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cronicas-->O CAMISA 9 -- 11/09/2000 - 14:58 (Nelson de Medeiros Teixeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Naquele tempo, na televisão não se via ainda, com frequência, jogos de futebol do Rio de Janeiro e de S.Paulo. Era a época dos grandes esquemas dos treinadores , como o 4-2-4, 4-3-3, e outras inovações dos grandes estrategistas do esporte bretão, como gostavam de denominar os comentaristas esportivos da época.
Enorme euforia contagiava todo o pais, no auge de seu amadurecimento futebolístico. Para se ter uma idéia basta dizer que todos os clubes da nossa pequena cidade - e olha que eram 8 - treinavam religiosamente em seus estádios. Diga-se, ainda, de passagem, que eram treinos super concorridos onde, na "cerca", geralmente ficava outro time esperando a vez.
Não era diferente com o Esporte Clube XV de Novembro, agremiação de cores azul e amarelo que ficava lá pelas bandas do Cemitério... Fizesse chuva ou fizesse sol, lá estavam duas vezes por semana todo os seus atletas desde as 15 horas da tarde... E olha que estou me referindo ao time juvenil. Naquela época era juvenil mesmo, porque júnior ainda era o filho que tinha o nome do pai. E eu nem sabia que juniores era plural...
Hoje nem sei se os jogadores se conhecem realmente. Em todos os lugares é a mesma coisa. Parece que se juntam nos dias de jogos e é só. Mas isto é hoje quando a abalada estrutura no nosso profissionalismo não permite outras alternativas. Ontem não era assim não. Quem não treinava não jogava... E olha que o nosso time treinava, lá isso treinava. E a gente treinava com afinco, com aquela vontade que caracteriza o denodo na busca de um ideal maior... Ensaiava-mos jogadas, chutes a gol, cobrança de faltas, escanteios, enfim todos os fundamentos básicos com vistas ao estrelado a que tinha direito um futuro artista dos grandes palcos esportivos do mundo...
Por isso era considerado um time razoável... Bem, pelo menos era o que dizia o Nelson Bernardes, nosso sofisticado treinador. Será que era mesmo, Xará?
Às vezes eu tenho minhas dúvidas. Mesmo porque, da linha atacante, o camisa 7, Lulú Aledi encerrou sua carreira naquele mesmo ano, tendo marcado 1 gol durante todo o campeonato e hoje é exímio damista na Praça da Bandeira, no Rio de Janeiro... Mas dose mesmo era o camisa 8. O Sarará... Treinado pacientemente para ser o homem gol da equipe, conseguiu a incrível façanha de não marcar nenhum durante todo o certame. E olha que nosso time marcou 21...
Mas em contrapartida a gente tinha o Rui Guedes no arco que já era, na época, um razoável instrumentista, ágil na viola e nas serestas.. Na zaga central tinha o Jorge Penha, que jogava muito bem basket-ball, na lateral esquerda o Edson Pireli, madeira de dar em doido e que batia mais que policia com pagamento atrasado, e, de quebra o Pedro Amarelão, do qual nem é bom falar, mesmo porque meu espaço é pequeno... E assim se constituía todo o restante da esquadra auri-anil, à exceção de Nilson, excelente extrema canhoto que jogou todo o campeonato com os tornozelos estourados, de Jardel Teixeira, elegante centro médio de toque vistoso e clássico, que seria hoje o conhecido cabeça de área, além de Ivan Arthur, que comandava a meia cancha ( meia cancha é ótimo! ) juntamente com Paulo Caetano, o famoso Paulo Ceguinho, em lançamentos milimétricos que, geralmente eram esperdiçados pelo famigerado ataque.
Só que esse grupo foi campeão. E campeão invicto ! Graças ao brilho de seus atletas? Penso que não... Mas graças aos brios desses atletas que, sob o comando e liderança do Nelson Bernardes, souberam se impor através do empenho e da dedicação, fazendo com que o grupo passasse a ser, não só de briosos, mas de brilhantes atletas...
E quantas vezes eu fiquei a pensar como o Xará conseguira tal proeza. Porque em honra à verdade, com aquele material humano foi realmente uma proeza... Eu sempre rezava muito. Tinha vontade imensa de ser campeão, pelo menos uma vez na vida, amante que era do emocionante mundo do futebol daquela época. Cheguei até a pensar que minhas preces tinha sido ouvidas e que durante as partidas se encarnavam em nós os espíritos dos grandes astros do passado distante.
Mas hoje eu vejo que não foi bem isso, porque lendo aqui um jornal de minha terra constato que a historia se repetiu. O Nelson Bernardes foi de novo campeão. Só que comandando um time brilhante, dizem aqui...
Mas que importa se hoje o time é melhor? Importa que meu amigo e treinador Nelson Bernardes mostrou seu valor. Assim como naquela época soube ser campeão assessorando um grupo de cabeças de bagre, soube igualmente ser campeão hoje, assessorando um grupo de cobras. Portanto meu tributo ao amigo Nelson Bernardes, o "Xará ".
Ah! Mas já ia me esquecendo de um detalhe super importante, decisivo, e que já estava passando desapercebido...
É que se hoje foi campeão comandando grandes jogadores, é verdade que ontem tinha uma terrível arma secreta... O CAMISA 9...

Nelson de Medeiros Teixeira



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