Segundo Consta
Segundo consta, e pelo olfato me vem,
algo não cheira bem.
Foram-se os deuses mais antigos.
O Deus Alá, o Deus dos Judeus, e o
Próprio Deus Jeová não estão mais por cá.
Deixaram-nos sós.
Ou fomos nós que os expulsamos daqui?
Já nem Neles acreditamos.
A fé anda à mistura com outros bens.
Aquela força estranha, que movia a montanha,
Que nos via sementes de amor, honestidade, sabedoria,
Podemos até nela não mais acreditar, mas Deus é maior
que tudo isso, não nos poderia abandonar.
Continua aqui muitos passos além da nossa humilde
condição.
Também não entende bem porque trocamos as sandálias
do pescador por pompa, grandeza, esplendor.
Não são coisas de Nosso Senhor, nem sabe bem o que
fazer com isso. Se aqui voltasse diria: joguem fora,
tudo isso é ninharia.
Se vissem a minha luz, o campo santo que habito.
Logo perceberiam que a maior riqueza aqui é o fim da dor,
É paz, é mansidão, é amor, é irmão ajudando irmão, é o
fim da humilde condição.
Não nos odeia, nem pensa para nós um inferno além do
Inferno que desta vida nos vem.
Já lhes chega bem a dor que cada um tem.
Na imagem e semelhança a esperança.
Cristo, o Príncipe da Luz viveu aqui, gosta de nós.
Valentes, inteligentes capazes de inventar um mundo
melhor, um lugar para onde até Ele gostaria de voltar.
Lita Moniz |