Sempre emerge na memória, ao pensar num domingo, minha mãe dizendo que "não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça". Para um país tropical, o sábado ensolarado é sempre uma possibilidade, mesmo em algum lugar no qual não estejamos. O domingo será sempre o dia da missa para o bom cristão, esteja ele onde estiver.
Para os cristãos, o Grande Arquiteto do Universo, Deus, construiu o mundo em sua perfeição em seis dias, descansando no sétimo. Tomando o início da semana na segunda-feira, o domingo é guardado à missa e ao descanso. Na minha infància interiorana o domingo era o dia do lazer, do clube, do ribeirão, da pipa e da pescaria, sempre precedido da missa matinal acompanhado de meus irmãos e irmãs. Assim deveria ser, sem exceções.
Crescemos e nos tornamos egocêntricos e preguiçosos. Perdemos o desprendimento e a liberdade que uma criança possui quando consigo não carrega o passado nem se previne do futuro, vivendo somente o presente. Mesmo sob a rédea de seus responsáveis que a seguem procurando indicar-lhe o caminho. Uma criança está sempre no estribo do bonde, curtindo uma carona divertida na vida. É sempre domingo na vida de uma criancinha.
Nesta manhã de domingo concluo que o domingo foi feito para a família. É o dia da família. Um único dia na semana que podemos dedicar inteiramente ao bom convívio daqueles que nos olham e nos enxergam. Somos apenas mais um na multidão da metrópole que nos olha com olhos de cego. Olhares sem brilho e sem sentido que cruzam com o meu, sem integração e sem destino. Mas o destino da família é comum. É tão somente dividir o bem aos seus e barrar o mal à entrada da morada.
Um passeio de mãos dadas com esposa e filhos, uma peça de teatro infantil, um almoço em família, a praia, a sombra, o sossego, o sorriso, o relógio guardado, a bermuda, o sorvete, dentre outras coisas são sinónimos do domingo e do convívio que dispomos neste dia. Quando minha esposa questiona o que iremos fazer hoje, domingo, sempre respondo qualquer coisa ou o que quiser. Mas em pensamento concluo que desde que estejamos juntos.
Penso que o domingo deveria ter mais de 24 horas, mas aproveitamos menos das 24 horas que temos. Mesmo que tivéssemos mais horas, uma parte seria dedicada à preparação da segunda-feira. Por que não um sábado após cada domingo?