RECONSTRÓI A MINHA IGREJA
Estou sozinho, sentado confortavelmente em minha cozinha, tomando um café enquanto os três filhos brincam com o computador, é tarde/noite de feriado e minha esposa foi à igreja.
Deu uma vontade danada de escrever alguma coisa.
Estou precisando escrever algo que não lembre nada ruim!
Hoje é dia de Corpus Christis.
E a vontade de escrever foi na verdade a maneira que encontrei para reabrir um canal entre mim e o Criador, há muitos dias interrompido.
Preciso conversar com Ele!
Na verdade, preciso fazer a pergunta que São Francisco fez:” Senhor o que queres que eu faça”?
Longe de mim querer imitar o Santo que mais imitou o Cristo.
Longe de mim querer ouvir a mesma resposta de Deus.: “Vai e reconstrói a minha Igreja".
Que esta Igreja está precisando de uma nova reforma não resta a menor dúvida.
Que esta Igreja está precisando de novos Franciscos e Luteros, para novamente ganhar contornos de“Igreja Santa e Pecadora” não resta a menor dúvida.
Ela precisa deixar de ser “a minha” Igreja, para ser a casa de todos.
É preciso que a casa do Pai ganhe roupagem nova para que não seja a Igreja do Pastor, do Padre, ou do Rabino, do Ancião, ou do Papa.
O templo do Espírito Santo está vazio e sentindo-se abandonado, chora de fome, de frio e de sede, principalmente de justiça, e isso muitas vezes leva-o a pensar que Deus o abandonou.
Deus não abandona.
Deus é deixado de lado todas as vezes que alguém comete um ato de injustiça, contra quem e o que for.
Que está na hora de tirar a tinta velha, e dar uma nova textura na maneira de enxergar o Cristo que continua sendo crucificado todo dia, também não resta a menor dúvida.
Ele é Pai, Filho e Espírito Santo.
Ele é mãe.
É no seio desta família que todos precisam aninhar-se, ela está de portas abertas para receber os que estão aflitos, os corações que sangram, e as almas que clamam por justiça.
Hoje mais do que nunca eu preciso falar com Deus.
Não para pedir!
Para agradecer.
Tudo que tenho e tudo que não conquistei, porque não pude ou não tive competência para conquistar.
Agradecer por estar vivo.
Tendo a coragem de colocar minhas ideias a serviço dos irmãos menores.
Como não tenho a pretensão de conseguir imitar São Francisco...
Como não posso sequer olhar para Maria, sem sentir-me pequeno e pecador, resta-me repetir suas palavras: “Faça-se em mim a Sua vontade”.
E pedir que me dê sabedoria e discernimento para ouvir quando Ele falar por outras bocas, que eu possa emocionar-me quando O enxergar no sorriso de uma criança, ou na rabugice de um velho, que parecendo saber chegar sua hora, começa a agir como criança, para colocar-se novamente no colo de quem Se doou por inteiro. “Deixai vir a mim as crianças, porque delas é o reino do céu”.
Pedir que não me deixe ficar indiferente, e quando nada mais puder fazer, possa pelo menos chorar ao vê-Lo, não crucificado.
Mas de todas as formas que se apresenta nos pedindo para segui-Lo.
Em corpos de homens, mulheres e crianças.
Na agonia das nascentes de águas cristalinas que estão sendo mortas em nome do progresso.
Quero ouvir ecoar todos os dias a mesma pergunta feita a Francisco.
Todos os dias perceber que estou devendo uma resposta para Deus
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