Padroeira do Uruguai

A história mariana no Uruguai começou em 1726, ano da fundação de Montevidéu, com sua primeira igreja dedicada à Imaculada Conceição de Maria.
Durante a guerra da independência do país muitos fatos históricos revelaram a filial devoção dos uruguaios a Maria.

Conta a história que antes da última batalha decisiva no Uruguai, em maio de 1823, sob o comando do general Juan Lavalleja, 33 soldados vindos do Brasil desfilaram diante do altar da Virgem de Luján deI Pintado, na cidade de Florida, renovando o juramento de "Liberdade ou Morte".

Em agosto do mesmo ano, a Assembléia dos Bispos, convocada pela igreja paroquial de Florida, declarou a independência nacional e decretou que a partir daquela data a Virgem receberia o nome de Virgem dos Trinta e Três, passando para a história o confiante e decidido gesto dos 33 valentes soldados.

Inspirada na Assunção de Murillo, sua estatueta, de 36 cm apenas, foi esculpida por um indígena, que a expôs à veneração numa ermida na Serra do Pintado, próxima a uma aldeia jesuíta. Com a partida dos jesuítas surgiu ao seu redor um pequeno centro habitado, Vila de Luján deI Pintado, que mais tarde tornou-se paróquia.
Trasladada para a cidade de Florida, a pequena imagem traz hoje em uma lápide a histórica inscrição: "Diante desta imagem de Nossa Senhora de Luján del Pintado, os trinta e três inclinaram sua bandeira tricolor; a Ela também invocaram os Convencionais da Independência" .
Em 21 de novembro de 1962, a Virgem dos Trinta e Três foi proclamada pela Santa Sé Padroeira do Uruguai e, em 1° de abril de 1963, a catedral de Florida foi honrada com o título de Basílica Menor.Sua festa é celebrada no dia 8 de dezembro.


Nossa Senhora de Coromoto - Padroeira da Venezuela

As primeiras manifestações da devoção a Maria no continente latino-americano aconteceram na Venezuela. João Mateus e Alonso de Ojeda, da esquadra de Colombo, trouxeram consigo uma pequena imagem de Nossa Senhora, a mais antiga de que se tem notícia na América Latina.

Ainda hoje a Venezuela é considerada uma das nações mais marianas do mundo. Há no país mais de 40 santuários dedicados à Virgem Maria.
A denominação Nossa Senhora de Coromoto vem da tradicional história de conversão do cacique Coromoto. No começo do ano de 1652, o cacique dirigia-se para a lavoura nas montanhas, na região do rio Guanare. Eis que de repente uma visão: belíssima Senhora, com um menino ao colo, vem em sua direção, andando sobre as águas cristalinas do rio. Aproximando-se, ordena-lhe, em sua língua nativa, que saia do bosque e vá até onde moram os brancos, para receber água sobre a cabeça e assim poder ir para o céu.
As palavras da Senhora convenceram o cacique; e todos os índios, sabendo do ocorrido, quiseram também receber o batismo.

Cacique Coromoto passa a estudar religião, participando de encontros de catequese. Logo, porém, perde o interesse e abandona tudo.
A Virgem aparece-lhe novamente e insiste que continue os estudos. Irritado, achando tratar-se de repreensão da Virgem, o índio atira-lhe uma flecha e avança contra ela para empurrá-Ia. Quando ia tocar a Senhora, esta sorri e desaparece, deixando nas mãos do índio uma pedra ovalada, na qual estava gravada a imagem da Mãe de Deus num trono, com seu filho ao colo.
Essa relíquia é até hoje venerada na Basílica de Guanare.

À morte, picado por uma cobra venenosa, o cacique Coromoto se converte e pede a todos os seus índios que sigam a fé católica.
Hoje é muito concorrido pelos peregrinos o santuário de Nossa Senhora de Coromoto, cuja festa litúrgica celebra-se no dia 8 de setembro.


Imaculada Conceição - Padroeira da Congregação do Santíssimo Redentor

Os Redentoristas “tomam a Ss. Virgem Maria como Modelo, Protetora e Ajuda, Ela que, caminhando na fé e abraçando de todo o coração a vontade salvífica de Deus, como serva do Senhor, dedicou-se totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, serviu e continua a servir ao Mistério da Redenção, socorrendo perpetuamente o povo de Deus em Cristo. Honram Nossa Senhora como Mãe com piedade e amor filial, promovem o seu culto, principalmente o litúrgico, celebram as suas festas e recitam o Rosário.


Introdução às Padroeiras

Maria Santíssima ocupa no coração dos latino-americanos um lugar de predileção. Puebla lembra que a Igreja latino-americana, querendo com nova lucidez e nova decisão evangelizar, no fundo, na raiz,na cultura do povo, volta-se para Maria para que o Evangelho se torne mais carne, mais coração na América Latina. Esta é a hora de Maria.

Ela é a estrela de uma evangelização sempre renovada ( Puebla,303).

Expondo os mais diversos títulos com que a nossa Mãe Maria é honrada e cantada na América Latina, este livro mostra diversas facetas existenciais do nosso povo. Não são Nossas Senhoras diferentes. É a mesma Nossa Senhora, mas sob aspectos diferentes, aspectos cada qual mais rico e repleto da mais terna devoção.

A Academia Marial de Aparecida, apoiando a pubicação deste livro, deseja cooperar para que o mistério da Santíssima Virgem seja cada vez mais aprofundado e produza frutos de vida eterna. Já no término de um milênio e no início de um novo, o terceiro milênio, Jesus e Maria devem estar presentes como estiveram presentes nas bodas de Caná. O que é o início do terceiro milênio senão uma espécie de bodas, onde todos, felizes, auguram aos noivos uma convivência familiar feliz com todas as bênçãos do céu? Ora, começando o terceiro milênio, o que mais desejamos do que ver todos os povos, todas as raças, toda a humanidade feliz, como Deus nos sonhou no início dos tempos quando do nada fez os céus e a terra, e viu que tudo era bom,que tudo era muito bom ( Gênesis 1,31)?

Vale a pena conhecer sempre melhor e amar sempre mais a Virgem de Nazaré. Não está longe de Jesus quem está perto de Maria.

Dom Aloísio Cardeal Lorscheider, OFM


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