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cronicas-->MEU PRIMEIRO AMOR -- 17/08/2003 - 12:38 (Adriane) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu primeiro amor



Tudo começou há um tempo atrás quando resolvi participar da apresentação de uma peça de teatro que aconteceria em um clube perto de minha casa. Sempre gostei muito de teatro, mas no futuro certamente seguirei jornalismo, a minha grande paixão desde que descobri a maravilhosa sensação de escrever e de embarcar na prazerosa viagem da leitura.
No começo, mal conhecia as pessoas, mas aos poucos fui me enturmando e conhecendo pessoas realmente muito legais. Os ensaios aconteciam três vezes por semana, inclusive no domingo. Como estava de férias, os ensaios não interferiam nos estudos, mas sim um pouco nos programas de final de semana, algo que nem me importei muito, afinal fazer coisas novas sempre é muito bom.
Nos intervalos dos ensaios, conversava muito com Gabriel, um garoto de dezenove anos que parecia ser muito simpático e divertido, que já frequentava o lugar há muitos anos. Quando conversávamos, ele só contava histórias legais e engraçadas que me faziam rir muito. Comecei a perceber então que conforme íamos nos conhecendo, eu sentia algo a mais que vinha do fundo do coração. A forma com que ele conversava comigo, os seus olhares e sorrisos indiscretos fascinaram-me de tal forma que já não conseguia prestar atenção em outra coisa. Comecei a sentir algo muito forte por ele, mas tentava disfarçar meus olhares para que outras pessoas, inclusive ele, não percebessem o que eu estava sentindo. Mas foi inevitável. Meus olhares entregaram meu coração.
Com a desconfiança de muitos, o mais correto seria eu guardar tudo que estava sentindo a sete chaves no meu coração, contudo Dani, uma colega que fiz lá, conseguiu interpretar meus olhares tristes quando ele se aproximava de outra menina. Querendo ou não, Dani já sabia de tudo e não adiantava mais esconder, nem ao menos mentir. Isso foi até bom porque ela me contou histórias que me fizeram acreditar que na verdade, o Gabriel não era tudo aquilo de bom que eu imaginava. Segundo ela, ele já havia dado em cima dela no seu próprio quarto e arranjado briga feia com Marcelo, um grande amigo seu, somente para ficar com sua namorada.
Em casa, minha mãe foi percebendo minhas mudanças. Andava muito distraída fazendo coisas erradas e certa vez, apareci com cara de choro. Já não era a mesma e não prestava atenção em nada diferente. Então, me abri para meus pais e declarei meus sentimentos. Fui bom eu ter feito isso, pois enfim estava desabafando e tirando um peso do coração. Coloquei na minha cabeça e na deles que ia dar um jeito de esquecê-lo, o que é uma missão difícil, mas nunca impossível.
Mas o que mais me deixou magoada e muitíssimo triste, foi o modo como ele foi se comportando. Continuávamos nos falando normalmente, porém percebi que ele estava ficando muito estranho comigo. Isso aconteceu bem antes de Dani saber de tudo e foi justamente por essa razão que não cheguei a desconfiar dela. Percebi que ele não conversava mais comigo por um longo tempo como antes e nem ao menos me abraçava como amigo. Nossa relação de amizade, que antes crescia ao passar dos dias, foi se desfazendo e se despedindo de nós. Não sei se isso aconteceu porque quando entrei para o grupo de teatro era uma novata e ele estava apenas interessado em me conhecer ou ele se distanciara por perceber meus sentimentos. Nossa relação não passava de " oi e tchau" e também já estava ficando cansada de tentar resgatar uma amizade que mal tinha começado, e com a qual ele parecia nem se importar em mantÊ-la. Enfim, fiquei sem ação.
Comecei a desconfiar que ele estava interessado na " tampinha" da Luciana. Não era À toa que ela estava interpretando uma escrava na peça. Realmente era incrível a forma com que ela não se desgrudava dele. Apesar de todos repararem, era só ele estalar os dedos que ela aparecia em um segundo. Não adiantava mais tentar pensar em algo entre nós. Quem nos via pensava que não nos conhecíamos. Entediada, parei de vez de tentar puxar assunto com ele e fiquei dias sem ligar para a casa dele, o que antes eu fazia de vez em quando.
Apesar de querer muito, sabia que não podia me render ou então definitivamente não conseguiria tirar ele da cabeça. Mas foi no dia seguinte que algo inesperado aconteceu. Enquanto não chegava minha vez de entrar em cena, fiquei do lado de fora do salão conversando com Carlos quando do nada, Gabriel veio em minha direção querendo me abraçar. Achei estranho, pois fazia um bom tempo que não tínhamos essa intimidade. O Carlos entrou para sua cena e a partir daí ficamos a sós contemplando o luar e conversando sobre as coisas da vida. Fui recordando dos momentos que ficávamos juntos e aquilo tudo parecia estar recomeçando. Sentamos no beiral da janela do salão observando aquela bela noite quando uma onda de fantasias e sonhos passou a me dominar por dentro. Ele então pegou na minha mão e depois fez um carinho no meu rosto. Estava somente deixando levar...Havia algo ali que me prendia, impedindo-me de ir embora. Tudo de mal que haviam me falado dele, tinha esquecido completamente. Fechei os olhos e passei a sonhar como uma criança feliz. Será que ia acontecer o que eu estava pensando? Percebi que ele olhava fixamente para mim. Por um momento hesitei em olhar para ele, mas seria impossível evitar que ele me olhasse. Então, quando abri os olhos, não deu tempo para dizer que não. Ele entrou de vez no coração e aí aconteceu a magia do amor. Comecei a me sentir leve, flutuando no ar como uma nuvem. Meu coração disparava e minhas mãos tremiam. Será que ele percebia? Estava escrito, foi o destino certo. Meu coração lhe disse coisas, que em palavras eu jamais conseguiria dizer. Era o meu primeiro beijo com a pessoa que eu estava apaixonada. Parecia tudo cena de filme romàntico e era exatamente como eu sonhava que pudesse acontecer, que rolasse naturalmente... Foi quando me dei conta que por nós, o universo se abriu e a lua no céu nos abençoou. Foi algo extraordinário e marcante que me fez descobrir o amor escondido entre nós. Por mais que evitasse, foi meu coração que me ensinou a ver que por trás de um começo de amizade, havia o amor que lutava incansadamente para se revelar. Sentia vontade de gritar para todas as estrelas enxergarem nossa paixão. Senti vontade de entregar de vez meu coração.
Nunca me arrependo de coisas que fiz, mas sim de coisas que não fiz. Tudo o que eu vivenciei não era realidade, era apenas ilusão. Só por alguns minutos eu estive em seus braços e ele revelou seu desejo. Foi só um beijo...Um beijo simples e insignificante para ele, mas para mim, um beijo infinito e imemorável. Ele fez do meu coração, um brinquedo novo e depois de usado, o jogou fora para que outros pudessem se apoderar dele.
Eu o amei por nós dois e não pensei em depois. Me iludi, me entreguei e agora como vou explicar ao coração a minha solidão? Já não sei o que fazer com a paixão que eu guardei somente para lhe dar. Vejo que ele só quis se aproveitar de mim deixando-me ferida.
O tempo passa e sem lhe ver, sinto que posso esquecer se realmente eu desejar. Mas não é fácil, pois a todo tempo as lembranças se manifestam e a saudade dói no peito.Cada música romÂntica, cada filme de amor, cada momento bom é sempre recordado. "Não há dor maior do que ter que matar um grande amor e não ter força o suficiente para matá-lo."É preciso jogar ao vento todas as lembranças boas e ruins e esvaziar de vez o coração. É preciso ficar pronta para a vida e receber um novo amor. Talvez um dia ele olhe para trás e se arrependa de não ter feito o que o seu coração ignorou. Sinto que no brilho dos meus olhos, ele desejará um dia mergulhar. Sinto que ele ainda vai se apaixonar, mas não irei esperar. Só cabe a Deus escolher o dia certo para isso acontecer.
Agora, deixarei a vida me levar para um destino desconhecido e irrestrito onde o tempo determina o momento certo para o mais puro e verdadeiro amor manifestar-se. Afinal, somente um novo amor cura a dor de um amor perdido.
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