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Textos_Religiosos-->Papa constata aproximação dos ortodoxos sobre primado -- 16/12/2008 - 18:53 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Papa constata aproximação dos ortodoxos sobre primado

Recebeu os participantes da Plenária do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ZENIT.org

«Deram-se significativos passos adiante» no diálogo com os ortodoxos sobre a relação entre o primado do Papa e a sinodalidade na Igreja, constatou Bento XVI na sexta-feira passada, ao receber em audiência os participantes da plenária do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que durante a semana passada refletiram sobre «recepção e futuro do diálogo ecumênico».

Em seu discurso, o Papa comentou os progressos realizados tanto no diálogo teológico como no crescimento da fraternidade eclesial e no «espírito de amizade» com as Igrejas Ortodoxas e com as antigas Igrejas Ortodoxas do Oriente.

Neste sentido, afirmou que o último documento da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas sobre o tema «Comunhão eclesial, conciliariedade, e autoridade» «abre certamente uma perspectiva positiva de reflexão sobre a relação que existe entre primado e sinodalidade na Igreja, tema de crucial importância nas relações com os irmãos ortodoxos e que será objeto de aprofundamento e de discussão nas próximas reuniões».

O documento, aprovado em outubro de 2007, trata da questão do protòs-kephalé – do «primeiro e cabeça» da Igreja – no âmbito local (o bispo), regional (o patriarca) e universal (o bispo de Roma), aplicando o cânon 34 dos Apóstolos – texto fundamental para a eclesiologia oriental – aos três níveis de forma análoga.

Neste sentido, constitui um acordo entre católicos e ortodoxos sobre uma plataforma teológica e eclesiológica comum sobre a qual se funda a discussão sobre o primado do Bispo de Roma.

O próprio patriarca ecumênico Bartolomeu I, por ocasião da celebração das primeiras vésperas por Bento XVI na Capela Sistina durante o recente Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, havia tocado estas questões, sublinhando que «junto ao primado, a sinodalidade constitui a estrutura fundamental do governo e da organização da Igreja».

Esta se manifesta, explica, «nos múltiplos contatos estabelecidos entre responsáveis da Cúria Romana e Bispado da Igreja Católica com responsáveis das diferentes Igrejas Ortodoxas, como também nas visitas de altas personalidades ortodoxas a Roma e a Igrejas particulares católicas».

Diálogo com as comunidades da Reforma

De modo particular, dentro do chamado Harvest Project, examinaram-se quatro das frentes de diálogo que a Igreja Católica mantém atualmente: com a Federação Luterana Mundial, com o Conselho Mundial Metodista, com a Comunhão Anglicana e com a Aliança Reformada Mundial.

Sobre o estado de avanço para uma compreensão recíproca e para o reconhecimento de elementos de convergência, o Papa afirmou que «nos encontramos in via, em uma situação intermediária, na qual parece muito útil e oportuno um exame objetivo dos resultados obtidos».

É necessário, explicou o Papa, «por um lado, o discernimento do itinerário percorrido até agora, e por outro, a descoberta de novos caminhos para prossegui-lo, buscando juntos como superar as divergências que infelizmente ainda existem nas relações entre os discípulos de Cristo».

Em seu breve discurso de saudação ao Papa, o cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, havia explicado que durante os trabalhos da Assembléia se manifestaram sobretudo «problemas de hermenêutica, ou seja, de interpretação da Palavra de Deus testemunhada na Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja; e também problemas urgentes nesta situação, que têm a ver com a antropologia e a eclesiologia».

Frente às mudanças que o panorama ecumênico está sofrendo com o surgimento de novas comunidades e grupos, e inclusive tendências inéditas e tensões, o Papa sublinhou a importância do diálogo teológico.

Neste sentido, afirmou, é essencial «delinear de forma concreta as perspectivas do empenho ecumênico que a Igreja Católica pretende prosseguir e intensificar com prudência e sabedoria pastoral».

«A caridade ajudará os cristãos a cultivarem a ‘sede’ da plena comunhão na verdade e, seguindo docilmente as inspirações do Espírito Santo, poderemos esperar chegar logo à desejada unidade, no dia que o Senhor quiser», acrescentou.

Portanto, «o ecumenismo nos convida a um fraterno e generoso intercâmbio de dons, conscientes de que a plena comunhão na fé, nos sacramentos e no ministério é o fim e a meta de todo o movimento ecumênico», concluiu.


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