Lutero não removeu livros da Bíblia, mas adotou o cânon judaico que foi estabelecido no século II d.C., enquanto a Igreja Católica e a Ortodoxa seguem o cânon baseado na Septuaginta, que era a versão usada pelos judeus na época de Jesus e pelos primeiros cristãos. Os sete livros que não foram incluídos na Bíblia protestante são chamados de deuterocanônicos pela Igreja Católica e apócrifos pelos protestantes.
1. A Origem dos Livros Deuterocanônicos
Os livros deuterocanônicos (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1 e 2 Macabeus) estavam presentes na Septuaginta, uma tradução grega do Antigo Testamento usada por judeus helenizados e pelos primeiros cristãos. Essa era a versão amplamente utilizada nos tempos de Jesus e dos apóstolos, já que muitos judeus da época falavam grego em vez de hebraico.
2. Qual era o Antigo Testamento no Tempo de Jesus?
Diferentes grupos judaicos tinham coleções diferentes de textos sagrados no século I.
- Os saduceus seguiam apenas o Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
- Os fariseus utilizavam um cânon mais amplo, mas ainda não fixado.
- Os essênios (de Qumran) tinham ainda outros textos.
- A Septuaginta, que continha os deuterocanônicos, era amplamente usada.
Ou seja, não havia um único "cânon hebraico" oficial na época de Jesus. O Novo Testamento cita muitos livros do Antigo Testamento, mas não lista um cânon fechado.
3. Quando o Cânon Judaico foi Definido?
O cânon hebraico, aceito pelos judeus hoje, só foi fixado entre os séculos I e II d.C. por rabinos judeus após a destruição do Templo (70 d.C.), em um contexto onde os cristãos já estavam se separando do judaísmo. Nessa época, os livros escritos em grego (como os deuterocanônicos) não foram incluídos.
Por outro lado, os primeiros cristãos continuaram usando a Septuaginta, incluindo os deuterocanônicos. Isso é evidenciado por citações de pais da Igreja como Irineu de Lyon (século II) e Agostinho (século IV), que consideravam esses livros parte da Escritura.
4. Lutero e o Cânon Bíblico
Na Reforma Protestante (século XVI), Lutero escolheu adotar o cânon hebraico para o Antigo Testamento, rejeitando os deuterocanônicos. Isso foi uma escolha teológica, pois esses livros continham doutrinas que Lutero discordava, como a oração pelos mortos (2 Macabeus 12:46).
Ele não removeu fisicamente os livros, mas os colocou em uma seção separada, chamada "Apócrifos", dizendo que eram úteis, mas não canônicos. Somente depois, edições protestantes começaram a omitir esses livros completamente.
5. A Igreja Católica Adicionou os Deuterocanônicos?
Não. A Igreja Católica já os utilizava há séculos. O Concílio de Trento (1546) não "adicionou" esses livros, mas reafirmou oficialmente sua canonicidade diante da rejeição protestante.
Conclusão
- Lutero não foi o primeiro a questionar esses livros, mas sua escolha influenciou o cânon protestante.
- Os deuterocanônicos faziam parte da tradição cristã desde os primeiros séculos.
- O Novo Testamento não define um cânon fechado, e os primeiros cristãos usavam a Septuaginta, que incluía esses livros.
- O cânon hebraico só foi fixado depois da era apostólica, e os cristãos seguiram uma tradição diferente.
Portanto, a diferença entre a Bíblia católica e a protestante não é uma questão de "acrescentar" ou "remover", mas de quais tradições diferentes foram seguidas para definir o Antigo Testamento.
Isso contradiz o que o teu pastor te disse, ao fazer lavagem cerebral sobre os satânicos católicos?