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cronicas-->A seco -- 03/07/2003 - 18:59 (Suzie Tibiriçá) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lista de "afazeres", o quão longo isso pode ser? Algumas futilidades, alguns sei-la-o-quês, e blábláblá... E tem o livro do Keroauc, e do García Marques, que tá emprestado, e nem sei se vou ver de volta, e tem o Otto Rank, o Doucet, a Lispector, e tem 400 páginas de história pra ler, jogado ali no chão com mais outros livros cheinhos de pó, como eu, eu, Ieda, que ninguém conhece, e não entra em CONTATO faz tempo, porquê parou de escrever sobre ela mesma há tempos, mesmo usando "ele" ou "ela", ou, ao menos, parou de tentar. Tem o estudo de filosofia, o de cinema, e ocultismo. Tem o Henry Miller. Tem o Camus. Tem o Nietszche, que eu preciso parar uns segundos pra lembrar como se escreve... N-i-e-t-s-z-c-h-e... É assim, num é? Eu sou Ieda. I-e-d-a, com i. Já escreveram com y, e até já me perguntaram se era com h (hieda!?) mas faz diferença? Tem até Kierkgaard, ou Keirrkhgard, ou Kquyieerkqueghardh.... Sei lá... Prequiça, prequiça... Eu tenho um mundo pra ver, eu tenho uma pessoa pra ser... E eu tenho preguiça e um monte de "mas... pra quê mesmo?". E acima de tudo, eu tenho 16, só 16 anos (olha, faz eco: 16,16,16,16,16,16,16... ad infinitum) e tenho, ou teria, que ter decidido a minha vida, a minha carreira, o meu gosto musical, os meus amigos, a minha aparência, o quão rápido eu devo andar, o quão educada e simpática eu devo ser, o quanto eu devo mastigar a comida antes de engolir, quanto tempo que leva pra eu me acalmar, e mais um monte de coisa... que eu tenho pànico... E preguiça....pre...gui......ça....... Eu tenho um quarto e uma cama que me amam... E eu odeio, odeio, odeio, odeio... Eu leio sobre existencialistas e psicólogos, e eles falam de vida, de morte, de homem, de animal, de crianças, de caos... E eu conheço o mundo todo, porque eu sinto, mas eu não conheço nada... Eu tenho pilhas de nomes a conhecer, de livros a ler, de sons a escutar, imagens a ver e pílulas a tomar. Isso tudo, porque eu já tive bastante da vida, tanto, mas tanto, que eu choro debruçada nos excessos... E veja só, mãe, o quanto ainda falta pra chegar lá encima!! Eu lembro que eu odiava comer quando era criança... E eu tinha de comer arroz e feijão, todos os dias, pratos todos, num pratinho branco de plástico, monstruoso... Eu cospia, vomitava, fazia manha, e a babá me enfiava a colher e tudo de volta até que eu terminasse o prato, e o prato não acabava nunca, nunca... nunca acaba... parece que nunca acaba... E eu já estou cuspindo, e vomitando, mas não acaba, nunca abaca... E eu só tenho 16...... ad infinitum... Dizem, os bons vernaculistas, que não se começa frases com "e", ou "mas"... Mas "e", é tudo que sobra e faz eco....e....e....e....e...definitivo e infinitamente. Num mês eu faço 17, e noutro ano 18, e noutro 20, e noutro 40, e 50, e 60, e 98, e... e... e... e... E eu tenho que me calar agora. E eu tenho que renascer, como dizem os pisicólogos. Eu tenho de passar pelas minhas mentiras, pelos meus medos, pelos meus instintos, e saber ver. E saber ver merda, encher a mão, com gosto, enfiar na boca, mastigar e engolir. E saber ver que o prato não termina, foda-se você fazer manha ou não, alguém maior e mais forte que você vai te obrigar a comer tudo, tudinho, querendo ver o prato limpo, mesmo sabendo que ele nunca acaba. Saber ver que você é um animal, que tem tanto valor quanto uma tampinha de garrafa. Que depois de você, vem milhões, e seu nome, seu heroísmo, seu sofrimento, seu ódio, seu amor, sua coragem, sua força, tudo, serão todos esmagados pelos pés dos seus netos, bisnetos, tataranetos e tatatatataranetos, e os filhos deles, e os filhos, e os filhos, e os filhos... Mais uma vez, até o infinito, mais uma vez... Até o último planeta, da estrela mais longe. Até o último homem da terra, a casa de Deus... E onde está escrito o seu nome, mesmo? E como se escreve? Só um minuto...
O maior avanço humano do nosso tempo foi o niillismo.

Ieda Marcondes
loveibaby@hotmail.com
www.fabin.blogger.com.br
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