A história contada por Jesus (Lucas 14,1.7-14) chama a atenção dos que querem ocupar os primeiros lugares e questiona o desejo de se autopromover e de parecer importante. Relacionamentos baseados em privilégios não têm lugar na comunidade dos seguidores de Jesus. É que ele mesmo indicou, com palavras e com a própria vida, que o maior é aquele que serve, e não quem é servido. Querer ficar em último lugar, porém, na ambição de ser convidado a ocupar o primeiro, é continuar na mentalidade que impede relacionamentos verdadeiros. Jesus exige mudança de mentalidade e de atitudes. Ficar em último lugar é pôr-se no mesmo lugar dele, que veio servir e se doar a todos, sobretudo aos mais necessitados.
Relacionamentos gratuitos – baseados não no desejo de retribuição, mas no amor desinteressado e livre de quem serve – fazem-nos, de fato, últimos. O verdadeiro amor leva o discípulo não à busca de retribuição, mas ao dom generoso e desinteressado. Daí o convite a relacionamentos diferentes com pessoas diferentes, com os que não podem retribuir: os pobres e doentes, aqueles que nada contam na sociedade e, já no tempo de Jesus, eram considerados amaldiçoados por Deus.
É fácil dar importância a quem na sociedade já tem importância. Mas o que importa é que nos importemos com quem não tem importância. É assim que experimentamos a gratuidade de Deus, à medida que somos gratuitos com os outros. É assim que tomamos consciência da salvação de Deus em nossa vida e da salvação que ele quer estender a todos, sobretudo aos mais necessitados, por meio de nossas ações e de nossos relacionamentos.
É preciso abrir mão de privilégios e honras, portanto, para que os preferidos no reino sejam levantados. Queremos lugar de honra ou lugar de serviço? Somente o lugar de quem serve nos aproxima dos mais necessitados. A atenção a eles não é algo opcional na missão, mas uma questão fundamental de justiça.
Padre Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: O DOMINGO/Semanário Litúrgico-Catequético, Ano LXXVIII, n.º 41, 29/08/2010.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”