Hoje na caminhada do dia-a-dia, como não podia deixar de ser, conversando com dois amigos sobre os desmandos dos políticos, um deles disse: Fico indignado quando vejo a maioria deles e seus puxa-sacos na fila da comunhão como simples comedores de hóstias. Não resisti e corri para o computador para escrever o que penso, respeitando o jeito de cada um encarar as situações que se apresentam e as escolhas que fazem para tocar sua vida.
Não gosto dos que somente falam bonito e tem o dom da oratória, não por inveja, mas porque a maioria das palavras não leva a lugar nenhum.
O que adianta escrever muitos livros cheios de mensagens bonitas e de incentivo se a única coisa que o autor sabe fazer é isto?
De cada cem pessoas que, noventa não podem comprar um livro e muitos que compram não consegue entender o que o autor quis realmente dizer.
O que adianta escrever palavras bonitas e enfeitadas na internet se a maioria das pessoas que acessam fazem parte de uma elite que só conhece favela e periferia pela televisão? De cem famílias, oitenta não tem computador e outras quinze nunca chegaram perto.
Comedores de hóstia!
Porque será que os que falam bonito tem lugar de destaque nas igrejas de todos os credos?
Porque será que são donos do poder tem lugar de destaque nas igrejas de todos os credos?
Porque será que todos os poderosos têm lugar de destaque nas igrejas de todos os credos?
Porque será que os que falam bonito se destacam no meio social?
Porque será que os que falam bonito se destacam na política?
Quando o falar bonito vem junto com a ação, a pessoa não vai querer o lugar de destaque.
Quando o poder foi conseguido sem usar os pobres como escada a pessoa não vai querer o lugar de destaque.
O político que rouba.
Que pega de volta parte do salário da maioria dos seus assessores.
Que deixa a saúde ir para o CTI.
Que trata a educação com a insensibilidade de quem acha que escola bem cuidada dever ser privilégio de uma casta superior.
Quem não rouba, mas é conivente com os desmandos e a com a corrupção para se manter no poder e garantir o salário que é uma afronta a quem efetivamente trabalha neste país.
E os assessores e puxa-sacos que participam das tramóias e por necessidade de manter o emprego ou a posição de destaque, se fingem de surdos-mudos?
Será que estas pessoas não se acanham ao entrar na fila da comunhão?
Será que não se acanham ao serem abençoados e consagrados por dirigentes religiosos?
Será que realmente não são simplesmente para hóstias?
Será que não são verdadeiros “alcoólatras” de água benta?
A indignação do meu amigo também era contra as igrejas.
Que aceitam.
Que acolhem.
Que colocam em destaque.
O dia que estas pessoas entenderem que a Eucaristia é para ser vivida e repartida em todos os lugares, situações e momentos da vida.
O dia que estas pessoas entenderem que a bênção dos verdadeiros pregadores da palavra de Deus é para ser colocada em prática a serviço dos mais pobres.
O dia que isto acontecer.
Ninguém mais usará a expressão: Papa hóstias e “Alcoólatra” de água benta.