Comunicado final do XI Colóquio católico-muçulmano
Entre o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso e a World Islamic Call Society
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
ZENIT.org
Oferecemos a seguir o texto na íntegra do comunicado final do XI Encontro celebrado nestes dias em Roma entre membros do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso e da World Islamic Call Society, que a Santa Sé divulgou hoje.
Comunicado final do XI Colóquio do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso e a World Islamic Call Society
O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso (Cidade do Vaticano) e a World Islamic Call Society (Trípoli, Líbia) organizaram conjuntamente um Colóquio em Roma de 15 a 17 de dezembro de 2008. Esta iniciativa segue outros encontros que começaram em 1976 com a Conferência cristã-muçulmana que aconteceu em Trípoli, e que continuaram regularmente desde 1989 até hoje. As seguintes pessoas participaram do encontro:
Participantes católicos:
1. Sua Eminência o cardeal Jean-Louis Tauran
2. Sua Excelência o arcebispo Pier Luigi Celata
3. Sua Excelência o bispo Giovanni Martinelli
4. Sua Excelência o bispo Jean-Luc Brunin
5. Reverendo monsenhor Khaled Akasheh
6. Reverendo padre Markus Solo
7. Reverendo monsenhor Bernard Munono
8. Reverendo monsenhor Mato Zovki‚
9. Reverendo padre Joseph Ellul, O.P.
10. Dra. Ilaria Morali
11. Dra. Eugenia Di Gregorio
12. Sr Roberto Mussi
Participantes muçulmanos:
1. Sr Ibrahim Rabu
2. Dr. Mohamed Fathalla Ziadi
3. Dr. Abdelati Abdelgalil Al-Warfally
4. Dr. Amal Ibrahim Said
5. Dr. Mohammad Assammak
6. Dr. Mohammed Bakari
7. Dr. Anas Schakfeh
8. Sr Faisal Joseph
9. Imane Ahmad Tayel
10. Dr. Mohammad Beshari
11. Dr. Mansur Tantush
A delegação católica estava presidida pelo cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, enquanto a muçulmana estava dirigida pelo senhor Ibrahim Rabou, chefe de Departamento de Conferências, Organizações Internacionais e Ajuda, naWorld Islamic Call Society.
O tema do colóquio foi «Responsabilidade dos líderes religiosos especialmente em tempos de crise». O tema se desenvolveu em três subtemas: 1) Responsabilidades religiosas; 2) Responsabilidades culturais e sociais, 3) Tempos de crise no caminho do diálogo inter-religioso.
Os participantes católicos e muçulmanos entraram em acordo no seguinte:
1) A primeira e mais importante responsabilidade dos líderes religiosos é de natureza religiosa, de acordo com suas respectivas tradições religiosas, cumprindo fielmente através do ensinamento, boas obras e o exemplo, portanto, e servir a suas comunidades para a glória de Deus.
2) Levando em conta o papel que as religiões podem e devem ter na sociedade, os líderes religiosos também têm uma função cultural e social a desempenhar na promoção de valores éticos fundamentais, tais como a justiça, a solidariedade, a paz, a harmonia social e o bem comum da sociedade em seu conjunto, especialmente para os necessitados, os frágeis, os migrantes e os oprimidos.
3) Os líderes religiosos têm uma responsabilidade especial para com os jovens, que requerem uma atenção especial, a fim de que não sejam vítimas do fanatismo religioso e do radicalismo, e que recebam ao contrário uma boa educação que lhes ajude a converter-se em construtores de pontes e agentes de paz.
4) Levando em conta que as crises de diferente natureza, inclusive nas relações inter-religiosas, são possíveis, tanto no âmbito nacional como internacional, os líderes religiosos devem aprender a prevenir, enfrentar e remediar estas situações, evitando sua degeneração em violência confessional. Isso requer um respeito mútuo e um conhecimento recíproco, tanto no cultivo das relações pessoais como no fomento da confiança mútua, com o fim de ser capazes de enfrentar juntos as crises quando ocorrerem.
Os participantes se sentiram honrados e agradecidos ao ser recebidos por Sua Santidade Bento XVI, que lhes expressou sua satisfação e forte ânimo.
Ambas as partes acordaram ter o próximo colóquio em Trípoli, nos próximos dois anos.
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Líderes católicos e muçulmanos decidem enfrentar crises juntos
Termina em Roma o XI Colóquio Católico-Muçulmano
Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
ZENIT.org
Os líderes católicos e muçulmanos devem enfrentar de forma conjunta as crises que possam surgir entre ambas as comunidades: é uma das conclusões a que chegou o XI Colóquio entre o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso e a World Islamic Call Society, que aconteceu nestes dois últimos dias em Roma.
As duas delegações, a católica presidida pelo cardeal Jean-Louis Tauran, presidente deste dicastério, e a muçulmana dirigida por Ibrahim Rabu, representante da WICS, foram recebidas pelo Papa nesta quarta-feira, ao término da audiência geral.
Em um comunicado de quatro pontos, divulgado hoje pela Santa Sé, os participantes do Colóquio (12 de cada confissão religiosa) concordaram em «enfrentar de forma conjunta» as «crises de diferentes naturezas, inclusive nas relações inter-religiosas, tanto no âmbito nacional como internacional».
«Os líderes religiosos devem aprender a prevenir, enfrentar e remediar estas situações, evitando sua degeneração em violência confessional», afirmam ambas as partes.
Isso requer, afirmam, «um respeito mútuo e um conhecimento recíproco, tanto no cultivo das relações pessoais como no fomento da confiança mútua, com o fim de ser capazes de enfrentar juntos as crises quando estas ocorrerem».
Manifestaram especialmente sua responsabilidade para com os jovens, «que requerem uma atenção especial, a fim de que não sejam vítimas do fanatismo religioso e do radicalismo, e que recebam uma boa educação que os ajude a converter-se em construtores de pontes e agentes de paz».
A responsabilidade dos líderes religiosos «é, antes de tudo, de natureza religiosa», afirma o comunicado, mas «também cultural e social».
Com sua atividade religiosa, os líderes desempenham «uma importante função na promoção de valores éticos fundamentais, tais como a justiça, a solidariedade, a paz, a harmonia social e o bem comum da sociedade em seu conjunto, especialmente com os necessitados, os frágeis, os migrantes e os oprimidos».
Os participantes concordaram, finalmente, em voltar a reunir-se em Trípoli (Líbia), dentro de dois anos.