Setembro vai chegando ao fim e com a aproximação das eleições de maior significado no país, o desespero daqueles que querem perpetuar-se no poder evidencia-se sob as formas mais insólitas e impensáveis, dignas mesmo da antiga Stasi da extinta RDA (Polícia Política da Alemanha Comunista).
No dia 23 pp., várias “comunidades” do Orkut que eram declaradamente contra o candidato governista Lula da Silva foram deletadas, assim como algumas que eram favoráveis a outros candidatos que não ele. No início da campanha eleitoral o presidente do PT, Ricardo Berzoine, divulgou nota à militância solicitando que estes redrobrassem a vigilância sobre o que circulava pela Internet e que, caso encontrassem alguma mensagem com “teor ofensivo” (seja lá o que isso queira significar) contra o “grande líder” ou o Partido-Estado, que fosse imediatamente denunciado ao partido. Não é possível afirmar que tenha sido obra da Stasi petista mas há este curioso precedente.
No dia 21 de setembro a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro foi surpreendida por Oficiais de Justiça que traziam um Mandado de Busca e Apreensão de “material de propaganda eleitoral em desfavor” da candidata ao Senado, Jandira Feghali, representação feita pela coligação “Um Rio Para Todos” que reúne os partidos comunistas PT, PSB e PC do B, partido de dona Jandira. Todas as dependências da Arquidiocese foram vasculhadas, até mesmo os gabinetes particulares do Cardeal Arcebispo Dom Eusébio Oscar Scheid e dos Bispos Auxiliares como se aquele local fosse um bunker, porém nada encontraram, como era de se esperar. O tal “material desfavorável” é na verdade um panfleto onde se revela que a candidata Jandira Feghali é relatora do Projeto de Lei 1135/91, um substitutivo ao anterior que permite a prática do aborto até os 9 meses de gestação e havia sido elaborado e distribuído pelo grupo “Frente Carioca Pela Vida”, nada tendo a ver com a Arquidiocese. Dona Jandira defende um projeto abortista dentro das quatro paredes da Câmara mas omite de seus eleitores e se ofende quando a chamam daquilo que é: abortista.
Mesmo nada tendo sido encontrado, dona Jandira não se satisfez e entrou com uma representação no TRE-RJ contra a Arquidiocese do Rio. No dia 25 de setembro Dom Eusébio é mais uma vez surpreendido, desta vez por uma liminar estúpida e autoritária que, além de lhe cassar a palavra, o obriga a exigir do clero que lhe é subordinado que também silencie sobre questões relativas à política, “sob pena de caracterizar-se desobediência à presente ordem judicial”. Diz o teor da liminar: “Determino a notificação do Cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid, assim como o Bispo Auxiliar, Dom Dimas Lara Barbosa, no sentido de que orientem a todos os Párocos, Vigários Paroquiais e Diáconos ou a eventuais celebrantes de ofícios religiosos, no sentido de que se abstenham de qualquer tipo de comentário ou referência político-ideológica, sob pena de caracterzar-se desobediência à presente ordem judicial”, assinada pelo Juiz Luiz Felipe Francisco.
Dom Eusébio não assinou por não concordar com o teor da notificação e o departamento jurídico da MITRA interpôs um agravo da decisão. Como o fato ocorreu em presença da imprensa, o Juiz Luiz Felipe Francisco ao ver o agravo interposto e a repercussão que o caso teve, resolveu colocar em pauta para votação esperando que seus pares o apoiassem, acrescentando que “...acredito ter tomado a decisão correta”. Mas o tiro saiu pela culatra e esta ação insólita, autoritária e despropositada foi derrubada por 5 votos contra um, o dele mesmo, o inimigo da Igreja.
O caso foi “encerrado” mas requer algumas reflexões, uma leitura mais acurada sobre aquilo que não foi dito: “o quê” está por trás deste ato insano e inconstitucional? Alguns podem até achar que se trata de teoria da conspiração ou paranóia de uma maluca delirante mas a resposta é: Foro de São Paulo!
Uma das diretrizes do Foro para desestabilizar o que resta de democracia e liberdade nos países-alvo é o terror seletivo como mecanismo de dominação. E como se dá isso? Perseguindo, imputando falsas acusações ou calúnias a líderes religiosos, políticos, militares, jornalistas, pensadores liberais, de modo que não se caracterize a ditadura em curso uma vez que o autoritarismo não é imposto a uma classe, ou um grupo de pessoas mas a “pessoas isoladas”.
Particularmente em relação a líderes religiosos temos exemplos anteriores vindos da Argentina e da Venezuela, e que não tiveram qualquer repercussão aqui no Brasil. No ano passado o Capelão Monsenhor Antonio Baseotto sofreu perseguição e censura por parte do Montonero Presidente Néstor Kirchner, por mostrar-se preocupado com as alianças e aproximação da Argentina com o ditador Fidel Castro, bem como a desestruturação dos valores morais cristãos. Em 16 de junho, quando celebrava uma missa em defesa desses valores, durante a homilia de Dom Baseotto a energia foi cortada e a igreja ficou completamente às escuras, embora todos os prédios do quarteirão e imóveis ao redor permanecessem com suas luzes acesas, só voltando à normalidade uma hora depois quando a missa havia acabado.
Na Venezuela temos o exemplo do Cardeal Dom Rosalio Castillo Lara que sofre todo tipo de acosso, perseguição e calúnias do ditador Chávez, por não aceitar freios nem mordaças à sua língua nas denúncias que sempre fez ao avanço do castro-comunismo em seu país. Disse ele certa vez: “Este país está se cubanizando; em boa parte é o pensamento cubano quem guia o Presidente, aplicando gradualmente o que Castro fez em Cuba”. Chávez o rotulou de “Diabo com batina” e quanto a isso Dom Castillo responde: “Não tenho medo de nada; meu trabalho ainda não está concluído e por sorte este país não chegará ao comunismo”.
Agora lembro outro Bispo brasileiro ao qual não se importuna, não se revista a residência, não se processa por causa de suas homilias: Dom Paulo Evaristo Arns. Dom Paulo é membro da CNBB e adepto da teologia da libertação, aquela cuja bíblia é o credo marxista. Por ocasião do seqüestro do empresário Abílio Diniz, Dom Paulo manteve-se em silêncio sepulcral mas, tão logo ele foi libertado e os seqüestradores presos este senhor, travestido de bispo, foi ao encontro não da vítima mas dos seqüestradores, terroristas do MIR chileno, oferecer-lhes seu apoio incondicional.
Dom Paulo Evaristo Arns sempre esteve do lado dos delinqüentes, dos malfeitores, dos terroristas e jamais foi molestado por ser, junto com Frei Betto, fundador do Foro de São Paulo. Por ser tão comunista quanto aqueles que hoje defendem o aborto, o casamento entre homossexuais e a ditadura cubana é que Dom Paulo jamais sofrerá a afronta que Dom Eusébio sofreu.
Este ato insólito de que foi vítima Dom Eusébio Scheid, perpetrado pela Stasi tupinikin e abortado pelo bom senso e integridade de caráter de 5 magistrados não foi único, não foi isolado, nem será o último; foi um ato deliberado para destruir aos poucos os verdadeiros Pastores de Alma e a verdadeira Igreja de Cristo. Como disse o grande Príncipe das Milícias Celestes, o Arcanjo São Miguel, “Estejamos atentos!” porque dias piores poderão ainda vir.
(*) Graça Salgueiro é jornalista independente, estudiosa do Foro de São Paulo e do regime castro-comunista e de seus avanços na América Latina, especialmente em Cuba, Venezuela, Argentina e Brasil. É articulista do Mídia Sem Máscara, onde também colabora como tradutora e revisora, e proprietária do blog Notalatina.