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Textos_Religiosos-->ALLAN KARDEC ERA RACISTA ?? ANÁLISE CRÍTICA DOS FATOS !! -- 19/08/2005 - 14:17 (Lauro Denis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



ALLAN KARDEC, UM RACISTA BRUTAL E GROSSEIRO ???!!!

SÓ SE FOR PORQUE O TURATTI, QUEVEDO, FEDELI, E OUTROS DETRATORES INCONFORMADOS QUEREM !




Allan Kardec


“O Espiritismo não teme a luz; ele a chama sobre suas doutrinas, porque quer ser aceito livremente pela razão. Longe de temer, pela fé dos Espíritas, a leitura das obras que o combatem, diz: Lede tudo; o pró e o contra, e fazei a escolha com o conhecimento de causa” (KARDEC).


“Continuarei, pois, a fazer todo o bem que puder, mesmo aos meus inimigos, porque o ódio não me cega; e eu lhes estenderia sempre a mão para tirá-los de um precipício, se a ocasião disso se apresentasse”. (KARDEC).

“É um fato constatado, que os adversários do Espiritismo dispensaram mil vezes mais força para abatê-lo, sem a isto chegar, do que seus partidários não o empregaram para propagá-lo”.
(KARDEC).



INTRODUÇÃO

É interessante notar que nossos críticos, na tentativa de desmerecerem o Espiritismo, não medem conseqüências ao construir seus disparates. O que se percebe é que o Espiritismo incomoda muito certas pessoas e determinados grupos religiosos. Por que será que isso acontece? Quando uma coisa não tem nenhum valor, ninguém se preocupa com ela, mas quando se gastam muito tempo, tinta e papel, para tentar derrubar a Doutrina Espírita, é porque os contrários a vêem como algo de valor. Se bem que não é propriamente valor, pois é certo que mais vêem nela um perigo. Daí se explicar esse combate sistemático, muito embora explicar não seja justificar. Mas que tipo de perigo é esse? É o perigo de desestruturar toda a nefanda teologia dogmática, que vem sendo passada de geração a geração, teologia essa usada para manter o “status” de poder para uns e de dinheiro para outros.

E assim se cumpre um famoso ditado : “Só se atiram pedras em árvore que dá frutos”.


Henri Sausse, biografo de Kardec, diz :


“Todos sabeis que a nossa cidade se pode honrar, a justo título, de ter visto nascer entre seus muros esse pensador tão arrojado quão metódico, esse filósofo sábio, clarividente e profundo, esse trabalhador obstinado cujo labor sacudiu o edifício religioso do Velho Mundo e preparou os novos fundamentos que deveriam servir de base à evolução e à renovação da nossa sociedade caduca, impelindo-a para um ideal mais são, mais elevado, para um adiantamento intelectual e moral seguros”. (O que é o Espiritismo, pág. 10).

Palavras que serão suficientes para retirar da lama, em que quase todos os detratores do Espiritismo querem manter o nome de Kardec, já que, por lhes faltarem argumentos suficientes para contestarem o pensamento, buscam atingir a pessoa, como se isso fosse resolver a questão. Conseguir-se-á enganar apenas aos néscios.

Mas antes de entrar na análise dos textos, disponíveis na Internet através dos links : www.montfort.org.br/veritas/kardec.html, www.montfort.org.br/veritas/kardec2.html e
www.montfort.org.br/veritas/kardec3.html, devemos colocar algo que pode provar ao atento leitor qual é realmente o pensamento de Kardec, para que, daí, cada um possa tirar suas próprias conclusões sobre o que coloca o presente contraditor do Espiritismo, o qual, diga-se de passagem, se envergonhou em colocar em sua assinatura o título de Professor, já que pressente que o que faz não cai bem a um educador, pois caluniar é próprio de gente sem qualquer tipo de educação moral.



O texto objeto de análise

A questão do racismo tem sido muito discutida no movimento espírita, em função de alguns textos de Allan Kardec acerca da raça negra, contidos na Revista Espírita e em Óbras Póstumas.

Na Revista Espírita de abril de 1862, no texto intitulado "Frenologia Espiritualista e Espírita - Perfectibilidade da Raça Negra", Kardec procura relacionar o Espiritismo com a Frenologia, segundo uma interpretação espiritualista dessa antiga ciência.

No tempo do codificador da Doutrina Espírita, a Frenologia era uma ciência que estava em voga e consistia no estudo das faculdades humanas a partir da configuração craniana. Desenvolvida pelo médico e anatomista alemão Franz Josef Gall, chegou a causar uma certa polêmica nos meios acadêmicos da época. Apesar dessa ciência ser hoje totalmente ultrapassada, interessa-nos algumas conclusões do codificador.



Vamos às devidas refutações aos costumeiros detratores da Doutrina Espírita. Toda a fala do crítico e pseudo-intelectual, o sr. Orlando Fedeli, que se diz “professor”, do site católico Montfort, que será objeto de análise, nós a colocaremos em destaque, com negrito e sempre no início, com a devida refutação em seguida :


Orlando Fedeli : “ ALLAN KARDEC, UM RACISTA BRUTAL E GROSSEIRO.
É bem sabido que o darwinismo suscitou uma grande onda racista. Pois se a luta pela sobrevivência causava a seleção das espécies, a luta entre as raças causaria o aperfeiçoamento da espécie. Assim, o nazismo foi um dos efeitos do darwinismo. O que, porém se deixa à sombra, é a influência do darwinismo no racismo de Allan Kardec, o fundador do espiritismo moderno ".

REFUTAÇÃO : Interessante a tentativa do crítico em relacionar o darwinismo com onda racista, para ao final relacioná-lo a Kardec. Será que essa grande onda racista também não ocorreu como resultado das cruzadas ou da inquisição? A religião pura ao mundo, nem que seja a custa de ferro e fogo, não seria um “nazismo religioso”?

Se Kardec realmente fosse um racista, como pretende o opositor, ele o seria quem sabe pela sua orientação religiosa, pois somente após meio século de existência é que veio a estudar as manifestações dos espíritos, origem dos princípios da Doutrina Espírita. Adivinhe qual era a religião de Kardec? Aguarde um pouco que iremos dizer-lhe.



Orlando Fedeli : Kardec, cujo verdadeiro nome era Hypolite Léon Dénizard Rivail, foi um homem que aprendeu bem mal a Gnose típica das sociedades secretas a que pertenceu. Nessas sociedades do século XIX, se ensinava uma doutrina mais ou menos influenciada pelo romantismo, doutrina em geral originada do cabalista Jacob Boehme. Se Kardec aprendeu mal essa doutrina teosófica e romântica, ensinou-a pior ainda. Daí nasceu o sistema gnóstico grosseiro e cheio de contradições do espiritismo moderno.

REFUTAÇÃO : Gostaríamos que nos apresentasse a relação das sociedades secretas de que Kardec fez parte, indicando, obviamente a fonte de consulta.

Ainda poderemos acrescentar que até o ano de 1854, aos seus cinqüenta anos, Kardec era católico, daí podemos dizer que o seu caráter foi formado no meio católico. Assim se algo de ruim existiu em sua personalidade, como quer a má-fé desse nosso crítico, a culpa não é do Espiritismo, não é mesmo ?



Orlando Fedeli : Lendo os livros de Kardec, tem-se a impressão de ler textos de um aluno de ginásio que, não tendo compreendido bem a lição que recebeu, e com presunção própria aos ignorantes, escreve obras sem nexo, contraditórias e mal feitas. O resultado é uma Gnose de “basse cour”, isto é, uma “gnose de galinheiro”.

REFUTAÇÃO : Por ela se passa pisando como em “lama” seu pseudo intelectual !
As circunstâncias de agora nos obriga a colocar um pouco da biografia de Kardec. Diz-nos Henri Sausse:

“... fez em Lião os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, um pouco de todos os lados, para fundar institutos semelhantes ao de Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de o substituir na direção da sua escola. ... Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina, tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente sua tese. Lingüista insigne, conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua”.

“... Organizou também em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada, de 1835 a 1840, e que eram muitos freqüentados”.

“Membro de várias sociedades sábias, notadamente da Academia real d’Arras, foi premiado, por concurso, em 1831, pela apresentação da sua notável memória: Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época ?”.

“Dentre as suas numerosas obras convém citar, por ordem cronológica : Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública, em 1828; em 1829, segundo o método de Pestalozzi, ele publicou, para uso das mães de família e dos professores, o Curso prático e teórico de aritmética; em 1831 fez aparecer a Gramática francesa clássica; em 1846 o Manual dos exames para obtenção dos diplomas de capacidade, soluções racionais das questões e problemas de aritmética e geometria; em 1848 foi publicado o Catecismo gramatical da língua francesa; finalmente, em 1849, encontramos o Sr. Rivail professor no Liceu Polimático, regendo as cadeiras de Fisiologia, Astronomia, Química e Física. Em uma obra apreciada resume seus cursos, e depois publica : Ditados normais dos exames na Municipalidade e na Sorbona; Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas”.

“Tendo sido essas diversas obras adotadas pela Universidade de França,... Seu nome era conhecido e respeitado, seus trabalhos justamente apreciados, muito antes que ele imortalizasse o nome de Allan Kardec”.
(grifos nossos).

Se Kardec “fez textos para alunos de ginásio” e “é pseudo-intelectual” que dirá do nosso critico, pois até onde sabemos não contribuiu em nada para educação brasileira, se o fez é tão irrelevante que nunca ouvimos falar dele. Os dados que apresentamos acima são suficientes para ver que o nosso crítico é quem quer jogar lama em cima do autor, cuja obra não tem competência para contra-argumentar.

Ficamos a pensar : Por que será que o Espiritismo tem atraído tanta gente ? No censo 2002, o IBGE constatou que onde existe relativamente a maior quantidade de pessoas com maior tempo de estudo é justamente no Espiritismo. Do que se conclui que é entre os Espíritas que há o maior contingente de pessoas portadoras de curso superior. São eles os “alunos do ginásio” que estudam Kardec, ironia do destino?



Orlando Fedeli : Pois lendo -- com repugnância -- o livro A Gênese de Allan Kardec (Ed. Lake, São Paulo, 1a edição, comemorativa do 300º aniversário dessa obra) pode-se encontrar o seguinte texto, escandalosamente racista, do fundador do espiritismo moderno: “O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso (sic!). Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados". (Allan Kardec, A Gênese, ed. cit. p. 187, o sublinhado e o negrito são meus).
Kardec afirma aí o mais grosseiro e brutal racismo.

REFUTAÇÃO : Por ter lido com “repugnância” não conseguiu entender as colocações de Kardec. Um crítico sério leria com mais atenção para não falar inverdades, mas não estamos tratando com um desse naipe, pois esse faz da calúnia sua arma de combate.

Quanto à questão de mal se distinguir dos macacos, devemos informar que na Academia Nacional de Ciências dos EUA, Goodman e sua equipe compararam 97 genes de humanos, chimpanzés, gorilas, orangotangos e outros macacos e descobriram que o grau de semelhança, nas regiões do DNA analisadas, é de 99,4% entre seres humanos e chimpanzés. Daí poder se afirmar que realmente a raça humana pouco se difere da dos “macacos”. Por mais que isso venha a ferir o orgulho de alguns, essa é a realidade insofismável.


E sobre a origem do homem corporal, diz Kardec :

“Do ponto de vista corporal, e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais não difere senão por nuanças na forma exterior; de resto, a mesma composição química que todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução; ela nasce, vive e morre nas mesmas condições, e, em sua morte, seu corpo se decompõe como o de tudo o que vive. Não há em seu sangue, em sua carne, em seus ossos, um átomo diferente daqueles que se encontram no corpo dos animais; como estes, em morrendo, retorna à terra o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono que estavam combinados para formá-lo, e vão, por novas combinações, formar novos corpos minerais, vegetais e animais. A analogia é tão grande que se estudam as funções orgânicas sobre certos animais, quando as experiências não podem ser feitas nele mesmo”.

“Na classe dos mamíferos, o homem pertence à ordem dos bímanos. Imediatamente abaixo dele vêm os quadrúmanos (animais de quatro mãos) ou macaco, dos quais uns, como o orangotango, o chimpanzé, o mono têm certos comportamentos do homem, a tal ponto que, há muito tempo, são designados sobre o nome de homens da floresta; como ele, caminham eretos, servem-se de bastões, constroem suas cabanas, e levam os alimentos à boca com a mão, sinais característicos”.

“Por pouco que se observe a escala dos seres vivos do ponto de vista do organismo, reconhece-se que, desde o líquen até a árvore, e depois do zoófito até o homem, há uma corrente se elevando gradualmente sem solução de continuidade, e da qual todos os anéis têm um ponto de contato com o anel precedente; seguindo-se passo a passo a série de seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior. Uma vez que o corpo do homem está em condições idênticas aos outros corpos, química e constitucionalmente, que ele nasce, vive e morre do mesmo modo, deve ter sido formado nas mesmas condições”.

“Quanto isso possa custar ao seu orgulho, o homem deve se resignar a não ver, em seu corpo material, senão o último anel da animalidade sobre a Terra. O inexorável argumento dos fatos aí está, contra o qual protestaria em vão”.

“Mas, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, mais o princípio espiritual cresce em importância; se o primeiro o coloca ao nível do animal, o segundo o eleva a uma altura incomensurável. Vemos o círculo em que se detém o animal : Não vemos o limite onde pode chegar o Espírito do homem”.
(A Gênese, pág. 177-178).

Ainda em A Gênese, quando fala da Encarnação dos Espíritos, Kardec diz exatamente o oposto do que o crítico apresenta acima, entretanto, por absoluta má-fé, deixa de abordar todo o pensamento de Kardec, que, em complemento ao citado acima, diz :

"Esses Espíritos dos selvagens, entretanto, pertencem também à Humanidade; esperarão um dia o nível de seus primogênitos, mas não será isso certamente nos corpos da mesma raça física, impróprios a um certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não mais estiver em relação com o seu desenvolvimento, emigrarão desse meio para se encarnarem num grau superior, e assim por diante até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra, para passar a outros mundos, mais e mais avançados."

(Revista Espírita, abril de 1862, página 97: Perfectibilidade da raça negra). (A Gênese, pág. 192).

Não sabemos de onde o "brilhante professor Fedeli" tirou que Kardec estaria aí sendo racista. O fato de dizer que existe raças mais inteligentes é racismo ? Realmente tinha mesmo que ter vergonha de assinar como professor. Quer goste ou não, existem pessoas mais inteligentes que outras, povos mais inteligentes que outros e raças mais inteligentes que outras, mas isso não quer dizer, como bem coloca Kardec, que isso será por toda a eternidade, pois o espírito ao reencarnar irá renascer nas mais evoluídas, num progresso sem fim, até a perfeição possível a um ser humano. Veja bem, se disséssemos que existe raça negra, não estaremos diante de uma afirmativa racista, é uma constatação do que a natureza produziu, em última instância Deus. Racismo, caro professor Fedeli, é desprezar os outros por qualquer motivo, mesmo que, estranhamente, esse motivo seja o religioso. Ao final, o nosso crítico colocará esse trecho, deixaremos para lá o complemento de nossos argumentos.



Orlando Fedeli : ALLAN KARDEC, UM RACISTA BRUTAL E GROSSEIRO - 2
Vimos já várias citações escandalosamente racistas de Allan Kardec, frutos de sua doutrina caudatária do evolucionismo darwinista.

REFUTAÇÃO : Sem querer ser racista, mas esse "professor" Fedeli é no mínimo doido. Apresenta até agora apenas uma passagem, que por sinal já demonstramos não haver racismo por parte de Kardec, e diz que “vimos várias citações escandalosamente racistas”. Veja bem, caro leitor, é uma pessoa assim que quer derrubar Kardec ... quanta presunção.



Orlando Fedeli : Hoje, queremos apresentar mais um texto desse autor, que, embora tendo baixíssimo nível intelectual, vem causando muito mal, particularmente no Brasil.

REFUTAÇÃO : Já falamos sobre isso, desnecessário, portanto, voltarmos ao assunto, já que o leitor tem elementos de sobra para ver de que lado sopra o vento da razão.



Orlando Fedeli : Na obra intitulada O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta:

"6 --Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 126). Já a pergunta denota um certo racismo, pois supõe que uma criança hotentote, ainda que educada nas melhores escolas, não teria possibilidade natural de alcançar o nível de um cientista branco.

REFUTAÇÃO : Novamente a má-fé é a arma desse crítico, pois pelo seu saber intelectual não podemos admitir que não tenha entendido o pensamento de Kardec. Mas propositalmente deixa de citar tudo o que Kardec diz nesse item. Assim, vejamos o que deixou de colocar :
Se não há reencarnação, só há, evidentemente, uma existência corporal. Se a nossa atual existência corpórea fosse a única, a alma de cada homem teria sido criada por ocasião do seu nascimento, a menos que se admita a anterioridade da alma, caso em que se caberia perguntar o que era ela antes do nascimento e se o estado em que se achava não constituía uma existência sob forma qualquer. Não há meio termo : Ou a alma existia, ou não existia antes do corpo. Se existia, qual a sua situação ? Tinha, ou não, consciência de si mesma ? Se não tinha, é quase como se não existisse. Se tinha individualidade, era progressiva, ou estacionária ? Num e noutro caso, a que grau chegara ao tomar o corpo ? Admitindo, de acordo com a crença vulgar, que a alma nasce com o corpo, ou, o que vem a ser o mesmo, que, antes de encarnar, só dispõe de faculdades negativas, perguntamos :

Por que mostra a alma aptidões tão diversas e independentes das idéias que a educação lhe fez adquirir ?

Donde vem a aptidão extranormal que muitas crianças em tenra idade revelam, para esta ou aquela arte, para esta ou aquela ciência, enquanto outras se conservam inferiores ou medíocres durante a vida toda ?

Donde, em uns, as idéias inatas ou intuitivas, que noutros não existem ?

Donde, em certas crianças, o instituto precoce que revelam para os vícios ou para as virtudes, os sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, contrastando com o meio em que elas nasceram ?

Por que, abstraindo-se da educação, uns homens são mais adiantados do que outros ?

Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes de um menino hotentote recém-nascido e o educardes nos nossos melhores liceus, fareis dele algum dia um Laplace ou um Newton?

Qual a filosofia ou a teosofia capaz de resolver estes problemas ? É fora de dúvida que, ou as almas são iguais ao nascerem, ou são desiguais. Se são iguais, por que, entre elas, tão grande diversidade de aptidões? Dir-se-á que isso depende do organismo. Mas, então, achamo-nos em presença da mais monstruosa e imoral das doutrinas. O homem seria simples máquina, joguete da matéria; deixaria de ter a responsabilidade de seus atos, pois que poderia atribuir tudo às suas imperfeições físicas. Se almas são desiguais, é que Deus as criou assim. Nesse caso, porém, por que a inata superioridade concedida a algumas ? Corresponderá essa parcialidade à justiça de Deus e ao amor que Ele consagra igualmente a todas suas criaturas ?

Admitamos, ao contrário, uma série de progressivas existências anteriores para cada alma e tudo se explica. Ao nascerem, trazem os homens a intuição do que aprenderam antes : São mais ou menos adiantados, conforme o número de existências que contem, conforme já estejam mais ou menos afastados do ponto de partida. Dá-se aí exatamente o que se observa numa reunião de indivíduos de todas as idades, onde cada um terá desenvolvimento proporcionado ao número de anos que tenha vivido. As existências sucessivas serão, para a vida da alma, o que os anos são para a do corpo. Reuni, em certo dia, um milheiro de indivíduos de um a oitenta anos; suponde que um véu encubra todos os dias precedentes ao em que os reunistes e que, em conseqüência, acreditais que todos nasceram na mesma ocasião. Perguntareis naturalmente como é que uns são grandes e outros pequenos, uns velhos e jovens outros, instruídos uns, outros ainda ignorantes. Se, porém, dissipando-se a nuvem que lhes oculta o passado, vierdes a saber que todos hão vivido mais ou menos tempo, tudo se vos tornará explicado. Deus, em Sua justiça, não pode ter criado almas desigualmente perfeitas.

Com a pluralidade das existências, a desigualdade que notamos nada mais apresenta em oposição à mais rigorosa eqüidade: é que apenas vemos o presente e não o passado. A este raciocínio serve de base algum sistema, alguma suposição gratuita ? Não ! Partimos de um fato patente, incontestável: a desigualdade das aptidões e do desenvolvimento intelectual e moral e verificamos que nenhuma das teorias correntes o explica, ao passo que uma outra teoria lhe dá explicação simples, natural e lógica. Será racional preferir-se as que não explicam àquela que explica? (Livro dos Espíritos, 147-149).

O que Kardec diz é exatamente o contrário do que quer o nosso crítico que os outros pensem dele. Kardec demonstra claramente em seus esclarecimentos que certas diferenças existentes entre os seres humanos não podem ser explicadas senão através da reencarnação. Único sistema em que todos os seres são iguais e recebem o mesmo tratamento por parte de Deus.



Orlando Fedeli : Allan Kardec explicita seu racismo brutal e grosseiro na resposta que dá a essa pergunta, por ele mesmo feita : "Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão ?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127). Como é possível se imprimir e difundir, ainda hoje, uma doutrina racista tão brutal e tão grosseira ? É patente, nas frases citadas, que Allan Kardec considerava a raça branca -- a caucásica -- superior à raça hotentote. E Kardec chega ao absurdo de levantar a hipótese de que um hotentote não seria um homem! Hitler aprovaria a doutrina racista de Kardec.

REFUTAÇÃO : O que o crítico não faz nenhuma questão de ressaltar é que essa não é a opinião de Kardec, pois se fosse ele não colocaria “dir-se-á”, ou seja, parte de uma hipótese que poderia ser sustentada por qualquer pessoa. Em todo esse trecho é sempre empregada a condicional, por isso Kardec usa a conjunção “se”. Portanto, não se trata de Kardec estar dando sua opinião. Até mesmo no desenrolar do texto isso fica claro, só não o vê o nosso crítico “porque o ódio o cega”, quem sabe. Quanto à questão da superioridade entre as raças já abordamos isso anteriormente.



Orlando Fedeli : E os espíritas tupiniquins, repudiam eles esse racismo grosseiro e brutal, ou o aceitam? Se o repudiam, como poderão continuar aceitando a doutrina espírita de Kardec como revelada por “espíritos superiores”? E será que esses “espíritos superiores” eram “caucásicos”, isto é, arianos? Não há dúvida, pois : Allan Kardec era um racista grosseiro e brutal. E a doutrina espírita é racista. Daí, o orgulho que ela suscita em seus seguidores, que -- se são caucásicos -- se julgam superiores aos demais mortais, quer porque os consideram de raças inferiores, quer - quando se comparam a outros brancos -- os julgam pouco evoluídos espiritualmente. Como católico, repudio totalmente essa doutrina herética e racista.

REFUTAÇÃO : Nós os espíritas tupiniquins não repudiamos “esse racismo grosseiro e brutal”, pois ele não existe, já que se trata de puro delírio do nosso crítico, cegado pelo odium theologicum, pelo ódio ao Espiritismo, e por isso não consegue enxergar o óbvio.

Não aceitamos nenhum tipo de racismo, nem mesmo o religioso, onde algumas igrejas querem ser exclusivas na questão da salvação dos crentes, isso é que é orgulho o resto é conversa fiada. Mas racismo podemos provar: quando determinada igreja se alia aos senhores de engenho para manter como escravos os negros trazidos da África, que nem eram considerados seres humanos; quando por muito tempo considerou que a mulher não tinha alma, coisa que só tinha os homens; quando não enxergava os pobres, que só descobriu recentemente que eles existem, porque sempre esteve aliada aos ricos daí nunca os tinham visto; quando não admitiu que existissem pessoas que não rezasse pela sua Bíblia, por isso a necessidade de se eliminá-los, está aí registrado na História da Humanidade a vergonha da inquisição e das cruzadas, que apesar do líder católico ter pedido perdão, não há como deletar isso dos livros de história.

Quem sempre demonstrou racismo ? Fica aí essa pergunta ecoando nos ares.

Se “como católico repudio totalmente essa doutrina herética e racista”, diremos : Ainda bem que muitos não são católicos, pois um cristão verdadeiro seguiria o exemplo de Jesus que nunca repudiou ninguém.



Orlando Fedeli : ALLAN KARDEC, UM RACISTA BRUTAL E GROSSEIRO - 3
Allan Kardec foi de fato um racista grosseiro e bruto, acrescentando ao evolucionismo darwiniano a sua doutrina gnóstica, muito mal aprendida e pior explicada. Seus textos indicam um homem cheio de contradições e de baixo nível intelectual.

REFUTAÇÃO : Novamente vem bater na mesma tecla, já que argumentos não os têm mesmo.



Orlando Fedeli : Quero citar dele novos textos, comprovantes desse evolucionismo bruto e grosseiro do espiritismo kardecista. No mesmo livro A Gênese, que já mencionei, se pode ler o seguinte : "Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake - Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187. (O negrito é do original e o sublinhado é meu). Nesse texto do fundador do espiritismo moderno, está explicita a tese de que Kardec considerava os selvagens e a raça negra como inferiores. O que é racismo bruto e grosseiro.

REFUTAÇÃO : Kardec está ressaltando a questão da evolução do espírito que, em sua trajetória rumo à perfeição, passa a habitar corpos físicos apropriados a seu nível evolutivo. Afirma que isso é uma regra para todos e que também todos irão atingir a perfeição, como ainda todos conseguirão um dia estar junto a Deus. A doutrina do céu e do inferno é que demonstra racismo, não a da reencarnação progressiva do espírito.

Transcreveremos parte do texto “Frenologia Espiritualista e Espírita”, onde se fala da “Perfectibilidade da Raça do Negro”, citada ao final desse último texto de Kardec. Mas é bom ressaltar que àquela época ainda existia a escravidão. A guerra de sucessão, nos EUA, em 1865, tinha como pano de fundo a questão da libertação dos escravos. No Brasil, a escravatura durou até 13 de maio de 1888, quando da promulgação da Lei Áurea. Não lembramos de nenhuma participação da igreja contra esse estado de coisas. Assim, é dentro deste contexto que Kardec faz as seguintes considerações :

"...a Humanidade, tanto quanto o interesse social, requer um exame mais atento: é o que iremos tentar fazer; mas como uma conclusão dessa gravidade, num ou noutro sentido, não pode ser tomada levianamente e deve se apoiar sobre um raciocínio sério, pedimos a permissão para desenvolver algumas considerações preliminares, que nos servirão para mostra, uma vez mais, que o Espiritismo é a única chave possível de uma multidão de problemas insolúveis com a ajuda dos dados atuais da ciência...”.

“Com efeito, se a alma é criada ao mesmo tempo que o corpo, a do sábio do Instituto é tão nova quanto a do selvagem; desde então, por que, pois, há sobre a Terra selvagens e membros do Instituto ? O meio no qual vivem, direis. Seja; direi, então, por que homens nascidos no meio mais ingrato, e mais refratário, se tornam gênios, ao passo que crianças que bebem a ciência com o leite materno são imbecis. Os fatos não provam, até à evidência, que há homens instintivamente bons ou maus, inteligentes ou estúpidos? É preciso, pois, que haja na alma um germe; de onde vem? Pode-se racionalmente dizer que Deus os fez todas as espécies, uns que chegam sem dificuldade, e outros que não chegam mesmo com um trabalho perseverante ? Estaria aí sua justiça e sua bondade ? Evidentemente não.

Uma única solução é possível : A preexistência da alma, sua anterioridade ao nascimento do corpo, o desenvolvimento adquirido segundo o tempo que ela viveu e as diferentes migrações que percorreu. A alma traz, pois, unindo-se ao corpo, o que adquiriu, suas qualidades boas ou más; daí as predisposições instintivas; de onde se pode dizer, com certeza, que aquele que nasceu poeta já cultivou a poesia; que aquele que nasceu músico cultivou a música; que aquele que nasceu celerado foi mais celerado ainda. Tal é a fonte das faculdades inatas que produzem, nos órgãos destinados à sua manifestação, um trabalho interior, molecular, que os leva ao desenvolvimento”.

“Isto nos conduz ao exame da importante questão da anterioridade de certas raças e de sua perfectibilidade”.

“Colocamos, de início, em princípio, que todas as faculdades, todas as paixões, todos os sentimentos, todas as aptidões estão na Natureza; que elas são necessárias à harmonia geral, porque Deus nada faz de inútil; que o mal resulta do abuso, assim como da falta de contrapeso e de equilíbrio entre as diversas faculdades. As faculdades não se desenvolvendo todas simultaneamente, disso resulta que o equilíbrio não pode se estabelecer senão com o tempo; que essa falta de equilíbrio produz homens imperfeitos, nos quais o mal domina momentaneamente. Tomemos por exemplo o instinto da destruição; esse instinto é necessário, porque, na Natureza, é preciso que tudo se destrua para se renovar; é por isso que todas as espécies vivas são, ao mesmo tempo, agentes destruidores e reprodutores."

"Mas o instinto de destruição isolado é um instinto cego e brutal; ele domina entre os povos primitivos, entre os selvagens, cuja alma não adquiriu ainda as qualidades reflexivas próprias para regularem a destruição numa justa medida. O selvagem feroz pode, numa só existência, adquirir as qualidades que lhe faltam? Que educação dar-lhe-íeis, desde o beco, para fazerdes deles um São Vicente de Paulo, um sábio, um orador, um artista ? Não; é materialmente impossível. E, no entanto, esse selvagem tem uma alma; qual é a sorte dessa alma depois da morte ? É punida por seus atos bárbaros que nada reprimiu ? Está colocada em posição igual à do homem de bem ? Um não é mais racional que o outro ?"

"Está, então, condenada a permanecer eternamente num estado misto, que não é nem a felicidade e nem a infelicidade ? Isso não seria justo; porque, se não é mais perfeita, isso não dependeu dela. Não podeis sair desse dilema senão admitindo a possibilidade de um progresso; ora, como pode progredir, se não for tomando novas existências ? Poderá, direis, progredir como Espírito, sem retornar a Terra. Mas, então, porque nós, civilizados, esclarecidos, nascemos na Europa antes que na Oceania ? Em corpos brancos antes que em corpos negros ? Por que um ponto de partida tão diferente, se não se progride senão como Espírito ? Por que Deus nos isentou do longo caminho que o selvagem deve percorrer ? Nossas almas seriam de uma outra natureza que a sua ? Por que, então, procurar fazê-lo cristão ? Se o fazeis cristão, é que o olhais como vosso igual diante de Deus; se é vosso igual diante de Deus, porque Deus vos concede privilégios ?"

"Agiríeis inutilmente, não chegaríeis a nenhuma solução senão admitindo, para nós um progresso anterior, para o selvagem um progresso ulterior; se a alma do selvagem deve progredir ulteriormente, é que ela nos alcançará; se progredimos anteriormente, é que fomos selvagens, porque, se o ponto de partida for diferente, não há mais justiça, e se Deus não é justo, não é Deus."

"Eis, pois, forçosamente, duas existências extremas : A do selvagem e a do homem mais civilizado; mas, entre esses dois extremos, não encontrais nenhum intermediário ? Segui a escala dos povos e vereis que é uma cadeia não interrompida, sem solução de continuidade. Ainda uma vez, todos esses problemas são insolúveis sem a pluralidade das existências. Dizei que os Zelandeses renascerão entre um povo um pouco menos bárbaro, e assim por diante até à civilização, e tudo se explica; que se, em lugar de seguir os degraus da escala, vencer todos de repente e sem transição entre nós, e nos dará o odioso espetáculo de um Dumollard, que é um monstro para nós, e que nada apresentou de anormal entre as populações da África central, de onde talvez saiu. Assim é que, fechando-se numa só existência, tudo é obscuridade, tudo é problema sem resultado; ao passo que, com a reencarnação, tudo é claro, tudo é solução”. (...).

“O exame frenológico dos povos pouco inteligentes constata a predominância das faculdades instintivas, e a atrofia dos órgãos da inteligência. O que é excepcional nos povos avançados, é a regra em certas raças. Por que isto? É um injusta preferência? Não, é a sabedoria. A natureza é sempre previdente; nada faz de inútil; ora, seria uma coisa inútil dar um instrumento completo a quem não tem meios de se servir dele. Os Espíritos selvagens são Espíritos de crianças, podendo assim se exprimir; entre eles, muitas faculdades ainda estão latentes. Que faria, pois, o Espírito de um Hotentote no corpo de um Arago? Seria como aquele que não sabe a música diante de um excelente piano. Por um razão inversa, que faria o Espírito de Arago no corpo de um Hotentote? Seria como Liszt diante de um piano que não teria senão algumas más cordas falsas, às quais seu talento jamais chegaria a dar sons harmoniosos. Arago entre os selvagens, com todo o seu gênio, seria tão inteligente, talvez, quanto pode sê-lo um selvagem, mas nada de mais; jamais seria, sob uma pele negra, membro do Instituto. Seu Espírito levá-lo-ia ao desenvolvimento dos órgãos? De órgãos fracos, sim; de órgãos rudimentares, não (1)”.

“A Natureza, portanto, apropriou os corpos ao grau de adiantamento dos Espíritos que devem neles se encarnar; eis porque os corpos das raças primitivas possuem menos cordas vibrantes que os das raças avançadas. Há, pois, no homem, dois seres bem distintos: o Espírito, ser pensante; o corpo, instrumento das manifestações do pensamento, mais ou menos completo, mais ou menos rico em cordas, segundo as necessidades”.

“Chegamos agora à perfectibilidade das raças; esta questão, por assim dizer, está resolvida pelo que precede: não temos senão que deduzir-lhe algumas conseqüências. Elas são perfectíveis pelo Espírito que se desenvolve através das suas diferentes migrações, em cada uma das quais adquire, pouco a pouco, as qualidades que lhes faltam; mas, à medida que as suas faculdades se estendem, falta-lhe um instrumento apropriado, como a uma criança que cresce são necessárias roupas maiores; ora, sendo insuficientes os corpos constituídos para seu estado primitivo, lhes é necessário encarnar em melhores condições, e assim por diante, à medida que progride”.


O leitor atento verá que ocorre justamente o contrário do que o critico fala, pois Kardec diz exatamente da igualdade dos seres. Quando ele evoca a desigualdade está apenas falando do corpo físico, habitação temporária do Espírito. E especificamente no caso do negro defende a dignidade dos dessa raça, quando em sua época ainda existia a escravidão.



Orlando Fedeli : Se algum espírita ousar defender esse racismo kardecista, hoje, estará cometendo uma violação das leis anti-racistas vigentes no Brasil.

REFUTAÇÃO : Mas quem está violando as leis vigentes no Brasil, principalmente a Constituição Brasileira, magna carta de nosso país, é o nosso crítico, pois ela garante tanto a ele quanto a nós o direito professarmos a religião que julgarmos de melhor conveniência para nós, já que não é o que faz. Quanto a defender Kardec, é com prazer que o fazemos, pois até o momento não encontramos ninguém à altura de contrapor algo que possa arranhar qualquer princípio do Espiritismo ou que tenha colocado algo verdadeiro que venha a manchar sua reputação.



Orlando Fedeli : E Allan Kardec considerava raças inferiores não só os indígenas e negros, mas também os indivíduos de raça amarela. Raça superior seria só a branca. Para o racista grosseiro e bruto que foi Allan Kardec também os chineses seriam de uma raça inferior. Eis a prova do que estou afirmando, retirada de outro livro de Allan Kardec: "Um chinês, por exemplo, que progredisse suficientemente e não encontrasse na sua raça um meio correspondente ao grau que atingiu, encarnará entre um povo mais adiantado" (Allan Kardec, O que é o Espiritismo, Edição da Federação Espírita Brasileira, Brasília, 32a edição, sem data, pp. 206-207. A edição original de Qu"est ce que le Spiritisme é de 1859). Portanto, para Kardec e para os espíritas, também os amarelos (japoneses, chineses, etc.), teriam que se reencarnar em raças superiores ou mais adiantadas. Hitler não diria muito diferente.

REFUTAÇÃO : Aqui, caro leitor, temos certeza que já poderá até adivinhar o que iremos fazer. Realmente, não poderá ser diferente, pois, conforme já demonstramos deste o início, o nosso crítico quer distorcer o pensamento de Kardec colocando parte dos textos, aquilo o que aparentemente achou que iria justificar sua deliberada intenção de denegrir Kardec para atingir, por tabela, a Doutrina Espírita. Vejamos todo o pensamento de Kardec, que extraímos do livro O que é o Espiritismo :

139 - Por que há, sobre a Terra, selvagens e homens civilizados ?

Sem a preexistência da alma, esta questão é insolúvel, a menos que se admita que Deus criou almas selvagens e almas civilizadas, o que seria a negação da sua justiça. Por outro lado, a razão recusa admitir que, depois da morte, a alma do selvagem permaneça perpetuamente num estado de inferioridade, nem que ela esteja na mesma posição da do homem esclarecido.

Admitindo-se, para as almas, um mesmo ponto de partida, única doutrina compatível com a justiça de Deus, a presença simultânea da selvageria e da civilização sobre a Terra é um fato material, que prova o progresso que uns cumpriram e os outros podem realizar.

A alma do selvagem alcançará, pois, com o tempo, o grau de alma civilizada; mas, como todos os dias morrem selvagens, sua alma não pode alcançar esse grau senão nas encarnações sucessivas, cada vez mais aperfeiçoadas e apropriadas ao seu adiantamento, passando por todos os graus intermediários entre os dois pontos extremos.

140 - Não se poderia admitir, segundo a idéia de algumas pessoas, que a alma não se encarna senão uma vez, e que ela cumpre seu progresso no estado de Espírito, ou em outras esferas ?

Essa proposição seria admissível se não houvesse sobre a Terra senão homens do mesmo grau moral e intelectual, caso em que se poderia dizer que a Terra está afetada a um grau determinado; ora, tem-se, diante de si, a prova contrária.

Não se compreenderia, com efeito, que o selvagem não possa alcançar a civilização neste mundo, uma vez que há almas mais avançadas encarnadas sobre o mesmo globo, de onde é preciso concluir que a possibilidade da pluralidade das existências terrestres resulta dos próprios exemplos que se tem sob os olhos.

Se fora de outro modo, seria preciso explicar: primeiro, por que só a Terra teria o monopólio das encarnações? segundo, por que, tendo esse monopólio, aí se encontram almas encarnadas em todos os graus?

141 - Por que se encontram, no meio de sociedades civilizadas, seres de uma ferocidade semelhante à dos selvagens mais bárbaros ?

São Espíritos muito inferiores, saídos de raças bárbaras, e que ensaiaram se reencarnar num meio que não é o seu, e onde se encontram deslocados, como se um camponês se encontrasse de repente transportado para as altas rodas sociais.

Nota : Não se poderia admitir sem denegar a Deus toda justiça e toda bondade, que a alma do criminoso endurecido tenha, na vida atual, o mesmo ponto de partida que a de um homem cheio de todas as virtudes. Se a alma não é anterior ao corpo, a do criminoso e a do homem de bem são tão novas uma como a outra; por que uma seria boa e a outra má?

142 - De onde vem o caráter distintivo dos povos ? São Espíritos que têm, mais ou menos, os mesmos gostos e as mesmas inclinações que se encarnam num meio simpático, e freqüentemente no mesmo meio, onde podem satisfazer suas inclinações.

143 - Como progridem e como degeneram os povos ? Se a alma é criada ao mesmo tempo que o corpo, a dos homens de hoje são tão novas, tão primitivas quanto as dos homens da Idade Média. E, desde então, pergunta-se por que elas têm costumes mais dóceis e uma inteligência mais desenvolvida?

Se, na morte do corpo, a alma deixa definitivamente a Terra, pergunta-se, ainda, qual seria o fruto do trabalho que se faz para melhorar um povo, se está a recomeçar com todas as almas novas que chegam diariamente ?

Os Espíritos se encarnam em um meio simpático e em relação com o grau de seu adiantamento.

Um chinês, por exemplo, que progrediu suficientemente, e não encontra na sua raça um meio correspondente ao grau que alcançou, se encarnará entre um povo mais avançado. À medida que uma geração dá um passo à frente, ela atrai por simpatia novos Espíritos mais avançados, e que talvez sejam os que viveram em um mesmo país, se progrediram, e é assim que, passo a passo, uma nação avança. Se a maioria dos novos fosse de uma natureza inferior, os velhos partindo cada dia e não retornando a um meio mais inferior, o povo degeneraria e acabaria por se extinguir.

Nota : Estas questões levantam outras que encontram sua solução no mesmo princípio; por exemplo, de onde vem a diversidade de raças sobre a Terra ? Há raças rebeldes ao progresso ? A raça negra é suscetível de alcançar o nível das raças européias ? A escravidão é útil ao progresso das raças inferiores ? Como pode se operar a transformação da Humanidade? - (O Livro dos Espíritos : Lei do progresso, nº 776 e seg. - Revista Espírita, 1862, pág. 1: Doutrina dos anjos decaídos - Idem, 1862, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra).

Nesse ponto, mais uma vez ( E qual deles não foi até agora ?), o nosso "crítico" ( com "c" minúsculo ), Orlando fedeli, tenta imputar a Kardec pensamento justamente contrário ao que disse o codificador, demonstrando claramente que o ódio lhe cega. O texto é tão claro que não necessitamos dizer mais nada.



CONCLUSÃO :


Os tempos passam, mas para certos tipos de comportamento não aconteceu nenhuma evolução, ainda usam dos mesmos ultrapassados argumentos. Em A Reencarnação, o Elo Perdido do Cristianismo, Elizabeth Clare Prophet, dizendo a respeito do Gnosticismo, faz a seguinte colocação :

“Acusar alguém de perversão sexual é geralmente uma boa forma de desacreditar suas idéias. Foi justamente isto que os Patriarcas da Igreja fizeram aos gnósticos. Ao caracterizá-los como insanos, depravados, seres anormais que odiavam a vida e praticavam orgias, o amor livre e o homossexualismo, que alimentavam-se de fetos e recusavam-se a ter filhos, os teólogos primitivos conseguiram convencer as pessoas de que os ensinamentos dos gnósticos eram absurdos e insensatos”.

É o que parece querer fazer o nosso atual crítico, o “excelentísimo” sr. Orlando Fedeli. Sua tática nada condiz com a profissão que exerce, se é que a exerce mesmo. Talvez quem sabe queira transferir a Kardec o que lhe vai no íntimo do coração, só Deus o sabe. No entanto, pelo uso repetitivo e intercalado dos termos “brutal e grosseiro”, o que podemos desconfiar da parte do autor é que tudo isso não passe mesmo de mais um exercício, consciente ou não, de auto-sugestão. Quem sabe queira convencer a si próprio de suas idéias ?

Para encerrar, citaremos uma mensagem interessante que poderá muito bem servir a outros que, como esse nosso crítico, porventura possam quer denegrir o Espiritismo.



A Infância e o Riacho ; parábola.

“Um dia, uma criança chegou junto de um riacho bastante rápido que tinha quase a impetuosidade de uma torrente; a água lançava-se de uma colina vizinha, e engrossava à medida que avançava na província. A criança se pôs a examinara a torrente, depois amontoou toda espécie de pedras que pegava em seus pequenos braços; resolveu construir um dique; cega presunção! Apesar de todos os seus esforços e sua pequena cólera, não pode a isso chegar.

Refletindo, então, mais seriamente, se fosse preciso empregar essa palavra a uma criança, ela subiu mais alto, abandonou sua primeira tentativa, e quis fazer seu dique mais perto da própria fonte do riacho; mas ai! Seus esforços foram ainda impotentes; desencorajou-se e daí se foi chorando. Ainda estava na bela estação, e o riacho não estava mais rápido em comparação com que estivera no inverno; ele cresceu, e a criança viu seus progressos; a água, engrossando-se lançava-se com mais fúria, derrubando tudo em sua passagem, e a infeliz criança, ela mesma, teria sido arrastada se tivesse ousado aproximar-se dele como da primeira vez”.

“Ó homem fraco! Criança ! Tu queres elevar uma muralha, um obstáculo intransponível à marcha da verdade, não és mais forte que essa criança, e tua pequena vontade não é mais forte que seus pequenos braços; quando mesmo quiseres esperá-la em sua fonte, a verdade, estejas disso seguro, te arrastará infalivelmente. (Basile, 11.11.1859)”. (RE 1859, pág. 340-341).



Texto de Paulo da Silva Neto Sobrinho :

http://www.espirito.com.br/portal/artigos/paulosns/index.html



Referência Bibliográfica :

Reencarnação – O Elo Perdido do Cristianismo, Elizabeth Clare Prophet, Rio de Janeiro: Ed. Nova Era, 1999.

A Gênese, Allan Kardec, Araras – SP: IDE, 1993.

A Gênese, Allan Kardec, Rio-RJ: FEB, 1995.

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Rio-RJ, 1995.

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Araras – SP: IDE 1987.

O que é o Espiritismo, Allan Kardec, Rio-RJ: FEB, 2001.

Obras Póstumas, Allan Kardec, Araras – SP: 1993.

Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, José Reis Chaves, São Paulo: Martin Claret, 5ª edição.

Vida e Obra de Allan Kardec, André Moreil, São Paulo: Edicel, 1986.

Revista Espírita, Allan Kardec, Araras – SP: IDE, div.





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