Jesus na Lusitânia
Quando sua terra natal começou a ser infestada pela praga do zevangelismo, Jesus resolveu pregar noutras plagas. Ao sair de Jerusalém, tendo pego visto na Embaixada dos Estragos Zunidos, afirmou categoricamente que esperava que o Messias, em nome da paz, não se precipitasse em estabelecer Embaixada ali. Os palestinos podiam reviver seu gigante Golias e fazer estrepolias antes que Davi deixasse a presidência do Senado romano e lhe fizesse frente com a inconfundível funda mais uma vez...
E Jesus, evitando o Egito que andava coberto de pragas ainda lançadas por seu Pai, rumou norte...sempre atraindo turba e mais turba com a sua sedução e milagres de montão, curando cegos, coxos, surdos, mudos, paralíticos e para-políticos...
Atravessou o Líbano, a Síria - chegou a visitar Aleppo em seus bons tempos - a Turquia, a Grécia pre-socrática, onde provou das famosas passas de Corinto, cruzou a Itália, a França, a Espanha, e chegou a Portugal com o fito de juntar-se à turma de Cabral, como reles grumete, para a honra e glória de descobrir a América.
Mas, contudo, porém, todavia, entretanto e no entanto, ao pisar no solo português deu-se de cara com uma turba-malta enorme de varões que de pedras à mão, e vociferando cada palavrão, queria porque queria lapidar uma rapariga a quem acusavam de adultério. Jesus, com sua habilidade costumeira, gritou um alto lá, na mais castiça língua de Luiz Inácio Camões.
Tudo parou, tudo se congelou, desde o início de seu sermão, cujo tema era simplesmente, o perdão - em oposição ao paredão. Sua fala, que podia ser ouvida por crianças tanto dentro quanto fora da sala, foi algo de magnífico. Todos, todos os algozes e circunstantes deixaram cair suas pedras, e lágrimas que chegaram a formar enxurradas no ressequido solo do Algarve.
Era bela demais a fala do Mestre. Seu erro contudo deu-se no arremate, quando todos já se dispunham a perdoar e a partir para suas casas, roças e vinhas, quando proferiu:
- E agora, aquele que nunca errou que atire a primeira pedra!
Foi infeliz...mal terminou a frase, ouviu um zunido à sua esquerda. Era uma pedra avantajada, que com a velocidade de um meteorito atingiu a fronte da pobre acusada e a projetou inerte, morta e acabada, sangrando em profusão...
Jesus mal acreditou no que via...e indignado, furibundo, virou-se para a esquerda e viu um senhor a esfregar as mãos, a quem bradou, em tom acusatório:
- Mas como, irmão, o senhor nunca errou?
Ao que o já erado cidadão bradou de volta em alto brado:
- Não querido e amado Mextre, dexta dixtância, jamaix!!!
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