MALDONADO, Jorge E.(ed.) – Fundamentos Bíblicos-teológicos do casamento e da família. Viçosa, MG: Ed. Ultimato, 1996.
Cap. 1 - A Família nos tempos bíblicos - Jorge E. Maldonado
O propósito deste artigo é considerar as diferentes formas nas quais se organizava a família nos tempos bíblicos, bem como seus costumes e suas tradições. Na sociedades conhecidas, quase todas as pessoas vivem submersas em uma rede de direitos e obrigações familiares. Quando a convivência tornou-se mais complexa, tribos e clãs deram lugar à família extensa e a inúmeras instituições sociais secundárias. Hoje em dia,considera-se família tanto “a unidade social básica, formada ao redor de dois ou mais adultos, que vivem juntos na mesma casa e cooperam em atividades econômicas, sociais e protetoras, bem como no cuidado dos filhos, próprios ou adotados”.
A família no AT era definitivamente patriarcal o matrimônio era mais um evento civil (familiar e comunitário) que religioso.
Jesus restabeleceu claramente a igualdade de direitos entre o homem e a mulher no casamento, ao negar o direito de repúdio e a poligamia e, para Ele, as crianças tinham alto valor no Reino de Deus. Os discípulos seguiram este caminho.
O exemplo que Jesus deixou é o que deve ser levado em consideração em possíveis análises dos textos bíblicos para instrução dos atores sociais que se pretendem famílias.
As famílias cristãs contemporâneas têm o potencial para desenvolver relações intimas mais justas e eqüitativas; a intimidade pode florescer à medida que as formas autoritárias desaparecerem; a igualdade dos sexos pode proporcionar um sentido melhor de identidade e apoio para a gerações novas; a procriação – considerada cada vez mais opcional e não essencial para a família – pode ser dotada de um sentido mais rico e pleno de realização e solidariedade humanas.
Cap. 4 – A famílias, educadora da fé – Edesio Sánchez Cetina
É o lar e não o templo o centro de ensino da fé. Devemos insistir em uma pastoral que dirija todas as suas energias para ministrar aos lares, de tal maneira que eles sejam sujeito e objeto de evangelização, humanização e libertação.
No AT é destacado o papel da família em obedecer e manter (questão pedagógica implícita) sempre atuais as ordenanças do Senhor, atualizando-as em benefício do povo.
É interessante notar a passagem do coletivo e geral (Israel) para o individual e concreto (teu coração; tua casa; teus filhos), e então novamente ao geral (as portas de tuas aldeias). Isso mostra que o apresentado aqui é um programa de vida que mantém um bom equilíbrio entre o comunitário e o individual, tendo o lar como o fiel da balança. O compromisso pedagógico se dá de 3 maneiras: a) para consigo mesmo; b) para com os filhos e; c) para com a comunidade.
Eis um o esquema pedagógico:
- recebimento do ensino: escuta as palavras...
- prática do ensino: amarás o Senhor...
- apropriação do ensino: estarão no teu coração...
- transmissão do ensino: as inculcarás a teus filhos...
- repasse do ensino: delas falarás... as atarás... as escreverás...
Dois pontos são de grande importância: o conteúdo e o lugar do ensino da fé (vida).
Aquela crença romântica de que os cristão vivem longe das influencias mundanas está totalmente desacreditada. Na realidade, isso nunca aconteceu. Vivemos em meio a um sistema com poder “onipresente”, cuja filosofia de vida alcança materialmente a todos.
O desenvolvimento de uma estratégia de educação cristã, a partir do lar, sem a contribuição da teologia fidedigna é inoperante. O diálogo responsável e verdadeiro, entre a fé bíblica e o contexto histórico-geográfico de nossos povos, deverá tomar lugar central. O ensino mais influente é o das atitudes, muito mais que das palavras. Jesus ensinava por seu exemplo de vida.
Algumas dicas:
a) a família deve ser vista como prioridade contextual;
b) deve ser sujeito e objeto das ações para desenvolver a fé;
c) o amor tende a amadurecer quando vivido em família;
d) a fé torna-se estilo de vida intima com o Senhor;
e) as inter-relações familiares se fortalecem;
f) o culto se torna celebração; a ceia recobra a fundamentação bíblica.
