Quais são as 10 maiores religiões do mundo?
No mundo contemporâneo, as 10 religiões mais praticadas são o cristianismo, o islamismo, o hinduísmo, o budismo, o sikhismo, o judaísmo, o espiritismo, o bahaísmo, o xintoísmo e o zoroastrismo. A seguir, você conhecerá as características de cada uma dessas religiões.
1. Cristianismo
Quadro O sermão da montanha, de Carl Bloch, mostrando um dos diversos ensinamentos de Jesus Cristo.
O cristianismo é a maior religião do mundo, com cerca de 2,3 bilhões de praticantes, e fundamenta-se nas raízes históricas de Jesus Cristo e em eventos cruciais ocorridos há mais de dois mil anos. Surgido no Oriente Médio, esse fenômeno religioso é intrinsecamente ligado a uma matriz cultural e religiosa complexa. Os principais países praticantes são: Estados Unidos, Brasil, México, Rússia, Filipinas. Suas principais características são as seguintes:
- A vida e os ensinamentos de Jesus Cristo: o cerne do cristianismo reside na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, uma figura central que viveu na Judeia durante o século I. Reconhecido como o filho de Deus, Jesus propagou valores de amor, compaixão e o reino divino. Seu ministério, repleto de milagres e parábolas, culminou na crucificação e ressurreição, eventos fundamentais na teologia cristã que simbolizam a salvação e a vida eterna.
- Expansão e consolidação: após a ascensão de Jesus, seus seguidores, os apóstolos, disseminaram suas mensagens. O Novo Testamento, uma compilação de escritos sobre a vida de Jesus e os ensinamentos apostólicos, forma a base da fé cristã. O Concílio de Niceia, em 325 d.C., foi crucial para estabelecer doutrinas fundamentais, como a divindade de Jesus e a Santíssima Trindade.
- Princípios centrais do cristianismo: as crenças cristãs compartilham princípios centrais, incluindo a fé na Trindade, a salvação por meio de Jesus, sacramentos como batismo e comunhão, e a prática do amor ao próximo. A Bíblia, dividida entre o Antigo e o Novo Testamento, é reverenciada como a palavra de Deus.
- Diversidade e denominações: a diversidade no cristianismo é evidente em tradições litúrgicas, práticas sacramentais e interpretações teológicas. Principais denominações (como catolicismo romano, ortodoxia oriental e protestantismo) apresentam variações significativas, subdividindo-se em diferentes correntes.
- Lideranças e estruturas hierárquicas: líderes cristãos contemporâneos desempenham papéis cruciais em várias tradições. O papa, chefe da Igreja Católica, lidera globalmente, enquanto líderes ortodoxos, como o patriarca ecumênico, exercem influência nas tradições orientais. No protestantismo, líderes locais, pastores e figuras globais moldam as perspectivas da fé cristã.
- Diversidade de líderes contemporâneos: o cristianismo moderno é caracterizado por uma rica diversidade de líderes influentes. O papa Francisco, com sua abordagem progressista, destaca-se na liderança católica. Nas tradições ortodoxas, vários patriarcas têm influência; enquanto, no protestantismo, pastores locais e figuras globais, como Billy Graham, moldam a visão no século XXI.
- Globalização e mídias modernas: além das lideranças tradicionais, o cristianismo contemporâneo se destaca pela diversidade de pregadores, autores e teólogos que alcançam audiências globais por meio de mídias modernas, como a internet e as redes sociais. Esse fenômeno reflete a adaptação da fé cristã ao contexto globalizado e às mudanças tecnológicas.
Acesse também: Jesus Cristo — detalhes sobre a divindade central do cristianismo
2. Islamismo
A Caaba, na Arábia Saudita, é um local sagrado do islamismo.[1]
O islamismo é uma das maiores religiões globais, com cerca de 1,9 bilhão de praticantes, e tem origens profundas que remontam ao século VII na Península Arábica, com a vida de Maomé, o mensageiro de Deus para os muçulmanos, sendo, portanto, uma religião monoteísta. A revelação divina por meio do Alcorão marcou o início de sua missão profética. Os principais países praticantes são: Indonésia, Paquistão, Índia, Bangladesh, Nigéria. Suas principais características são as seguintes:
- Os Cinco Pilares do Islã: representam as crenças fundamentais do islamismo, que incluem a declaração de fé, a oração regular, a caridade, o jejum durante o Ramadã e a peregrinação a Meca. São um guia ético e espiritual, moldando a vida diária dos muçulmanos e promovendo a comunidade e igualdade.
- Expansão e idade de ouro islâmica: após a morte de Maomé, o islamismo expandiu-se rapidamente, conquistando vastos territórios da Espanha até a Índia. O Império Islâmico floresceu cultural, científica e artisticamente durante a idade de ouro islâmica, contribuindo significativamente para a herança global.
- Diversificação e seitas: ao longo dos séculos, o islamismo diversificou-se em várias correntes, com as seitas xiitas e sunitas sendo as principais. A divergência originou-se na disputa pela liderança após a morte de Maomé, resultando em diferentes tradições e interpretações.
- Lideranças no mundo contemporâneo: no mundo muçulmano contemporâneo, as lideranças são diversas, incluindo chefes de Estado como Recep Tayyip Erdogan e o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. Líderes religiosos notáveis, como o Grand Imame de Al-Azhar, Ahmed el-Tayeb, e o aiatolá Ali Khamenei, exercem influência no mundo sunita e xiita respectivamente.
- Organizações islâmicas globais: exemplos como a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) e o Conselho Islâmico para Assuntos Jurídicos e Pesquisa desempenham papéis cruciais na promoção da unidade e cooperação entre nações muçulmanas.
- Diversidade no islamismo: é crucial destacar a diversidade dentro do islamismo, abrangendo culturas, tradições e perspectivas distintas. A interpretação do islã varia entre as comunidades e indivíduos, resultando em uma riqueza de práticas e entendimentos dentro da fé.
- Desafios contemporâneos: em tempos contemporâneos, o islamismo enfrenta desafios, incluindo questões geopolíticas, sociais e culturais. No entanto, sua influência global persiste, moldando a vida de bilhões de seguidores em todo o mundo e contribuindo para a riqueza da tapeçaria religiosa da humanidade.
Para saber mais detalhes sobre o islamismo, clique aqui.
3. Hinduísmo
A cidade de Varanasi, na Índia, é o local mais sagrado para o hinduísmo.
O hinduísmo, uma das tradições religiosas mais antigas, floresceu ao longo de milênios na Índia e tem cerca de 1,2 bilhão de praticantes na atualidade. Diferentemente de religiões monoteístas, é uma tapeçaria complexa de crenças, rituais e filosofias que molda a espiritualidade na região. Os principais países praticantes são: Índia, Nepal, Bangladesh, Indonésia, Paquistão. Suas principais características são as seguintes:
- Raízes nos Vedas: no cerne do hinduísmo estão os Vedas, textos sagrados que remontam de 1500 a.C. a 500 a.C. Esses escritos fundamentam a compreensão da natureza divina, rituais e deveres sociais, destacando a crença em Samsara e Karma.
- Os Quatro Vedas: os Vedas são divididos em quatro coleções principais, cada uma com propósitos distintos. Rigveda, o mais antigo, é dedicado a hinos divinos, enquanto Samaveda se concentra em cânticos rituais. Yajurveda oferece fórmulas para sacerdotes, e Atharvaveda abrange hinos variados, incluindo aspectos da vida cotidiana.
- Estrutura dos Vedas: cada Veda possui quatro partes principais: Samhitas (hinos), Brahmanas (rituais), Aranyakas (meditação) e Upanishads (diálogos filosóficos explorando a realidade última).
- Reverência e autoridade: os Vedas são altamente reverenciados no hinduísmo, sendo considerados fonte autoritária da sabedoria espiritual. Desempenham papel crucial em rituais religiosos, estudos filosóficos e na compreensão da natureza do divino.
- Politeísmo e panteão hindu: o hinduísmo tem um vasto panteão diversificado. Brahma, Vishnu e Shiva formam a tríade principal, responsável pela criação, preservação e destruição do Universo. O panteão personifica diferentes aspectos do divino.
- Liderança e práticas espirituais: ao contrário de religiões com liderança centralizada, o hinduísmo possui uma liderança espiritual descentralizada. Gurus e swamis desempenham papéis significativos na orientação espiritual, enquanto organizações como o Conselho Mundial Hindu promovem e preservam valores hindus.
- Influência contínua: o hinduísmo desempenha um papel vital na cultura indiana e além, influenciando arte, filosofia e ética. Sua natureza inclusiva e adaptável permite a evolução contínua, incorporando novas interpretações e práticas ao longo do tempo.
4. Budismo
Templo budista na China.[2]
O budismo, uma tradição espiritual que teve origem na Índia, no século VI a.C., e que tem cerca de 520 milhões de praticantes na atualidade, encontra suas raízes nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, também conhecido como Buda. Esse sábio príncipe, após uma jornada espiritual, alcançou a iluminação debaixo de uma árvore Bodhi, tornando-se o Buda histórico. Os principais países praticantes são: China, Tailândia, Japão, Mianmar, Sri Lanka. Suas principais características são as seguintes:
- Princípios centrais do budismo: o budismo enfatiza a compreensão da natureza da existência e o caminho para a liberação do sofrimento. Suas crenças fundamentais incluem a impermanência (Anicca), o sofrimento (Dukkha) e a ausência do eu (Anatta). A filosofia budista é guiada pelas Quatro Nobres Verdades e pelo Nobre Caminho Óctuplo.
- Práticas e textos sagrados: os adeptos do budismo buscam a iluminação por meio de práticas como meditação, reflexão e conduta ética. Seus textos sagrados incluem os Sutras, que contêm os discursos do Buda, e o Tripitaka, uma coleção de escrituras canônicas.
- Natureza não teísta do budismo: o budismo é uma tradição não teísta, diferenciando-se pela ausência de adoração a um Deus criador; em vez disso, concentra-se na compreensão da mente e da realidade. A diversidade de práticas inclui desde o Theravada, centrado nos ensinamentos originais, até o Mahayana, que destaca a compaixão universal. O Vajrayana, uma tradição tântrica, é praticado principalmente no Tibete.
- Importância dos monges: monges e monjas desempenham um papel crucial na propagação e preservação da tradição, seguindo os preceitos monásticos.
- Líderes espirituais proeminentes: Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano, é uma figura proeminente, enquanto monges respeitados, como Thich Nhat Hanh, influenciam a prática global. Suas lideranças desempenham um papel vital na disseminação dos ensinamentos budistas.
- Influência global e impacto contemporâneo: atualmente, o budismo transcende fronteiras geográficas, exercendo influência sobre pessoas de diversas culturas em sua busca por compreensão, paz e iluminação. Suas práticas meditativas e ensinamentos sobre compaixão continuam a moldar vidas e contribuir para um mundo mais consciente. O budismo se destaca como uma filosofia que ressoa além das fronteiras culturais e geográficas, promovendo valores espirituais e éticos.
5. Sikhismo
Guru Granth Sahib é o livro sagrado do sikhismo.[3]
O sikhismo, uma religião originada no século XV, na região do Punjab, Índia, e que tem cerca de 30 milhões de praticantes na atualidade, teve como fundador Guru Nanak Dev Ji. Sua missão era transcender as divisões religiosas da época, marcando o início de uma fé que perdura até hoje. Os principais países praticantes são: Índia, notadamente no estado do Punjab, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Austrália. A dispersão geográfica reflete a diáspora sikh e a globalização dessa tradição religiosa. Suas principais características são as seguintes:
- Princípios fundamentais e livro sagrado: o Guru Granth Sahib, o livro sagrado dos sikhs, compreende as escrituras reveladas por Guru Nanak e outros líderes espirituais que o sucederam, consolidando as bases do sikhismo.
- Natureza monoteísta e Deus sem forma: o sikhismo é firmemente monoteísta, reconhecendo um Deus único e sem forma, referido como Waheguru. Essa compreensão de uma divindade transcendental é central para a fé sikh.
- Código de conduta moral: Os Cinco Ks são um código de conduta moral e ética: kesh (cabelo não cortado), kara (pulseira de aço), kanga (pente de madeira), kaccha (calças curtas) e kirpan (espada). Esses elementos não apenas representam a identidade sikh como também orientam a vida cotidiana dos seguidores.
- Compromisso com valores: a comunidade sikh destaca-se pelo seu compromisso com valores fundamentais, incluindo igualdade, justiça social e serviço à comunidade. Esses princípios moldam a maneira como os sikhs vivem suas vidas e interagem com o mundo ao seu redor.
- Lideranças e orientação espiritual: as principais lideranças do sikhismo são os gurus, líderes espirituais que desempenham papéis centrais na comunidade. O Guru Granth Sahib serve como a principal orientação espiritual para os seguidores, consolidando os ensinamentos da fé.
- A singularidade do sikhismo: o sikhismo é uma tradição única que valoriza a simplicidade, a devoção e a busca espiritual. Essa singularidade se reflete na maneira como os sikhs abordam a vida e procuram realizar sua fé no cotidiano.
O sikhismo, enraizado na história do Punjab e nos ensinamentos de Guru Nanak, representa uma tradição religiosa distintiva, destacando-se por seus princípios monoteístas, código de conduta moral e compromisso com valores fundamentais. A disseminação global da fé e a liderança espiritual contínua reforçam a relevância duradoura do sikhismo como uma tradição espiritual significativa.
6. Judaísmo
O Muro das Lamentações, em Israel, é um local sagrado para o judaísmo.
O judaísmo, uma das religiões mais antigas do mundo e que tem cerca de 14 milhões de praticantes na atualidade, tem uma rica história que remonta a milênios. Suas origens são profundamente entrelaçadas com a narrativa do povo judeu, começando com os relatos bíblicos, que datam de tempos antigos. O judaísmo é caracterizado por uma forte ênfase na relação entre Deus e o povo escolhido, bem como na observância das leis e tradições religiosas. Os principais países praticantes são: Israel, o epicentro da vida judaica, Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido. Suas principais características são as seguintes:
- Origens: o judaísmo surgiu há mais de 5700 anos, conforme narrado na história do Antigo Testamento da Bíblia, especificamente pelos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, os fundadores do povo judeu. O êxodo do Egito liderado por Moisés foi outro evento crucial, marcando a libertação dos israelitas da escravidão e estabelecendo a aliança entre Deus e seu povo no Monte Sinai.
- Crenças: a crença central do judaísmo é a adoração de um Deus único e transcendente. Esse Deus é descrito como o criador do Universo e aquele que estabeleceu uma aliança especial com os judeus. A Torá, composta pelos Cinco Livros de Moisés, é a fonte principal das leis e ensinamentos judaicos, delineando a ética, rituais e mandamentos que guiam a vida dos seguidores.
- Livros e escritos sagrados: os textos sagrados do judaísmo incluem a Torá, que consiste nos livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Além disso, há os Profetas (Nevi’im) e os Escritos (Ketuvim), que juntos formam a Tanakh, a Bíblia hebraica. Para os judeus, o Talmude, uma compilação de ensinamentos rabínicos, também desempenha um papel crucial na interpretação e aplicação das leis da Torá.
- Orientação monoteísta: o judaísmo é uma religião estritamente monoteísta, acreditando em um único Deus, incorpóreo e incriado, que está além da compreensão humana. A ideia da Trindade, presente em algumas religiões derivadas do judaísmo, como o cristianismo, é estranha à crença judaica. A relação íntima entre Deus e seu povo é enfatizada nas práticas diárias e nas festividades judaicas. O judaísmo foi a primeira religião monoteísta da história.
- Principais lideranças atuais: o judaísmo não tem uma liderança centralizada como algumas outras religiões. A autoridade é descentralizada, com rabinos desempenhando um papel vital nas comunidades locais. Dentre as diversas correntes judaicas, destacam-se o judaísmo ortodoxo, o conservador e o reformista, cada um com suas próprias interpretações e práticas. As principais lideranças contemporâneas incluem rabinos proeminentes, estudiosos e líderes comunitários. O Estado de Israel também tem figuras políticas que desempenham papéis influentes na interseção entre política e religião.
Acesse também: Jerusalém — história do local sagrado para o cristianismo, para o islamismo e para o judaísmo
7. Espiritismo
Allan Kardec é o precursor do espiritismo.
O espiritismo é uma doutrina filosófica e religiosa do século XIX que tem como precursor Allan Kardec, educador e escritor francês, e que tem cerca de 13,8 milhões de praticantes na atualidade. Sua formação ocorreu em um contexto histórico marcado por questionamentos sobre a relação entre ciência e espiritualidade, refletindo os avanços científicos da época. Os principais países praticantes são: Índia, Nepal, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido. Suas principais características são as seguintes:
- Principais escritos: Allan Kardec estabeleceu as bases do espiritismo por meio de obras fundamentais, sendo O Livro dos Espíritos a mais notável. Publicada em 1857, a obra compilou perguntas e respostas obtidas por meio de comunicações mediúnicas, delineando os princípios essenciais da doutrina. Outros escritos sagrados incluem O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese.
- Crenças fundamentais: o espiritismo fundamenta-se na crença da existência de um mundo espiritual habitado por seres desencarnados. Destaca a reencarnação como processo de evolução espiritual e a lei de causa e efeito, promovendo a responsabilidade individual diante das ações.
- Aspectos teológicos: a doutrina espírita é monoteísta, reconhecendo um Deus supremo que se manifesta por meio de leis naturais e da consciência humana. Diferentemente de rituais complexos, com templos suntuosos e clero formal, as reuniões espíritas são centradas na leitura das obras fundamentais, na prática da mediunidade e na reflexão ética.
- Disseminação global: embora tenha surgido na França, o espiritismo expandiu-se globalmente. Brasil, Argentina e México são países onde a doutrina ganhou expressiva adesão, refletindo a abertura à pluralidade de crenças e a ênfase na busca individual pela compreensão espiritual. Comunidades espíritas também são encontradas em diversos países europeus e nas Américas.
- Liderança e organização: não há uma liderança centralizada no espiritismo, valorizando-se a autonomia individual na busca espiritual. Entretanto, federativas e organizações espíritas, como a Federação Espírita Brasileira (FEB), desempenham papéis importantes na promoção, organização e divulgação dos princípios espíritas.
O espiritismo, ao conciliar ciência, filosofia e religião, oferece uma visão singular sobre a natureza da vida, da morte e do propósito humano. Seus fundamentos, disseminados por Allan Kardec, refletem uma abordagem monoteísta, destacando-se pela ênfase na moralidade, na reencarnação e na comunicação com o mundo espiritual. Sua influência transcende fronteiras, consolidando-se como uma das correntes espirituais mais difundidas globalmente.
8. Bahaísmo
Kitáb-i-Aqdas, de Bahá’u’lláh, é o principal texto sagrado do bahaísmo.[4]
Também chamado de Fé Bahá’í, o bahaísmo é uma religião monoteísta que nasceu no século XIX no Irã, tem cerca de 7 milhões de praticantes na atualidade, e foi fundada por Bahá’u’lláh, que significa “Glória de Deus”. Essa fé proclama a unidade da humanidade e a igualdade de todas as religiões. Seus princípios incluem a busca da verdade, a promoção da justiça e a eliminação de preconceitos. A Fé Bahá’í acredita em líderes espirituais sucessivos, conhecidos como manifestações de Deus, incluindo Moisés, Jesus Cristo, Maomé e outros.
Com uma orientação monoteísta, os praticantes da Fé Bahá’í acreditam na unidade de Deus e na fraternidade universal. Embora tenha adeptos em todo o mundo, concentra-se especialmente em países como Índia, Irã, Estados Unidos, Vietnã e Alemanha. A Fé Bahá’í continua a promover a paz, a unidade e a justiça em um contexto global diversificado. Veja, a seguir, alguns dos seus principais aspectos:
- História: a Fé Bahá’í, originada no século XIX, no Irã, teve Baha’u’llah como seu fundador, que proclamou sua missão em 1863. Sua mensagem de unidade e justiça enfrentou perseguições de autoridades religiosas e políticas, moldando a história da religião.
- Doutrinas e crenças: as crenças bahá’ís enfatizam a unidade de todas as religiões e a igualdade entre as pessoas. A busca da unidade espiritual da humanidade é a essência de sua doutrina. Valores como educação, justiça social e promoção da paz mundial são fundamentais para os bahá’ís.
- Escritos sagrados: seus escritos sagrados incluem as obras de Bahá’u’lláh, como o Kitáb-i-Aqdas e o Livro da Certeza. O primeiro é o principal texto sagrado e oferece leis e ensinamentos fundamentais. Além disso, os bahá’ís consideram as escrituras de profetas anteriores, como Moisés, Jesus e Maomé, reconhecendo uma continuidade espiritual.
- Liderança e administração: a comunidade Bahá’í não tem sacerdotes, mas é administrada por instituições eleitas, sendo a Casa Universal de Justiça o órgão supremo. As principais lideranças atuais incluem a própria Casa enquanto órgão internacional eleito a cada cinco anos, e os auxiliares administrativos, designados para diversas regiões. A participação ativa dos membros na promoção dos princípios bahá’ís é enfatizada, refletindo uma abordagem democrática.
- Práticas e rituais: os bahá’ís incorporam práticas diárias de oração, seguem leis morais e éticas e celebram dias sagrados, como Ridván, que marca a proclamação de Baha’u’llah. A religião valoriza a unidade na diversidade, promovendo uma visão global de coexistência pacífica.
9. Xintoísmo
Kirishima Jingu é um dos santuários xintoístas mais antigos do Japão.
O xintoísmo é uma antiga tradição espiritual japonesa, com cerca de 4 milhões de praticantes na atualidade, que tem raízes profundas na história e na cultura do país. Suas origens remontam a tempos pré-históricos, conectando-se às crenças indígenas do arquipélago japonês. Embora não tenha uma fundação formal ou um fundador específico, o xintoísmo floresceu organicamente ao longo dos séculos, incorporando elementos do folclore, da mitologia e de rituais locais.
O xintoísmo é essencialmente politeísta, venerando uma multiplicidade de kami, entidades espirituais que podem ser deidades naturais, ancestrais ou até mesmos objetos. Não se trata de uma fé exclusiva, e muitos japoneses praticam o xintoísmo em conjunto com o budismo.
O Japão é o principal país onde o xintoísmo é praticado, com seus santuários desempenhando um papel vital na vida espiritual e cultural da nação. Atualmente, o xintoísmo continua a ser uma parte integrante da identidade japonesa, coexistindo harmoniosamente com outras práticas religiosas no país. Veja, a seguir, alguns dos seus principais aspectos:
- História: o xintoísmo, originário do Japão, remonta a tempos antigos, influenciando as práticas culturais e espirituais. Não possui um fundador específico e evoluiu ao longo dos séculos, incorporando tradições e a mitologia japonesa.
- Doutrinas e crenças: as crenças xintoístas giram em torno da adoração dos kami, entidades espirituais que podem ser divindades espirituais que habitam os elementos da natureza, como árvores, montanhas e rios, ancestrais ou até mesmo objetos. A pureza ritual, a reverência à natureza e a ênfase na harmonia são fundamentais para a doutrina xintoísta. Os santuários xintoístas são locais sagrados onde os devotos buscam a proximidade espiritual com os kami por meio de rituais, orações e festivais.
- Livro sagrado: diferentemente de muitas religiões organizadas, o xintoísmo não possui um corpo doutrinário extenso ou escrituras sagradas definidas. Em vez disso, suas práticas são transmitidas oralmente e por meio de rituais. No entanto, textos como o Kojiki e o Nihon Shoki, conhecidos como Crônicas do Japão, oferecem relatos mitológicos e históricos que contribuem para a compreensão das origens e da cosmovisão xintoísta.
- Líderes e sacerdotes: o xintoísmo não possui uma estrutura clerical hierárquica. Sacerdotes, conhecidos como kannushi, desempenham papéis cruciais nos santuários, conduzindo cerimônias e orientando os fiéis, mas não têm autoridade centralizada. O imperador do Japão é tradicionalmente considerado um símbolo religioso.
- Práticas e rituais: os rituais xintoístas incluem purificação, oferendas e festivais sazonais, como o Hatsumode, que celebra o Ano-Novo. O respeito pelos antepassados e a manutenção de santuários xintoístas, chamados jinja, são aspectos cruciais da prática religiosa.
10. Zoroastrismo
Faravarhar é o símbolo da alma humana no zoroastrismo.[5]
O zoroastrismo é uma das mais antigas religiões conhecidas, com cerca de 200 mil praticantes na atualidade, e tem raízes que remontam ao profeta Zaratustra, também conhecido como Zoroastro, que viveu por volta do século VI a.C. Seu nascimento é situado na antiga Pérsia, atual Irã. Zaratustra é considerado o fundador dessa fé, tendo recebido revelações divinas que formaram a base das crenças zoroastrianas.
O zoroastrismo é uma religião monoteísta com um foco intenso na adoração do único Deus supremo, Ahura Mazda. Os rituais zoroastrianos envolvem cerimônias de purificação e veneração, muitas vezes realizadas em templos de fogo.
Historicamente, o zoroastrismo era amplamente praticado no Império Persa, mas, ao longo dos séculos, a comunidade zoroastriana diminuiu significativamente. Atualmente, a prática do zoroastrismo é uma realidade para uma comunidade relativamente pequena, mas dedicada, concentrando-se principalmente no Irã e na Índia, com diásporas em várias partes do mundo, como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.
Apesar dos desafios enfrentados pela comunidade zoroastriana ao longo da história, ela continua a manter suas tradições e seus valores, adaptando-se às mudanças contemporâneas enquanto preserva a rica herança de Zaratustra. Veja, a seguir, alguns dos seus principais aspectos:
- História: o zoroastrismo é uma das religiões mais antigas do mundo, fundado por Zaratustra (ou Zoroastro) no século VI a.C., na antiga Pérsia. Sua filosofia ética e dualística influenciou diversas tradições religiosas subsequentes.
- Influência histórica: o zoroastrismo desempenhou um papel significativo na formação das tradições religiosas posteriores, como o judaísmo, cristianismo e islamismo, contribuindo para o desenvolvimento de ideias sobre o dualismo e a escatologia.
- Doutrinas e crenças: a centralidade no dualismo entre Ahura Mazda (Deus supremo associado à sabedoria e à bondade) e Angra Mainyu (espírito destruidor) é uma característica marcante. A ênfase na escolha entre o bem e o mal, a prática da boa conduta e o papel do fogo como símbolo sagrado são pilares fundamentais.
- Livros sagrados: os textos sagrados zoroastristas são conhecidos como Avesta. O Yasna, parte principal do Avesta, contém os Gathas, hinos atribuídos a Zaratustra. Esses textos oferecem orientações éticas e rituais para os seguidores.
- Líderes e sacerdotes: chamados mobed, desempenham papéis importantes nas cerimônias religiosas. Não há uma hierarquia clerical global, e os líderes comunitários desempenham um papel crucial na administração local.
- Comunidade e práticas: a comunidade zoroastrista é conhecida por valores como verdade, boa conduta e caridade. Práticas religiosas incluem a adoração regular nos templos, conhecidos como Atash Behrams, e o ritual do fogo, simbolizando a presença divina.
- Templos e locais de adoração: o zoroastrismo é notável por sua veneração ao fogo como símbolo de pureza e divindade. Os templos de fogo são locais sagrados onde o fogo é mantido continuamente aceso.
- Rituais e práticas religiosas:
- Cerimônias de purificação: os zoroastrianos praticam rituais de purificação, como o Jashan, uma cerimônia de celebração que envolve orações e oferendas.
- Adoração diária: a oração e a adoração diárias são fundamentais, com muitos zoroastrianos recitando as Gathas ou outras preces sagradas.
- Festivais religiosos: celebrações como Nowruz são marcadas por festividades, orações e reuniões familiares.
- Ética e valores:
- Ética zoroastriana: desempenha um papel crucial na vida zoroastriana, enfatizando princípios como a verdade, a justiça e a benevolência.
- Vida familiar: a preservação da identidade cultural e religiosa, muitas vezes, é fortemente vinculada à vida familiar, com a transmissão de tradições de geração em geração.
- Desafios e mudanças:
- Diáspora zoroastriana: ao longo dos anos, comunidades zoroastrianas passaram a existir em países como Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.
- Desafios demográficos: a comunidade zoroastriana tem um número relativamente pequeno de praticantes em comparação com outras religiões.
- Atividades filantrópicas e sociais: alguns zoroastrianos estão envolvidos em iniciativas filantrópicas e sociais, contribuindo para a comunidade em larga escala.
- Liderança e organização: apesar da ausência de uma hierarquia sacerdotal estruturada, líderes comunitários desempenham papéis essenciais na organização e manutenção das práticas religiosas.
Embora o zoroastrismo seja uma religião antiga, sua prática continua a evoluir, adaptando-se aos desafios modernos enquanto busca preservar as tradições e valores fundamentais transmitidos ao longo dos milênios.
Créditos de imagem
[1]Adli Wahid / Wikimedia Commons (reprodução)
[2]Zhangzhugang / Wikimedia Commons (reprodução)
[3]Sumit Sarasvat / Shutterstock
[4]Caspiax / Wikimedia Commons (reprodução)
[5]Furfur / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
ALEXANDER, Bruno. O Livro das Religiões. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2016.
BEKHRAD, Joobin. A obscura religião antiga que influencia o mundo até hoje. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cjeg123w0q2o.
MIRANDA, Marcos Luiz Cavalcanti; CABAN, Fernanda de Moura. Proposta de expansão da classe espiritismo na classificação decimal de dewey. Disponível em: https://revista.ibict.br/fiinf/article/view/5413/5007.
VILAVERDE, Carolina. As 8 maiores religiões do mundo. Disponível em: https://super.abril.com.br/coluna/superlistas/as-8-maiores-religioes-do-mundo.
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