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Textos_Religiosos-->Sobre as terras do Senhor... -- 31/07/2006 - 16:05 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
APOCALIPSE À VEZ



Avante bicharada racional:
A indústria produz e o consumo é obrigatório...




Passageiros com prioridade absoluta em lícito acto de humanidade

Senhor, estão tramados, tão tramados que, tramando-se permanentemente uns aos outros sob a evocação de teu nome, não se apercebem que tu nada podes fazer.

Tu, Senhor, segundo os antiquíssimos preceitos, despojas-te, ofereces a outra face à mão ímpia, entregas-te inteiro à mais ínvia e facínora estupidez entre a amalgamante peçonha dos egos capazes de tudo.

Todavia, Senhor, de nada vale o exemplo do voluntarioso sacrifício e então é vê-los incessantemente aperrados às armas, cultivando a aberrante ciência do mistério, prostados no reconhecimento do pecado quotidiano que é perdoado todos dias, algo que o raciocínio lúcido, nem que queira, não pode aceitar. Defendem-te, Senhor, e tu não precisas de defesa alguma.

Métodos e mais métodos religiosos surgem à luz em vão dos milénios, atropelam-se, espatifam-se em catadupa, forjando direcções que não vão a lugar algum e todas sem excepção desembocam na entronização de líderes de todas as índoles, assassinos e assassinados, adensando mais ainda a imbecil e assaz ridícula existência da humanidade.

Defronte à inteligência que coloca em nítido apreço a santificação da origem de todos os males, os ignorantes, os incautos e os espertalhões alinham de joelhos. No entanto, propositadamente ignora-se a mais que preclara evidência do processo natural de todas as coisas.

Deus é natural, em nada se santifica ou empompa, ora se movimenta em singela gradiosidade, ora se aquieta em humilde transparência, exalando o alívio para as vicissitudes da existência. O Diabo, sim, esplendoriza-se, veste-se de rei, fascina e amedronta, submete e escraviza, impõe o suor de todos como seu exclusivo alimento.

Vejam-nos, apreciem-nos no factual efeito, voam de um lado para o outro, teatralizam as poses e o poder de decisão, intrujam as partes, fingem a paz e provocam permanentemente a guerra. Basta a posição em que se encimam para desde logo gerarem os sucessivos conflitos, face à impotência dos inequívocos humanistas que soçobram nos actos e são içados ficticiamente na morte ao altar do exemplo imóvel.

Assim, como a conveniência incoerente persiste cega e intransigente, a onda colectiva levanta-se e mata-se, remata-se, chafurda no próprio sangue para sobreviver. Oh... Que belo e heróico é pois viver sobre as terras do Senhor!...

O Deus hodierno: o inquérito político após o crime !... Se tais gentes são de Deus... O meu Deus é outro, mesmo que jamais saiba quem é.



António Torre da Guia
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