Nunca consegui dimensionar o sofrimento do homem Jesus Cristo.
Pessoas de minha geração leram e lêem a bíblia.
Muitos, praticam os ensinamentos.
Acho que me faltava a fé. A fé no imponderável. A fé no onisciente.
A fé que do amor faz bastar as dúvidas e tornar a paixão incomensurável.
Como é que, eu, pés de barro, poderia entender esse amor, essa entrega, esse sacrifício, essa doação?
Num louco momento, ouso, ( todo poeta ousa sonhar e imaginar coisas impossíveis e vãs ), pois é, ouso comparar nossas vidas com a vida de Jesus.
Ouso confrontar nossos sofrimentos com os Seus. A nossa morte diária com a Sua.
Coloco-me frente a vida, olho-me no espelho de minha consciência, avalio minhas cicatrizes, as cicatrizes que a vida nos deixa...
Por que Ele morreu por mim?
Eu seria capaz de morrer por alguém?
Como entender esse amor?
Como aceitar essa doação?
Tantas coisas questionamos nas coisas que vemos no dia a dia...
Lá na rua jaz, em poças de sangue, uma criança de seus quinze anos... Seu corpo franzino, humilde, tatuado, encontra-se abandonado.. ao léu, carente de uma atenção que não lhe foi dado!
A violência esta em todos os nossos momentos e atos, sintomático resultado da desagregação social, do desajuste familiar, da exclusão, pela falta de ocupação...
É Jesus que tem sua paixão diária em todos os lugares do mundo?
É Jesus quem morre todo momento na situação endêmica em que vivemos ?
É Jesus quem morre com o fracasso do ser humano... com o fracasso do amor?!
Ou somos nós a morrermos na solidão do dia a dia e na falta da compaixão por nós?
Ou nem sabemos amar?
Só pode entender o amor da Paixão quem saiba amar, quem olhar o semelhante como a si mesmo.
Há tanto a aprender.
Há tanto a perdoar.
Há tanto a amar e a viver o sonho da vida.