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Textos_Religiosos-->Dom Song Sui Wan – Vocação Missionária na Amazônia -- 15/02/2007 - 07:44 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Entrevista com Dom Song Sui Wan

Vocação Missionária na Amazônia


A escolha do tema e lema propostos para a Campanha da Fraternidade 2007 – “Fraternidade e Amazônia, Vida e missão neste chão” – retoma um desafio enfrentado pela Igreja na ação evangelizadora dos povos desta região do país. A Amazônia abrange uma área de 3.581.189 quilômetros quadrados, correspondente a 42,07% do território nacional.

Dom Song Sui Wan, chinês de Xangai e salesiano, vive na Amazônia há quatro anos e meio e – com planejamento – conseguiu visitar 4.500 famílias. É bispo de uma das nove dioceses presentes na região: São Gabriel da Cachoeira – a maior e uma das mais pobres do Brasil.

Uma de suas principais atividades é visitar as comunidades. Entre as dificuldades que enfrenta, estão as distâncias: “Emprego cinco horas de voadeira (barquinho) para ir à missão mais próxima e três dias, à missão mais distante”, conta dom Song.

Mesmo assim, e apesar dos inúmeros insetos, dom Song mantém pelas missões na Amazônia o mesmo encanto de quando era seminarista. “E agora, ao vivo, fico mais encantado ainda com o que vejo, ouço, vivo...”.



Boletim BrasileiroComo é trabalhar na diocese de São Gabriel da Cachoeira?
Dom Song – De fato, poder trabalhar aqui na maior diocese do Brasil é uma grande graça de Deus. Sou ordenado bispo há cinco anos. Sempre trabalhei em cidades grandes. E sair de um mundo altamente tecnológico para um mundo extremamente ecológico implica muitos “choques” culturais.

Boletim BrasileiroQuais são e como o senhor administra estes “choques” culturais?
Dom Song – Alguns choques são: trocar roupa diante de uma platéia curiosa, fazer necessidades fisiológicas diante da mesma platéia, comer certas comidas e beber certos líquidos sem fazer cara feia, conviver num ambiente de calor tropical (às vezes acima de 40 graus) sem água gelada, sem ventilador e com uma porção de paramentos episcopais... Administro tudo isso com otimismo, esperança, simplicidade, humildade, alegria e uma boa dose de fé. Ah, sem fé, eu teria desistido da minha vocação missionária logo na primeira semana!

“Sem fé, eu teria desistido da minha vocação missionária logo na primeira semana!”


Boletim BrasileiroQuais as principais atividades do senhor na diocese?
Dom song – Jesus disse que Ele é o Bom Pastor. Ora, o bom pastor conhece suas ovelhas e suas ovelhas o conhecem. Inspirado neste princípio, uma das minhas principais atividades é visitar os irmãos. Nestes quatro anos e meio de permanência no Amazonas, visitei 4.500 famílias. Nas visitas, ouço e falo com o povo; deixo uns presentes para eles; dou uma bênção aos doentes; abençôo as casas; considero este trabalho muito importante. Se a família é evangélica, não perco a ocasião de semear uma boa palavra e plantar harmonia.

Boletim BrasileiroComo conseguiu visitar 4.500 famílias num período de 4 anos e meio? O que o senhor mais escuta do povo durante as visitas?
Dom Song – O planejamento é essencial. Visito todas as famílias, ricas (que são pouquíssimas) e pobres. O meu método é simples: cada vez pego uma rua ou um bairro, e vou andando casa por casa, que nem vendedor ambulante. Sabe que todos me acolhem e recebem bem: católicos ou não? Portanto, não excluo ninguém. O povo fala muito de suas dificuldades, desejos, reclamações, necessidades...

Boletim BrasileiroQuais as expectativas do senhor diante do tema e lema da Campanha da Fraternidade 2007?
Dom Song – Olhe, minha diocese é uma das mais pobres (não é choradeira...). Temos a grande “faltura”. Falta pessoal, falta material... Espero que esta campanha seja uma ótima oportunidade de conscientizar que toda a Igreja é Missionária. E espero algum gesto concreto dos que têm a grande “fartura” material e pessoal.

“Espero que esta campanha seja uma ótima oportunidade de conscientizar que toda a Igreja é Missionária.”


Boletim BrasileiroQuais são as principais dificuldades e alegrias que o senhor enfrenta à frente da Diocese?
Dom Song – As principais dificuldades são as distâncias entre as igrejas: emprego cinco horas de voadeira (barquinho) para ir à missão mais próxima e três dias, à missão mais distante; “faltura” geral: falta verba, falta material, falta dinheiro; escassez de pessoal (padres e religiosos). Entre as alegrias está a união entre os missionários consagrados, o espírito de fé entre nós, a receptividade do povo e a variedade cultural (aqui existem 22 etnias).

Boletim BrasileiroQuais são as fontes de recursos financeiros para que o senhor consiga desenvolver projetos e arcar com as despesas rotineiras da diocese?
Dom Song – O Adveniat da Alemanha tem sido nosso parceiro. Fora isso, as doações esporádicas têm nos acompanhado também.

Boletim BrasileiroPor que já no noviciado pediu aos seus superiores: “Quero ser missionário no Amazonas”?
Dom Song – Quando era seminarista, tive palestras de missionários salesianos que passavam por Pindamonhangaba, Lorena, Lavrinhas e São Paulo (todas do Estado de São Paulo). Ficava encantado com o que contavam. E agora, ao vivo, fico mais encantado ainda com o que vejo, ouço, vivo...

Boletim BrasileiroO que São Gabriel da Cachoeira representa para o senhor após estes mais de quatro anos de trabalho?
Dom Song – Representa que o sonho não era apenas platônico, mas real. Realidade às vezes marcada pelas picadas de insetos (piuns, mutuca, carapañas...) que cruelmente deixam seus efeitos imediatos: coceira, feridas e cicatrizes. Fui encantado no passado, mas continuo encantado.

Boletim BrasileiroVidimus stellam eius in Oriente. Por que escolheu este lema para seu episcopado?
Dom Song – Vimos a sua estrela no Oriente. Sou chinês de Xangai. Naquele longínquo 1941 vi a estrela da fé brilhar diante de mim. Fui batizado um dia depois de meu nascimento. Em 1949 a estrela se deslocou e foi parar em Hong Kong, onde fiz estudos ginasiais com os jesuítas e salesianos e fui parar no aspirantado salesiano. Em 1959 esta mesma estrela se deslocou e desta vez foi longe. Parou na baía da Guanabara. Em São Paulo, me ordenei padre e bispo (creio que o Espírito Santo cochilou). E a estrela mudou mais uma vez: Rio Negro. Maria me mostrou claramente minha vocação: ser missionário dos indígenas e discípulo de Jesus. Rezem por mim, mas também para que a estrela continue brilhando não só para mim, mas também pra meus irmãos. Quero ser um bom pastor, um bom irmão, um bom pai e um bom amigo. Obrigado.

Fonte: Boletim Brasileiro (Publicação Bimestral do Conselho Nacional do Brasil da SSVP – Sociedade de São Vicente de Paulo), Ano 129, n.º 1, Janeiro/Fevereiro de 2007, páginas 2, 3 e 4.




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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”

LUIZ ROBERTO TURATTI.



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