Interseccionismo
Noite, dia.
Sol e chuva.
Geada que vem depois da garoa fria, miúda.
Céu, mar e Terra em sintonia.
Da zona de interseção sopram ventos
para indicar a direção.
Corpo sempre a pedir mais.
A alma foge para um tempo tristonho.
Esconde-se num jazigo medonho.
Ambos a gritar por separação.
Tentam destruir a zona de intersecção.
A consciência a ponto de perder a paciência.
O conhecimento atrelado a mil conceitos e a
outros tantos preconceitos, foge da intersecção
onde o homem Deus e o homem terra se dão a mão.
O homem que se permite pecar de tão humano que é.
É esse o homem que Deus quer abraçar, é esse o homem
a quem Deus permite na zona de intersecção entrar.
Não um homem rebaixado, consumido pelo pecado.
Mas um homem imagem e semelhança.
A tentar diminuir a distância.
A se ver ali na zona de intersecção, já num campo de luz,
Sem orgulho, sem fome de coisa alguma.
Diluído inteiro na nuvem daquele luzeiro.
Na longevidência, na gratidão, no amor por quem é.
E na ciência, por que não?
Na imagem e semelhança a esperança, na intersecção a salvação.
Lita Moniz
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