A Casa
A casa era simples, simplesmente simples.
Quem diria que numa casa tão simples um Ser Celestial de beleza sem igual, lindo de pasmar: loiro de olhos azuis, o rosto mais perfeito que se possa imaginar, o cabelo ondulado, a cair para os lados, todo iluminado, quisesse ali entrar.
Era Homem, era Deus, era o príncipe do reino onde tudo principia.
Era mesmo do outro mundo.
Encheu de luz o lugar.
Por alguns segundos aquela casa simples abrigou um Deus e a luz que nos criou.
Claro que ficaram marcas: paredes, teto, chão tudo iluminado por aquele clarão rubi- dourado.
O acrílico do banheiro serviu de pano de fundo para aquela aparição: o quadro de mais valia, a suprema perfeição.
Aquela luz se espalhava por todo o lugar, luz a me atravessar, não sobrou nada de mim,
aquela luz me deixou transparente, diferente de toda a gente.
Acordei! Nada que via se parecia com aquela casa iluminada.
Apalpava meu corpo inteiro à procura de sinais deixados por aquele luzeiro.
Lita Moniz
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