O Silêncio da Salvação
O silêncio da Salvação é o
grito do coração
É um silêncio profundo que
vem lá do fim do mundo
É o eco do som de Deus a
a falar com os filhos seus
não são vozes, são energia
do sentir, há braços a levitar
se fazem condutores dessa
energia a fluir
A humanidade vai sentir
Esta verdade
É Deus e os Seus a diminuir a
distância, a aumentar
a semelhança
São as tábuas da lei a dizer a
mesma coisa, com a mesma
Intenção
Só duas para ficar mais fácil a
Compreensão
Cuidai da Natureza
“ Amai-vos uns aos outros como irmãos”
Lita Moniz
Com o Seu Maior Grito
A sua Comunhão casual e breve
Com o Infinito
O Deus Lusíada incarnou em mim
O Futuro escropiu-me em reprimi-lo
E todas as cousas que não têm fim
Couberam no meu espírito intranquilo
Infantes, Gamas, Albuquerques, Castros—
A minha voz é múltipla de os ter
Brilham todos em mim tornados astros
E eu sou o céu, excedo-os para os conter
Alheia-me da vida o orgulho meu
Despersonaliza-me num Precursor
Dum Novo Deus maior
Que o Deus Cristão, novo Sol de outro céu.
E de tão alto ir minha ânsia alada
Já não sei se sou eu, se sou o mar
Se sou a minha Razão ou Deus, no eu cravada
A abstrata ordem de Navegar
Sou todo Fogo, Multiplicidade,
Na névoa da minha Unidade
Fernando Pessoa
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